QUE SAUDADE...
Sérgio Diniz
Barros Guedes
O meu silêncio
estava depositado
na viva
lembrança...
os meus olhos vidrados
na chama do fogão
a lenha,
lembrando...
o meu nariz cheirava
o aroma da panela
não vazia, e eu
sentia...
a saudade do seu jeito,
a saudade da sua alegria
e da
harmonia que reinava
naquela sala, onde parava,
quem queria beliscar
as
delícias do forno caseiro.
Onde estão as mãos de fada,
que transformava
tudo que tocava.
Que saudade da minha matriarca...
meu pensamento escapou
do baú,
onde estava tudo que guardava.
Que saudade... que saudade...
a
chama apagou.
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não
consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus
fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns
necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a
vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a
eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por
si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos
entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso
lhes indaga que horas são...
Mario Quintana
Quero ser silêncio.
Marco
Cardoso
Eu gosto quando você cala
e me olha de um jeito
e
a minha voz não lhe toca
e a minha alma por ti roga
parece que tudo
envolta enuveceu
nesta fração de segundo
fugimos juntos
sua boca
pede
eu busco corresponder
linguagem corporal
e a minha voz te
alcança
permaneço enebriado pelo sabor
eu gosto quando você cala
tento
adivinhar o que irá dizer
sem saber ao certo o que fazer
sonho com o
momento no qual
o próximo silêncio vai ocorrer
pois meu maior desejo
é que meus lábios
sejam o porque.
DAS UTOPIAS
Se as coisas são
inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os
caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana
EU GOSTO DA LUA
Lilipoeta
Eu gosto de
música e da tarde nua
do inverno rigoroso e da promessa
de ter um novo
bis, outra saída
e ficar na janela olhando a lua.
Gosto de pisar na grama
molhada
e do pé de Manacá da minha rua.
Eu gosto de jogar conversa
fora
com chocolate quente, blues e festa.
Gosto de homem
educado,
alegre, sorridente e perfumado
que manda flores e depois
convida
para fazer poesia em nossa madrugada.
Eu gosto de sonetos e
haicais
de beijo melado e de carinho
do som do violão do meu vizinho
e
do barulho alucinante dos pardais.
Gosto de ler na minha cama,
esparramada:
Pessoa, romances e emoção
Nos meus dias de chuva,
solidão.
Também gosto de uva e gentilezas,
do mar, de ostras e de
queijo
de amasso, mordida no queixo
de gente honesta, amor e
sutilezas.
Eu gosto do perfume da manhã
e depois do poema, um
cafezinho
gosto de ser acordada prá mais um carinho
e de comer strudel
quente de maçã...
Gosto de pisar fundo e de leitura fácil
da chuva a cair
devagarinho
Gosto de viajar de avião
Ah! eu gosto (de novo ?) de beijo e
de paixão.
Gosto de Porto Alegre, bah! tri demais
também gosto de
viajar por Minas Gerais.
Gosto de estar entre amigos
de dormir feito
"conchinha"
Gosto dos carinhos da Aninha.
e da palavra correta
que meu
filho pronuncia ...
Gosto de crer que sou mesmo capaz
Ah... eu gosto mesmo
é de paz
e de ficar na minha janela
olhando prá lua...
Isso sim,
é demais!
POEMINHO DO CONTRA
Todos estes
que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu
passarinho!
Mario Quintana
O ANJO E A FERA
Tahyane Rangel
Em mim
habita uma fera
que espreita
que aguarda...
Matreira, observa
um
anjo que vive
neste mesmo coração
que sonha, que ama
que ri, que
chora
Quando o anjo adormece
a fera desperta
caminha, ruge,
salta,
abocanha,
abate...
Desperta no cio,
é movida a paixão
passional,
sensual,
felina combate
abate
saciada, em
languidez
adormece
O anjo desperta
vê a fera adormecida,
sorri,
entende, perdoa,
Sabe que a fera é criança...
Com amor a amansa
Sabe
que ela o ama
pois habitam um mesmo coração!
