RevisTTa

(MOMENTOS ETERNOS)

A MÚSICA !

Edição TTNeves - Arte Rivkah

Editorial
Não falaremos sobre a História da Música, origens
nem no passado eterno, divino dos músicos de todas as épocas.
Deixaremos ao leitor a observação dos Poetas que abraçaram
como verdadeiros maestros as suas melodias internas
através da poesia da vida vivida ,sonhada...
 
A infinitude da música mantém viva a chama do amor
a essência das fragrâncias de cada um, cada alma .
 
Não há dúvida que o mundo está sendo musealizado
para que nada seja esquecido e que todos nós
representamos papéis neste processo ao escrevermos
memórias e sonhos guardados , expondo , delatando,
abrindo os olhos do mundo ao mundo.
 
Para o verdadeiro resgate precisamos juntar
mil pedaços,mídia, jornais, revistas, músicas
até cantigas de roda ...nada consegue conter,caber todo o universo.
 
A cultura da memória preenche uma função importante
nas transformações atuais da experiência temporal
no rastro do impacto da nova mídia
na percepção e na sensibilidade humana.
 
O Poeta pode fingir , ser palhaço e até o bobo da corte
mas nada a ele escapa ou deixa de escrever
com visões próprias ,as vezes, interpretações outras...
 
O passado dos passos dados na música de cada um
aqui ficará guardado nesta memória  virtual
quem sabe para o sempre.
 
Para complementar esta RevisTTa
alguns grandes pensadores que entendem
profundamente sobre este tema abordado.
 
A eles e a vocês que participaram desta união,
deste coro de tantas vozes-mãos-poesias
nosso agradecimento.
 
08 de Julho de 2006
Maria Thereza Neves
 
O mundo é uma suntuosa sinfonia
de mil vozes diversas.
As verdades terrestres,
consonantes com as verdades dos céus
soam em acordes cerrados e vibrantes
sobre as cordas dos milagres destruídos.
Aleksandr Nikolaïevitch Scriabine (n. Moscovo 1872; m. Moscovo 1915)
 
POETAS:
Jorge Humberto/Nancy Cobo/rivkahcohen/Marcial Salaverry/Gena Maria/Gislaine Canales/josemir tadeu/Marcio Ramalho Santos/Marici Bross/Gloria Guedes/lu.ferretti/Alberto Peyryano/Ligia Tomarchio/Sulla/Maria Petronilho/Pedro Valdoy/Pilar Casagrande/Arneyde T. Marcheschi/SussuLuz/Eme Paiva/Lêda Mello/OLYMPIA SALETE RODRIGUES (Em homenagem)/Gustavo Dourado/Luiz Poeta/Sueli do Espírito Santo/BADU/Tonho França/Tereza Mattos/Edmmur Filho/Preto Moreno/Zelisa Camargo/Giovania Rocha/Paulo Nunes Junior/Otávio Coral/
Maria Thereza Neves
 
MÚSICA
Jorge Humberto
 

Música...
Dêem-me a música...
Da erva que em silêncio medra
Da flor colhendo primeira luz
Do subtil espasmo
Da pétala abrindo-se
Do rio que passa e roça na pedra
Do grito na coloração
Num fruto que seduz
Das amendoeiras
De brancos e rosa se cobrindo.

Música...
Dêem-me a música...
Dos campos atapetados de verdor
Das árvores grávidas
De pomos robustos
Do riso nos olhos de uma criança
Das andorinhas
Enchendo ninhos de amor
Da dança das abelhas nos arbustos
E do primeiro beijo
Que se guardou como lembrança.
 
Música...
Dêem-me a música...
Da maçã mordida
Com respeito e vontade
Da jovem mãe embalando o filho
Da novidade
Em asas deixando o lar
Dos homens construindo
Futuros e amizade
Das mãos que plantaram
Colhendo milho
E do velhinho passante
Na Primavera a se recordar.

Música...
Dêem-me a música...
De todas as coisas
Em toda a sua verdade
Da música que tem a palavra
Quando não pede favor
Nem força no discorrer
Da Natureza que não requer vaidade
Do cheiro a terra
Após a lavra
E de tudo quanto difere
E é igual no morrer.

Ah, música...
Dêem-me a música...
 

 
O texto deve ser o senhor e não o servo da música.
Caudio Monteverdi (n. Cremona 1567; m. Veneza 1643)
 
A Música e o Amor
Nancy Cobo
 
 
A música  está sempre presente
No canto de um pássaro.
No nascer  do Sol
Na chuva que cai
Na saudade que aperta o coração
 
A música fala quando as palavras não são ditas
Nos leva a sonhar de olhos abertos
Trás no pensamento emoções vividas, 
sentimentos esquecidos e saudades doridas
 
É ao som  da música que olhares são trocados.
Afagos,  carinhos  e beijos,
dão início ao momento mágico da entrega
Os corpos se unem, num valsar de amor  e de desejos.
E com a  mesma musica,  os olhares  falam, o que ainda não foi dito.
 

O tempo é um dos mais preciosos dons de Deus;
devemos um dia dar conta deles diante do seu trono.
Johann Sebstian Bach (n. Eisenach 1685; m. Leipsig 1750)
 

Notas em fuga

rivkahcohen
 
Perco-me em pensamentos,
fico longe do Mi
e faço força para chegar..
Questionamentos,
onde os vou buscar?!
Olhos na partitura..
Quantas vezes o Lá!
Sol, onde você está?
As exigências
chegam de par em par
e eu, nas minhas conjecturas,
não me vejo alcançar..
Afinal que tipo de música
tento escutar?
Paganini, Rakmaninof ou Bach?
Sei que sinto doendo..
Como me demorasse no aceno,
mas quisesse ficar!
É uma saudade que faz alarde,
grita ao mundo!
Ainda bem que ele é surdo
e não me ouve chorar..
Vou em busca do que eu quero,
mesmo que as notas em fuga,
nesse empurra, empurra,
não tragam o som que espero.
Vou marcar o compasso
e um dia, hei de escutar!
rivkahcohen

Gostaria de morrer numa sexta-feira santa, na esperança de me unir ao meu amado e misericordioso Senhor no dia da Ressurreição.
Georg Friedrich Haendel (n. Halle 1685; m. Londres 1759)
 
A MAIS LINDA CANÇÃO
Marcial Salaverry
 
A mais linda canção,
sai de nosso coração,
ao estarmos amando...
O amor nos dominando,
a ele nos entregando,
esta melodia dançando,
esta música suave
que nos embala a alma,
uma dança que excita e acalma...
Não temos necessidade
de tentar a felicidade,
porque de verdade,
já a temos dentro de nós...
Nossos corpos se entendem,
e a esta música se rendem...
Vamos então o amor viver,
enquanto música houver...
Essa é a vida
sem despedida...
A música de nossa vida...
 

Tudo suportei com firmeza e resignação, com a graça especial de Deus. Quando o estado da minha mãe se tornou muito grave, apenas pedi a Deus duas coisas; primeiro, para a minha mãe, uns bons momentos derradeiros e, para mim, força e coragem.
Wolfgang Amadeus Mozart (n. Salzburg 1756; m. Viena 1791)
 
A Musica me Transporta
Gena Maria
 
Ouço e viajo para lugares nunca antes visitados!
Sonho de olhos abertos ouvindo os acordes de uma musica!
Muitas musicas me transportam ao passado...
Para os bailinhos da juventude dos anos sessenta!
Que lindos eram os meninos em seus cabelos topetudos!
Cheios de gel que na época se chamava brilhantina.
Dançavam com paixão, tanto o Rock
Como o samba-canção!
Ray Coniff  brilhava nas noites...
Nat King Cole abrilhantava o romantismo...
Beattles dominavam, Neil Cedaka, Pat Boone,
Celi Campello também...
E tantos mais, que sei, todos se lembram...
Como era bom!
Hoje, ainda ouvindo sucessos atuais vibro de emoção!
Gosto de todos os estilos de musica!
Da romântica maravilhosa até as baladas dance!
MPB em geral, sertanejas com Bruno e Marrone...
Enfim não posso enumerar tudo que gosto...
Em matéria de musica, não teria espaço!
Mas, todas me transportam e me fazem recordar de algo...
Ou de alguém que amo ou amei!
Musica é tudo pra mim!

"Não consigo escrever poesia: não sou poeta.
Não consigo dispor as palavras com tal arte que
elas reflictam as sombras e a luz: não sou pintor...
Mas consigo fazer tudo isso com a música..."
"Para mim, o órgão é o rei dos instrumentos".
Wolfgang Amadeus Mozart (n. Salzburg 1756; m. Viena 1791)
 
 

Algo de mim ...

Gislaine Canales

 

Sim, algo bom de mim,

eu gostaria

de deixar, sempre,

por onde eu passar...

Um pouquinho dessa luz

que brilha em mim,

que fui buscar

humildemente

em cada estrela!

E desse calor amigo,

que ganhei do Sol

numa manhã bonita!

Quero dividir

a languidez que sinto,

ao passear pela praia

à luz do luar.

Quero perpetuar

na alma,

a música que escuto,

vinda do horizonte.

Quero plantar,

por este mundo afora,

essa semente

de paz e de alegria,

que estou sentindo

no meu peito, agora!


Bem-aventurado o que, tendo aprendido a triunfar sobre todas as paixões, emprega a sua energia na realização de tarefas que a vida impõe sem se procupar com o resultado.
Ludwig Von Beethoven (n. Bona, 1770; m. Viena 1827)
 
arquiteto da vida...   
                     josemit tadeu
 
 
Se me indagarem,
direi que sou consagrado.
Cantador arretado,
que morre por um sonho,
mas não se entrega,
sonso e risonho,
a qualquer sensação,
que minha alma nega.
 
Choram bandolins.
Violões argentam os meus passos.
Flautas sobem o tom
das notas,
e em minhas costas,
a viola.
E ao tocá-la,
quando encosto-a sobre meu peito,
meus olhos vertem tua imagem,
e os meus dedos,
construindo os acordes,
constróem em tua face,
um querer sem fim, notas em ninho, 
que inda pequenas,
transformam-se em carinhos.
 
Cantador,
verdadeiro arquiteto da vida.
A casa que nos abriga,
na realidade faz ecoar,
em ressonância pura,
toda a verdade de nosso Ser.
Converso com a alma,
e ela emocionada,
ao som do que sempre,
far-se-á nascituro,
conduz meus passos para o claro,
arrancando-me do degredo do escuro.
 
Assim caminho.
Enquanto canto,
passarinho.
Enquanto escuto,
pergaminho.
Enquanto amor,
a lição mais linda da paixão,
aquela que verga meu coração,
nos mis, dós e bemóis,
refletindo em meus olhos os sóis,
da formosa encantação.
 
E lá vou eu.
Como tantos.
 
Enviados por Deus,
para enriquecermos o encanto.
O meu canto é minha fala.
A minha cantiga,
é a minha declaração de eterno amor.
Seja onde fôr,
meu caminho delineado,
mesmo que esteja cheio de espinhos,
abrir-se-á em flores,
cujas pétalas,
feito o puro que se perfila,
protegerão a minha trilha.
 
Aquela que me faz menear,
por abeirares da felicidade,
e me liberta,
feito folha que voou,
se fez aberta.
Feito toda a magia,
que me faz te ver todos os dias,
em cada acorde,
que jamais morre e corre,
no suave dedilhar dos meus dedos.
 
 
josemir (ao longo...)