O
SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da
leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de
terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O
verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
Mario Quintana
Por favor...
Cássia
Vicente
Fala passarinho
canta pra vida
o que um dia
foi vida
e da dor se fez morte!
Canta passarinho
expõe no
si-be-mol
o que aconteceu
quando a cama se desfez!
Pia...pia
passarinho
coloca nas notas a tristeza
mostra por que na luz
o amor se
fez!
Por favor passarinho
não deixe escapar um
pio
canta...canta...encanta
minha dor que um dia
sem resposta a luz se
foi
só restando a dor de amor!
Canta passarinho...encanta minha
dor...
EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
Eu
escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa
tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos
dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou
infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E
das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana
SONHO IMPOSSíVEL
CERES MARYLISE
Através dos
sentimentos represados
Vemos tão claro que quase é impossível
Crer que
tudo não passa de um sonho
Onde acontece sempre o imprevisível...
Na
verdade, sonhamos acordados
Porque eles nos levam a um lugar
Que não é
nosso e nada conhecemos...
Mas os olhos fechados nos transportam
À
fantasia infinita e imaginada,
Refúgio do que somos nesta vida
E ali
ficamos sem que alguém nos siga...
Não há palavras, somente o pensamento
Que nos conduz sem se importar com o tempo
Porque não há idade para os
sonhos...
Não são dias, não são meses, não são anos
Que decidem nossa
vida, nossos planos.
E com os olhos fechados persistimos
Em reter a
emoção por mais instantes
Na fumaça de um cigarro que fumamos
E com ela
a arquitetura de um sonho
CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um
homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um
vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas
tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo
leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem
compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de
um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Mario
Quintana
EU E O
ESPELHO
Anna Peralva
Diante do espelho se reflete
o enigma
fincado
na face oculta.
Nos olhos marejados
segredos
obscuros,
envoltos em sonhos não compensados
e retraídos no coração
confuso.
Olhos que pouco revelam
e só deixam transparecer
o que outros
olhos não podem ver...
No anonimato obtuso
do sentir magoado,
o
reflexo enodoado
do que agora sou,
ressentido oposto
do que quis
um dia ser.
Neste intrincado intervalo,
momentos
fragmentados,
sentimentos estilhaçados.
Perdidos pedaços da
vida...
Ilógica emoção que destruiu a razão
e se embrenhou numa emoção
embriagada de sedução.
Ao apagar das luzes,
raios negros da
escuridão
na angustiante solidão.
Revezes da vida, destino, sina?
Sei
não...
Agora que a fantasia acabou,
tudo o que restou
é a imagem
espelhada,
imutável e calada
e sua alma
algemada.
RECORDO AINDA
Recordo
ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que
me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha
porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite
morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de
criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso
eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus
brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu,
um dia, de repente!...
Mario Quintana
SOU POESIA!
Theca Angel
Transformei-me em areia...
Escorri por entre os teus
dedos,
no imenso manto a cobrir o
deserto.
Fiz-me miragem!
Sou o brilho...
Enfrentei a Lua que seus raios lançava,
prateei o oasis, tocando a estátua
nua...
Fiz-me imagem!
Sou a centelha...
Fulgurei no claro da aurora.
Banhei-me na nascente, deitei a repousar
meu corpo
Adormeci entre vagalumes!
Sou alma somente...
Agora os sulcos não mais
existem
porque o amor brotou e
resiste
dentro do pranto...
Sou encanto!
Fiz-me pequena e entre as
pedras,
escondí meus sonhos.
O vento não os encontrando,foi-se
tristonho...
Sou livre!
Na manhã já alta, desfiz-me dos
lenços,
contornei os medos,
dancei sensual, ouvindo teus
lamentos...
Sou poesia!
BILHETE
Se tu me amas,
ama-me
baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os
passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me
queres,
enfim,
.....tem de ser bem
devagarinho,
.....amada,
.....que a vida é breve,
.....e o
amor
.....mais breve ainda.
Mario Quintana
Nesse
Instante
MônicaNeves
Ouso um olhar pra dentro de mim.
Esboço meus segredos,
banho-me de
sonhos
sem medo da saudade...
Escuto nossas vozes de amantes,
poemas
infinitos de nós dois.
Solidão me beija agora,
levemente dócil,
serena...
Nesse instante congelo o tempo,
E nessa inércia busco você,
e
baixinho lhe chamo de meu amor...
OS POEMAS
Os poemas são pássaros
que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas
o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem
porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas,
então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o
alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana
Nas nuvens
Myriam
Peres
Nas nuvens, nas estrelas, no infinito
Nas
passadas sincronizadas ritmadas
Viver minha vida sendo amada
Voltear,
dando margens ao dançar
Estou bailarina aflita a só bailar...
Neste
ritmo do imenso sonhar
Quero me embriagar na liberdade
Imensa de te
cativar e poder te amar
Nas nuvens das melodias do amor
Em êxtase poder
compor e gozar
Das delícias que só tu podes me dar...
Oh! Amor,
deixa-me estar e suportar
Tanta ternura dentro de mim ao te
buscar
Deixa-me sobreviver por não poder sufocar
E me extasear em soares
do meu calar
Dizer em beijos, tantos beijos do amansar
Essa volúpia doida
que sinto ao te gostar...
Valsar, balançar, em rítmos ardentes
Em
lascívas danças e provocações
Por mim estaria abraçada em seus
abraços
Sentindo na espinha um calafrio, um tremor
E um calor no meu
peito abrazador
Por te sentir tão perto de mim, meu amor...
Em dó, ré
mis largados, entrelaçados
Soltos no ar ecoando desengonçados
Numa dança
misturada, ritmada
Os feitiços de amor soltos, jogados
Em dançares
alucinantes de só sedução
Vamos na volúpia dos ritmos ardentes
Sonhar sem
corar nossa emoção...
Quero sumir do mundo na magia do amar
Virando
sol e a lua em seus luares
Entrelaçando mares, ares, pássaros,
cantares
Numa só composição na riqueza desta canção
Sem resfolegar, nem
descansar do tempêro
Do baile, no ballet dos volteios do coração...
Nem me acordem, por caridade
Não me façam tamanha maldade
Pois
estou é nas nuvens vivendo
Sentir o meu mundo tremendo
E eu em seus braços
me estremecendo
Ao som sem rubor, no calor me
envolvendo...
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê,
já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê,
passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me
dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia
sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada
e inútil das horas.
Mario Quintana
O
Galope.
(Sávio
Assad)
Me encontro a
galopar por esses caminhos,
Não sei exatamente
o que vou encontrar,
Mas continua a
procurar, sem parar.
Meus braços já
dormentes a segurar as rédeas.
Meu cabelo em
desalinho, batem em meu rosto
E o suor corre pelo
meu corpo.
O caminho agora
escuro e tenebroso
Extravasa meus
sentimentos de medo,
Nesta trilha que
não tem fim.
Solitário cavaleiro
em busca do infinito,
Talvez, em busca de
mim mesmo,
Deste que se perdeu
no tempo e nesta vida.
Vou me encontrar,
tenho certeza.
Vou te encontrar,
também tenho certeza.
E assim poder para
o meu galope, solitário.
O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario
Quintana
VIDA CIGANA
Diógenes
Davanzo
Livre como o vento
Sigo a vida amando como
nunca
Sempre durmo ao relento
Sem nenhuma regra
Vivo conforme o
tempo
Sem se importar com o amanhã
Hoje é sempre é o meu dia
Sou feliz
assim
Adoro essa vida vadia
E esta é a minha natureza
Uns acham que é
pura covardia
Não concordo
É uma questão de filosofia
Pode ser até
rebeldia
Vida cigana, vida sadia
Coração cigano, coração insano
Sou
cigano sem moradia
Moro em seu coração
Porque sempre muito amor
irradia
Questão de estilo de vida
Pois vivo somente por um dia
E esta é
a minha única tentação
Eu até que não diria
Para mim é pura
emoção
Penso somente neste alegre dia
Porque vivo com o coração
O
amanhã é outro dia
Vida nova em explosão
Vida cigana, vida insana
Vida
livre, livre vida
Vida libertina, vida de amor
Amor à vida...