Atormentado por uma santa angústia, aspiro a viver num mundo mais belo e desejo povoar esta terra sombria de um poderosíssimo sonho de amor. Senhor Deus, oferece enfim ao teu filho, esta criança feliz, como sinal redentor um raio de luz.
Franz Schubert (n. Viena 1797; m. Viena 1828)
 
A Orquestra
Marcio Ramalho Santos

Quero viver por música.
Ao som de algo que toque meu coração
Uma melodia que transponha meus tímpanos e atinja minha alma.

Na minha música não haverá refrão.
Não quero que ela se repita.

Não me decidi ainda que instrumento vou tocar. Talvez eu fique nos bastidores, fazendo um trabalho imprescindível, mas pouco reconhecido. Perceptível apenas para os mais astutos.

Mas a minha donzela, na maioria das vezes, quero tocá-la delicadamente como se fosse um violino. Em outras vezes, como uma guitarra cheia da distorção, fazendo frente a sua selvageria.

Para meus filhos, quero ser o afinador de instrumentos, e deixar tudo pronto para que eles possam livres, dedilhar seus belos e harmoniosos acordes.

Meus amigos tocam contra-baixo. Meus irmãos, percussão. Ambos dão ritmo à minha vida.

Minha Avó e Minha Tia tocam piano. Quando atingir a maturidade, daqui a 1 milhão de anos, espero que elas tenham conseguido delinear meu caráter como estou certo que elas quiseram, e eu possa então tocar piano com elas.

Meus sobrinhos são o improviso, o solo do artista. A arte do espontâneo. A sabedoria da inocência. Seus sorrisos e brilho no olhar, o bem para qualquer mal.

Meu pai é um professor de música perfeccionista. É daqueles às vezes ranzinza, mas que lá na frente conseguimos entender seus ensinamentos.

Minha mãe, sonhadora como eu, tocava sanfona. Agora, acompanhada pelo piano de sua mãe, toca harpa como melodia para meus sonhos ninar.


Quero ser o protagonista de minha vida. Para o mal-olhado, que eu seja um mero coadjuvante.

No meu repertório, apenas músicas próprias.

Em algumas apresentações, desafinarei; cometerei erros. Só espero que estes sejam em menor quantidade que os acertos.

A música está chegando ao fim, o som está baixando. Na platéia, meus amigos, parentes, esposa, filhos; enfim, todos que amo. Amanhã é a minha vez de estar na platéia, e acompanhar todos vocês no palco. Ao fim do “espetáculo”, alguns que não estiverem na platéia, possivelmente irão sorrir. Mas, com o fechar das cortinas, o público presente irá se emocionar. Até chorar. Peço-lhes que não. Afinal, minha vida foi orquestrada pelo maestro Deus.

Nada pode impedir-me de apreciar e
 desenvolver tudo o que os grandes mestres
deixaram atrás de si, porque não faria sentido para cada um recomeçar do princípio; mas é preciso que seja um desenvolvimento ao melhor nível das minhas capacidades
e não uma repetição inútil do que já foi.
Felix Mendelssohn-Bartholdy (n. Hamburgo 1809; m. Leipzig 1947)
 

AS 4 ESTAÇÕES

(Marici Bross)

 

Ao som das 4 estações de Vivaldi

Embalo meus sonhos.

Num flutuar e chegar a você.

Com a suavidade das notas musicais 

 Vou encaixando...

Completando nosso quadro escultural

 Onde em perfeita harmonia.

De formas e tons nos encaixamos

 Formando uma esplendida obra de arte.

Nossos corpos se atraem e completam,

 Neste ficar e gostar ao unirmos

 Nossos corpos, alma e amor.

Flutuamos, navegamos.

Em ondas de amor,

Em ondas de querer

E assim, a cada estação.

Nosso amor floresce ou renasce

Eu e você na estação do amor.

SP - 29-02-04 - 9,25h

Ela traz-me sempre a Bíblia, fala-me da alma e marca-me os salmos a ler. É religiosa e boa, mas excessivamente preocupada com a minha alma. Passa o tempo a dizer-me que o outro mundo é melhor do que este, e tudo isso eu sei de cor. Respondo-lhe com citações da Sagrada Escritura e declaro-lhe que tudo isso me é conhecido.
Fryderyk Chopin (n. Zelazowa Wola 1810; m. Paris 1849)
 

Canção da Esperança
Gloria Guedes

Esperança...
Da mão que afaga o triste
Do pão que mitiga a fome
Do forte que ajuda o fraco
Da bela generosidade.

Esperança...
A vontade que é tamanha
De que a vida só floresça
 De que a dor nunca exista
E a alegria se estabeleça.

Esperança...
Da amizade verdadeira
Da união plena e sincera
Todos dando-se as mãos
Vendo o amor enfim triunfar.

Esperança...
Dos povos cantando em uníssono
A paz, o respeito e a fraternidade
A canção que se espera ouvir
Para que haja um mundo melhor.

 

As artes são o mais seguro meio de se esconder do mundo
e são também o meio mais seguro de se unir a ele.
Franz Liszt (n. Raiding 1811; m. Bayreuth 1886)
 
Entre cores
lu.ferretti
 
Eterno vagar  entre luzes e sombras
Emaranhado de cores  difusas , sombrias
Acompanham agora uma vã sinfonia
 Em busca de danças antigas
 
Bailam à procura  de  tons mais fortes
Que alcancem uma fé intensa e vibrante
Impeçam  a fuga do brilho, da luz
Mesmo que sejam em passos errantes
 
Não há perfeição nestas  matizes unidas
Cores que brigam entre si, tão chocantes
Não se casam  e nem  se misturam
Porém  o que vale é que são cores ainda
 

A música é para as outras artes, no seu conjunto,
o que a religião é para a igreja.
Richard Wagner (n. Leipzig 1813; m. Veneza 1883)
 
NESTA MÚSICA... OS DOIS!
© Alberto Peyrano
Versão em português: © Marilena Trujillo
 
Na hora dos duendes
Tu e eu nos encontramos
tresnoitados de quimeras
e de sonhos muito longínquos.
Ao ver minha mão em tua mão
tua voz treme em espasmos
meu piano provoca teus nervos
e iluminamos este tango.
 