Vida ao
amor...
SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo!
Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu
quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
Mario Quintana
Más que
una simple poesía
Noris Roberts
Más que una simple poesía
Se orea por mi piel…
Una
sucesión intensa de mis fantasías.
El cáliz de la flor al despuntar el
día.
Un sueño deseable.
Una dulce sinfonía.
La oración que
invoca tu cuerpo
pues sin ti me moriría.
¡Oh!
Cuanto te
deseo…
Me empapo en el éter de tu piel.
En el néctar
salvaje
de ese hermoso valle.
En la tentativa de un vertiginoso
viaje.
En los temblores del corazón…
que tan solo cerrar mis
ojos
despierta mi pasión.
No deliro…
es que aún
despierta
sueño contigo.
Um bom poema é aquele que
nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana
Intimidade perdida
(IsarMariaSilveira)
Há uma espécie de luz
rasgando espaços vazios,
entre os vãos que deixamos,
É o desejo que ficou, espiando
Pelas frestas abertas
da desilusão
PEQUENO ESCLARECIMENTO
Os
poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a
ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um
silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um
silêncio... Este impoluível silêncio rm que escrevo e em que tu me lês.
Mario Quintana
FEITIÇO
Silvane
Saboia
Não há maior feitiço
do que a
impossibilidade
do
toque.
Não há
maior sedução
que o
sonho
impossível.
Homens se
matam por
um olhar
desviado.
Viram
meninos mal-amados
abandonados
inchados
de dor.
Mas o
poeta sobrevive diferente
faz do
sofrer inclemente
versos em letras de amor!
I
Escrevo diante da janela
aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas
filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista
doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de
nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz
dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que
pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E
me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão
pintando!
Mario Quintana
Serão os Deuses
Poetas?
Elane Tomich
Decerto escreveram o verbo
"viver" em tintas de
serra
do poente, do presente
onde se vive latente
passado que pisa a terra
espera de eterno
futuro.
Decerto, os deuses poetas
nas curvas, estradas retas
inventeram o nascimento
no perde-ganha da vida.
...
Que é no casulo, guarida
das asas de anjos
rebentos
flor e-feito borboleta
em reivenção de metas
no descolorir da lida.
OBSESSÃO DO MAR OCEANO
Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que
vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei
se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre
as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios
calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos
pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me
lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na
neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse
amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa
figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem
inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei,
eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar
Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
Mario Quintana
Dos deuses vêm as poesias
Os versos
que lhes vão nas entranhas
jorram em
luzes das pontas dos dedos!
Seres que os habitam descem à terra,
em
ritmados versos, prenhes de beleza.
Água,
fogo, ar e terra, elementos do belo!
Versos que vêm das Oceânidas, coroadas
de flores
e pérolas ou divididas em peixe
e mulher
são sopros dos deuses-poetas!
Vênus,
Antígona, Jocasta ou Clitemnestra,
inspirações dos raios poéticos dos deuses
inundam
as mentes dos bardos em prosa e verso.
Vem do
Olimpo a poesia! Deuses são poetas!
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais
que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal
que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Mario Quintana
POETAS:
DEUSES DO AMOR
Fernanda Pietra
Poetas são deuses,
Loucos criadores
Desvairados.
Inspirados,
Podem ser tudo,
Usando o universo das letras
Lindo poder:
Criar um planeta de paz,
Vencer os limites da razão
E ser um deus,
Criando um mundo à sua imagem.
Recriar a humanidade
Acabar com a maldade,
Bombardear a cidade
com pétalas de amor.
Ser livre,
Fazer a justiça acontecer
Atravessar as fronteiras sem
medo
E ser cidadã do mundo.
Modificar a história
Sem derramar sangue
Afirmo,
Poetas são deuses
Edificando convicções
Traduzidas na palavra Amor.
DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O
homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá
muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Mario Quintana