Um sonho em velha esquina,
nos revela no olhar
e vai se aproximando o mistério
de outra página cantada.
Vem surgindo a madrugada
prometendo nova vida
minha partitura e teu canto
se entregam com alegria.
 
Tango
que nos estremece o alma
fundindo-nos com sua magia
de nostalgia... de esperanças!
Tango
que compartilhamos sonhando,
enquanto lá fora a noite,
entamente... vai nos inspirando!
Tanto de mim!...
Tanto de ti!...
E nesta música...os dois!
 

Melodia e harmonia devem ser apenas meios nas mãos do artista para criar música - e, se chegasse finalmente o dia em que se deixasse de opor a harmonia à melodia, a escola alemã à escola italiana, o passado ao presente da música, então seria possível dizer-se que tinha começado o reinado verdadeiro da arte.
Giuseppe Verdi (Le Roncole 1813; m. Milão 1901)
 
SOM DIVINO
Ligi@Tomarchio®
 
Alameda passa...
 
Meus olhos sombreados
deliciam-se com o verde
e raios chamam
minh'alma encantada.
 
Violinos traduzem
em notas musicais as cores do céu...
 
Na terra, o pulsar...
 
Corações apaixonados
entoados pela música divina
afinando os laços
que nos unem à vida.
 

No fundo, nasci para o claustro, mas o género de convento
que seria necessário para mim não existe.
Johannes Brahms (n. Hamburgo 1833; m. Viena 1897)
 
Melodia do Amor...
by Sulla
 
É na musica que você me invade
Ouço no silencio da minha alma
Melodia que nascem da saudade,
palavras que nascem, saltam
 
A musica é bela
Na melodia só consigo ouvir você
Notas perfeitas aquecem a minha alma
É perfeito, liberta me faz te sentir
 
Meu coração palpita...
Sente o seu olhar...
Sente o seu toque...
bate, bate coração...
 
Hoje sorri...
Porque vivo nesse mundo feito por você
Sua boca doce no momento que beijei
Seu rosto lindo e suave que eu adoro
É terno e gostoso olhar onde me perdi
 
 Canto essa melodia
E soltando essas notas em seu redor
E canto com alegria
E faço para você essa melodia de amor...
 

Como um homem que ama apaixonadamente a vida (apesar de todas as suas calamidades) e que odeia a morte com a mesma paixão, estremeço sempre que morre uma criatura que eu conhecia e amava. A morte nunca aparece tão abominavelmente insuportável e absusrda como quuando é uma criança que morre, amada, encantadora, saudável.
Piotr Tchaikovsky (n. Votkinsk 1840; m. Sampetersburgo 1893)
 
PASTORAL
Maria Petronilho


HARPEJA O VENTO DAS FOLHAS

MIL E UMA SINFONIAS

A CHUVA TOMBA SOBRE ELAS

EM SUAVES MELODIAS

O RIBEIRO CANTAROLA

ROLA SEIXOS E HARMONIAS

MINHA ALMA DANÇA EMBALADA

NUMA DOÇURA INAUDITA

DA EMOÇÃO UM POEMA

NA MINH ALMA SE AGITA

CANTO O ENLEVO QUE ESCUTO

DA NATUREZA BENDITA!


A minha ideia é que há música no ar, há música à nossa volta, o mundo está cheio de música e cada um tira para si simplesmente aquela de que precisa.
Edward Elgar (n. 1857; m. 1934)
 
Na paisagem da música
Pedro Valdoy
 
 
A Música
desliza nos meus dedos
ao som de um piano
como se do paraiso viesse
Com a alegria de um Mozart
com a sensibilidade de um Beethoven
ou com o canto de um Bach
São melodias
que entram no ar
de quem adora música
ou como eu
que me sinto no firmamento
com toda a minha felicidade
que paira na atmosfera
e esqueço as misérias
de um mundo atribulado
até as minhas emoções
se reflectem
e pairam no ar.
 
Quando estou um dia sem estudar, dou logo por isso; dois dias sem trabalhar e os meus amigos apercebem-se do facto; três dias e é o público que nota.
 Arthur Rubinstein (n. Lodz 1887; m. Genebra 1982)
 
 

MÚSICA

Pilar Casagrande

 

 

Das artes devemos destacar soberanamente a música,

 Porque, enquanto as artes, em geral se esforçam,

Para copiar a bela admirável e encantadora natureza,

A música vai além, dá vôos mais largos e sublimes

 Entra num mundo novo e procura por modular

 A voz misteriosa que nele domina.

E quanto de bem a música não faz ao espírito!

Quanto de doçura não lhe derrama suavemente!

Quantas emoções de inefável prazer não provoca na alma!

E quanto enlevo de celestial amor não suscita no coração!

Num ambiente entristecido,

Ela difunde ondas frescas e sonoras de alegrias,

Desperta risos, animação e venturas,

 Transforma as mágoas que pungem saudades em alívios.

Os corações se aliviam e até os temperamentos irados

Recompõem-se e moderam-se serenamente.

Possui uma força educativa singular:

Impossível que caracteres violentos e irascíveis

Não se amaciem e se transformem

Aos doces e ternos acentos das melodias.

Até as feras se amansam às notas da harmonia

Que lhes soam deliciosas aos ouvidos e,

 Animais indomáveis se submetem, docemente,

Desarmados de sua ferocidade.

A música é a maior educadora

Dos sentimentos estéticos do homem!

É a que mais enleva o espírito e o coração para o alto,

A que mais faz vibrar as cordas da bondade e da ternura

E a que mais mantém em agradáveis emoções

 Os movimentos do coração humano.

Não desprezemos a música,

Tenhamos par com ela um culto de entusiasmo.

Saibamo-la compreender e apoiá-la porque,

Em retribuição ela dá doçura e elevação à alma,

Graus de progresso mais elevados ao espírito

E formação artística mais sublime aos sentimentos do coração.


Tudo está escrito numa partitura, excepto o essencial.
Gustav Mahler (n. Kalist 1860; m. Viena 1911)
 
Música e Recordação
Arneyde T. Marcheschi
 
 
Esta música me lembra você,
de quando dançávamos abraçadinhos
enamorados, nos olhando,
nos beijando sorrateiramente...
Trocávamos promessas de amor
que cumprimos em todos os
anos que tivemos a felicidade
de vivermos juntinhos!
Hoje, sozinha,  ouvindo esta melodia,
recordo com alegria do quanto fui
abençoada por seu amor,
por poder ficar em seus braços,
e fitar seus doces e meigos olhos...
Sorrir com você a emoção da
vida feliz que vivemos, meu amor!
Ouvindo esta canção,
meu olhar se turva pelas lágrimas
de saudade e nostalgia...
Ponho-me a cantar também,
te sentindo dentro de mim,
escutando o seu cantarolar
ao meu ouvido...
Sentindo suas mãos a me
cingir a cintura docemente,
enquanto nossos corações
pulsam apaixonadamente...
É como se o ontem fosse o hoje,
e o hoje somente o agora...
O agora eterniza aqueles momentos,
nossos momentos!
Momentos jamais olvidados,
pelo meu coração que um dia por você
se apaixonou perdidamente!...

Houve e há, apesar das desordens que a civilização traz, pequenos povos encantadores que aprendem música tão naturalmente como se aprende a respirar. O seu conservatório é o ritmo eterno do mar, o vento nas folhas e mil pequenos ruídos que escutaram com atenção, sem jamais terem lido despóticos tratados.
Claude Débussy (n. Saint Germain-en-Laye 1862; m. Paris 1918)
 
Asas da Música.
*SussuLuz*

Uma música  salta-se misteriosa
agora das pautas  negras da noite silenciosa
faz-me sonhar e dançar sob o luar,
a melodia é maravilhosa,
me encanta, me fascina e me enfeitiça,
me convoca ao mundo dos sonhos viajar.

A música me dá asas para alçar meu vôo de aventura,
Hoje nada irá me impedir de ser um anjo louco,
e flutuar sem medo, nos acordes da loucura,
adentrarei a escuridão da noite,
fugirei da existência de minha lucidez.

Deixarei a música tomar-me em suas mãos,
mostrar-me  o caminho do universo,
colocarei suas asas e voarei na escuridão,
me sentirei livre então,
e com as asas da imaginação
voarei para longe, para o infinito, para a imensidão,

Tomarei o caminho do vento, sem  ter direção,
não importa para onde eu vá,
desde que esteja ao som de uma linda canção,
e nos braços da imaginação.

A música é maravilhosa,
O som da melodia e a força das ondas sonoras
fazem ressuscitar minha chama de emoção,
que chega a me queimar
fazendo-me nesse mundo mágico penetrar,
dando-me o compasso e o ritmo certo,
para que eu possa ao alto voar.

Resolvemos, de acordo com a nossa consciência e confiando na misericórdia de Deus, edificar na metrópole desta nação franca que, durante tantos séculos, ostentou o título de Filha Dilecta da Igreja, um Templo digno do Salvador, director e redentor dos povos; faremos dele o refúgio onde a catolicidade e as Artes, que lhe estão indissociavelmente ligadas, crescerão e prosperarão resguardadas de toda a profanação e na completa expansão da sua pureza que os esforços do Maligno não conseguiriam manchar.
Erik Satie (n. Honfleur 1866; m. Paris 1925)
 
 
CANTANTE CORAÇÃO
Maria Mercedes Paiva
 
Quando sua voz
se encheu de verdade e brandura
e me chamou " Minha amada",
soaram suas palavras,
como a mais veemente poesia!...
Poesia de ternura aconchegada !...
 
Fiz silêncio...
Quis haurir desse poema
ressonante dentro da  alma
e meu lírico coração
tangeu sonata de amor maior,
em arranjo de harpa...
 
Fiz silêncio...
Fechei os olhos...
 
Enlevada,
minha alma sentiu dançar
emocionada, dentro dela a poesia,
até cansar...
 
E, porque meu coração
compôs acalantos em arranjos de avena,
adormeceram os versos
da ternura de seu poema...
Então, julguei sonhar...
 
Fiz silêncio...
Fechei os olhos...
Julguei sonhar...
 
Mas, quando seus lábios se uniram aos meus,
vi que não sonhava
e meu coração regeu
das sinfonias de amor, os vibratos,
em consonância com o seu!
 
Naquele instante, em virtuose,
lhe entreguei meu coração cantante!
 
Toma-o !
Rege com brandura
cada nota do canto de ternura,
porque ele está repleto de poesia e canção!
 
 
A música nasceu livre, o seu destino é libertar-se.
Ferruccio Benvenuto Busoni (n. Empoli 1866; m. Berlim 1924)
 
ETERNA MÚSICA!
Lêda Mello
 
Música é como perfume marcante,
Guarda impressões, alimenta o desejo,
Eternizando a lembrança do instante,
Perenizando o sabor de um beijo.
 
Declina a vida e os sons da mocidade
São juvenis, no coração humano,
Relembram sonhos, cantam liberdade,
Contam histórias do amor soberano.
 
Quando a saudade, invadindo o peito,
Lembra o vazio de um amor desfeito
Ou traz lembranças de amores distantes,
 
Tal como ponte, a doce melodia
Paira no ar, operando a magia
De aproximar os corações amantes.

A vocação? Agradeço a Deus ter-me dado este presente.
Sem ele, nada sou.
Sergei Rachmaninov (Semionovo 1873; m. Beverly Hills 1943)
 
 
A POESIA É SEMPRE MÚSICA...
(Homenagem e saudade 12/03/1938 a 21/05/2006)
OLYMPIA SALETE RODRIGUES

A poesia é sempre música
é magia...
É uma fábrica de sonhos
na realidade plantada...
E o que canta e fabrica
nem sempre é alegria
e encantamento...
muitas vezes é dor
pois que a vida e o amor
também comportam sofrimento.

A poesia é a alma do poeta
que escorre em versos,
ora cascateando em risos,
ora resultando em pranto
- os reversos.
É quando o poeta,
na sua verdade,
chorando ou risonho,
delineando o sonho,
retrata a realidade.

A música expulsa o ódio dos que vivem sem amor. Dá paz aos que não têm descanso e consola os que choram. Os que se perderam ecnontram novos caminhos, e os que tudo rejeitam reencontram confiança e esperança.
 Pablo Casals (n. Vendrell 1876; m. Rio Piedras, Porto Rico 1973)
 
Sonetom (Quase Soneto)
Gustavo Dourado

Quatorze versos: som diverso
Na lira, na taça e na tela...
Bela garça que cheia de graça:
Desfila leve pela passarela...

Saudades...Sonhos...Nostalgia...
Glória, amor, dor e desgraça
Sentimento: expressão do Ser:
Na lida, onde o destino se traça ...

Vida-Morte: Amor-Mãe-Natureza...
Travessia que se faz num instante
Num átimo, vê-se tudo o que passou...

Vê-se os medos que passaram de repente
Ouroboros... que ressurge onisciente...
No espíritom do sonho que brotou...

A faculdade de criar nunca nos é dada sozinha.
Ela anda sempre acompanhada do dom da observação.
Igor Stravinsky (n. Ornienbaum 1882; n. Nova Iorque 1971)
 
Através desta Música
Luiz Poeta
(SBACEM – RJ)
 
Eu vim te ver
Através desta música,
Através desta solidão,
Através desta lágrima...

Eu vim te ver,
Me perder nos carinhos teus,
Me prender nos abraços teus,
Dissolver minha ilusão,
Me guardar no teu coração.

Ah, se eu pudesse me libertar,
Se eu pudesse me encontrar
No abandono dos braços teus...

Ah, se eu pudesse me libertar,
Se eu pudesse me encontrar
No abandono dos braços teus.

A minha ideia pessoal, de que tenho plena conciência desde que sou compositor, é a fraternização de todos os povos, não obstante todas as guerras e querelas. Tento, conforme as capacidades mo permitem, servir esta ideia na minha música; é por isso que não me fecho a qualquer influência, venha ela de fonte eslovaca, romena, árabe ou outra qualquer.
Bela Bartok (n. Nagyszentmiklós 1881; m. Nova Iorque 1945)
 
NOTAS MUSICAIS
Sueli do Espírito Santo
 
 
Notas doces e melodiosas
ouvindo-as eu me distraio
com sensações maviosas
deste lugar eu logo saio
 
para uma linda viajem onírica
com uma parada na lembrança
enlevada minha alma descansa
no som dessa canção lírica
 
acordes batem em meu peito
encantado pela suave harmonia
na vóz, no canto, tom perfeito
na música, nos versos, a poesia

Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade,
sem esperar resposta.
Heitor Villa-Lobos (n. Rio de Janeiro 1887; Rio de Janeiro 1959)
 
 
CANÇÃO DE NINAR
BADU
 
Hoje vou cantar bem baixinho, uma canção de ninar.
 Se eu chorar, vou lembrar que sou só um menino crescido sussurrando em seu ouvido, falarei meu segredo fingindo que nada mais me traz medo.
Vou nessa busca viajar, na procura de meu espaço no céu ,em deslumbre de estrelas abrir obscuro véu.
Em poucos minutos de paz se cansar da eternidade, na carona de um cometa achar retorno, em anos-luz da felicidade.
E ao abrir esse portal ,na brevidade vou espiar o germinar da semente, campos de papoulas em sangria vital no entorpecer de todo mal.
No distorcer de uma mente alienada, cego e louco, no pranto uma virtude desenhada.
E os girassóis são brancos e, no entanto não perdem seu encanto.
Não se pode controlar a ampulheta do tempo, quando o cristal se quebra a areia tende a se espalhar.
Seres em pedaços, cacos  que ferem as mãos ,vento espalha pequenos grãos na longitude do coração.
Não pode haver um paraíso com muralhas barrando sentimento, em voz que clama , alguém lhe ama nesse momento.
Assim se escreveu no feito, a perfeição é entender que nada é perfeito!
Canto essa canção ou apenas sinto dor a dilatar ausência sem pulsação.
Por amar vou cantar, na presente letra da saudade uma afetiva canção de ninar.



Edison
 

O ritmo e a musicalidade de um poema, senão mesmo a vibração etérea da Ideia poética, irradiam da mesma Esfera que a poesia dos sons, a harmónica substância, o Verbo musical.
Cláudio Carneyro (n. Porto 1895; m. 1963)
 
 

Nossa música...

Tonho França. 
 

A melodia que o piano insiste

Dança no branco das paredes

Passeia pelas fotos ainda guardadas

Acende meus incensos

Espalha teu cheiro pela sala

Entre revistas, souvenir,

Faz sorrir o vestido azul

Da bailarina de porcelana

Que dormia sobre a caixa de música.

A melodia que o piano insiste

Ecoam em meus olhos, lágrimas claras

Acordes íntimos de nós,

Acordes de nós

Acordes

Sós.

 
Hei-de soprar no trompete até o anjo Gabriel dizer "basta!"
Depois, junto-me a ele e formamos um duo,
pois deve tocar trompete como gente grande.
 Louis Armstrong (n. Nova Orleães 1901; m. Nova Iorque 1971)
 
Sintonia De Amor
Tereza Mattos

Quero o amor sintonizar
Numa linda melodia
Meu coração permanecer
Toda noite e todo dia
As notas musicais
Em pautas melodiosas
Num crescente mais e mais
"Pianíssimo" ou "vibrante"
Sonatas ao luar
E logo mais adiante
Tocatas maravilhosas
Lembrando sempre o mar...
 
Quero tristes"blues"
Para poder meditar
Boleros românticos
Para contigo dançar
A linda Valsa das Flores
Que lembra antigos amores.
Um belo tango de Gardel
Para acender nossa chama
A voz de Luiz Miguel
Teus olhos sorrindo para mim
Tua voz sussurrando
Dizendo que me ama!...

É provável que na hierarquia artística, os pássaros sejam os maiores músicos à face da terra. O pássaro é, aliás, um ser maravilhoso sob vários aspectos: o voo é uma maravilha ainda inexplorada, a migração é outra maravilha que já fez correr rios de tinta... Mas a maior de todas as maravilhas, a mais preciosa para um compositor é, evidentemente,
o canto dos pássaros.
Olivier Messiaen (n. Avignon 1908; m. 1992)

 Opera do Insano
Edmmur Filho


Esta é mais uma ópera do insano
Deste que descobriu que abrir a porta
É o que resolverá mais outros deslizes
De quem já se cansou de andar por esta estrada morta
Vazia e odienta, a mais fiel pregadora do profano.

Sou aquele pierrot
Que dançou sozinho a noite inteira
Você, colombina sacana!
Dançou com um filho de outro qualquer
Rodaram e circundaram a noite inteira
A gozar das vossas alegrias
E a rir da minha desgraça

Agora eu vou
Curar esta sandice
Erguer-me deste abismo
Escalando na vida como se um alpe fosse
Esquecer de suas ronhas é me amar acima de tudo.


É preciso ter em relação à obra que se interpreta ou se compõem um respeito profundo como diante da própria existência, como se fosse uma questão de vida ou de morte.
 Pierre Boulez (n. Montbrison 1925-)
 
MÚSICO E POETA
Preto Moreno

Quis ser músico e não pude. Era preciso ser poeta.
Quis ser poeta. Não pude. Era preciso ser músico.
Dancei estruturas conexas, refiz o léxico sonoro;
Hoje, diante de uma canção, nervoso,
Não sei se rio ou se choro.

Como um Grimm esgrimo esdrúxulas fábulas, tonteio táboas,
Recupero o juízo com pasta de amendoim e sorvete;
A dúvida, que é dom sem tonalidades,
Se sacia, à vontade, quando escrevo.

Não sei se tenho ou se terei.
O ócio é a perfeição do entardecer.
Rimos tanto, eu e ela, na última noite,
Melhor seria voltar à Teresina.
Ocupei minha geladeira com salsicha e agrião,
Meio mais, meio cósmico,
Me desculpe se vou rimar com tartamudo.

Não tenho objetivo.
Viver é preciso.
Navegar, só se o mar for de arroz e feijão.
Desculpe. Rimei.

Visto uma camiseta preta,(acabei de tirar).
Tenho sede, tenho fome,
Dôo, divido, separo a melhor parte,
O quilo de filet mignon está R$ 9:80;
Sei que não fui feito para a tenda,
Não sou árabe, nem beduíno,
Essa máquina é uma Lexicon 80:
Será que você aguenta?


 Havia um órgão de tubos na minha aldeia. O meu contacto com a música deu-se, portanto, desde que tenho consciência, aos 4-5 anos, nas cerimónias religiosas, a ouvir as pessoas mais velhas que vinham de Braga para tocar órgão. Ficou-me, portanto, o órgão no ouvido e as vozes das pessoas de família a cantar.
Cândido Lima (n. Viana do Castelo 1939-)

 
 
LAMENTO EM TOM MENOR
Zelisa Camargo

Lamentos que se perderam na vacuidade
do tempo de nada ser
sendo apenas uma canção em notas
sem melodia  harmonia
sem  ouvidos que  captam
 essência do vácuo que lhe pertence.
Palcos rotos velhas roupas jogadas ao leu
como se fossem deambulantes
 de um tempo que se perdeu no caos de si
nos lamentos de palcos vazios
 palavras de amor
que nunca foram ouvidas  nem aplaudidas
 lentamente sugaram a essência
do poeta autor  cantor
 em delírios cantava lindas melodias  encantavam aplausos mil
  Bravo!!!!
Hoje uma lágrima serena
dispersa caminhando numa estrada
sem rumo  destino
 eterna solidão
sem amores
sem aplausos
rotos rostos
perdidos no caos da vida
no caos de si mesmo
C'est la vie !!!
Bon Jour
tudo é cíclico
 amor eterno.
Cantaremos sim
 nossa canção
sem notas e melodias.

A relação entre a vida e a morte é a mesma que existe
entre o silêncio e a música
- o silêncio precede a música e sucede-lhe.
Daniel Baremboim (n. Buenos Aires 1942)
 
Canção inacabada
 Giovania Rocha

O coração do poeta é sonhador
E ele sempre acreditou e acredita no amor
Como ele acredita na terra que se faz de fada
E a ele sorrir ali inclinada...
Com duas estrelas nos olhos rasos d’águas
Fazendo do mar o encapelado
No martírio de seu sentir.

Cansei de escutar choros de minha alma brotar
Como se fosse eco de ânsias fanatizadas do nada
No invisível dos meus sonhos vagar em vão.
Preciso ver o sol brilhar na realidade que acredito
Com sons do consciente lá onde mora o onipotente
Chamado de Deus que é o alivia de todas as dores.

Poeta eu não sou, mas Deus me deu suas falas...
Para que eu pudesse contar historias de amor
E também aliviar todos os meus momentos de dor.
Quisera eu só falar do amor sem ter que sentir
O que às vezes dói na alma do obscuro tormento.

Eu queria que tudo fosse cristalino
Sem indiferença de cor nas lágrimas que sinto.
Mas, vejo tantas contas roxas frias soluçando,
Nas trevas da noite qual carruagem desbotada
Que se reveste na solidão do nobre coração.

Cansei de buscar o que eu mesma encontrei
No bálsamo sagrado de uma simples canção
Quando ouço os pássaros nas manhãs
Esvoaçando pelo ar o cântico sou livre pra voar
No cuidado do mundo a natureza despertar.

Quisera o céu envolver na bruma fria
Qual espírito majestoso e bondoso
Passando pela vida de um poeta
Que nunca abandona o aclarar
Do amor e a escrita reinar!

Se, fazendo canções, eu termino parecendo repórter, gosto. Por exemplo, se eu fosse repórter e me dissessem assim: as suas reportagens parecem canções, eu ficaria feliz também.
Caetano Veloso (n. Bahia 1942-)
 
 

MAESTRO ABSOLUTO!...

Paulo Nunes Junior

 

Deparo-me ao encontro daquele que é meu maestro.

Olho, ao redor de mim mesmo, e vejo-o a conduzir os mares,

o ar, a terra, o fogo, a natureza...

Como um grande maestro num comando único,

invisível aos olhos de alguns, sentido pelo coração de muitos.

Este maestro formidável comanda-me e toma conta de mim,

às vezes, oferece-me dores e provações, mas, já adiante,

encontro seu consolo e bálsamo.

 

De mim pede pouco...

Apenas que eu ame meu próximo,

que seja dotado de caráter, honradez,

apresenta-me perante tudo que ele com sua batuta rege.

Entrega-me seus encantos e deles faço meu viver,

apresenta-me a morte e todo o seu mistério.

lá, ele também se faz maestro absoluto.

Chama para si a companhia dos anjos, e estes são seus servos,

para seleção daqueles que vão compor sua orquestra.

 

Passa todos ensinamentos que a alma precisa,

põe como exemplo máximo a entrega de seu único filho,

que por tudo isto se deixou ser assassinado,

Filho este que peregrinou nesta mesma terra hoje regida e,

aos seus pés lhe foi oferecido sandálias simples, nada mais...

 

E continuo a perceber a habilidade que tem este maestro maravilhoso,

E, às vezes,

entre meio a tudo que ele me apresenta, fico pensativo...

Ao ver os homens sendo possuídos pelo sentimento da inveja,

da maldade, da perseguição, da mentira.

Espantado, observo àqueles que compartilham à mesa,

E, ainda assim, não se entendem como irmãos

usando do instrumento de fracos, de falsidade.

mas, logo vem o mesmo maestro e me diz:

- Vá continue tua caminhada, preocupa-te com teus atos...

Porque deles fará tua própria luz.

E, de tua luz, muitos ainda haverão de compartilhar.

 

Assim, aprendo que este maestro, a cada um de nós,

além de oferecer tudo que nos cerca,

faz com que nossos atos e pensamentos se transformem em luz.

Por vezes nem percebemos, mas nossa luz é tão forte, tão forte,

que é capaz de tocar os corações, mesmo os mais revoltados.

Continuo minha caminhada por este mundo de provas,

nada peço ao meu maestro,

sem ser dias de paz a cada um de meus irmãos,

e que ele continue sempre a reger os corações.

Este grande maestro é DEUS!...

 

 

O acto de criação na sua essência, e tal como eu o concebo, não existe por si só, mas é resultado de uma revelação que se processa através do nosso Espírito para a nossa Mente, e cujas origens não podemos determinar. Para o ateu, talvez ele seja considerado como toda uma vivência em termos musicais, todo o conhecimento e compreensão de um passado e presente, ou mesmo um reflexo ou síntese da sua experiência humanamente vivida.

Para o crente, essa revelação vem de Deus.
João Pedro Oliveira (n. Lisboa 1959-)
 
DIVINA MÚSICA
Otávio Coral
 

No momento exato do som,

que pode ser um choro,

desfaz-se o corpo

liberando a pura emoção

que se agiganta em lágrimas

que atinge a crista do ser

e cavalga livremente

pelos oceanos libertários.


 

A surdez de Beethoven não era uma deficiência. Foi uma dádiva dos Céus. Incapaz de escutar as vozes exteriores, estava em condições de ouvir dentro de si próprio a voz de Deus.
 Vitaly Margulis (n. Charkov, Ucránia 1928)
 

Música Sempre Música
(Prosa Poética)
Maria Thereza Neves

a música não toca
não é matéria ,é a alma que voa
ela abraça, agarra, vibra e vai fundo,
clara, em chamas que clamam
com ardor,como o calor do sol
espalha pelos poros, peles, entranhas
como tardes quentes
ou quando carinhosamente dormem, morrem
aquietando na suavidade macia das manhãs
rompe o silêncio, a solidão
sobe e desce escalando emoções
num gesto como tivesse mãos e coração
num sopro,sussurro como tivesse boca
num estase como tivesse corpos acariciando corpos
célula por célula, palmo a palmo sem deixar espaço
subindo montanhas, descendo aos vales
se faz em mil pedaços expelindo partículas de vida
deixando claro que nada foi em vão
mesmo nas perdas e ganhos
nas dores, nos amores
nos sonhos encharcados e moídos
ou quando ausente de paixões
ela se faz paixão
aprisionando recordações ...

mesmo que tudo se vá
que me deixem só, me abandonem
jamais ficarei, tenho a melodia, as cores das canções
a sensibilidade a flor da pele
e o que quero , sei que está dentro de mim
os sonhos, ilusões, fantasias , nas imagens que crio
até o último refúgio da minha alma
mesmo que da garganta partam gritos sem som
a cabeça esteja voltada para abismos...

o céu enviará o sono em ondas na hora calma, certa
aquecendo os pensamentos
sorrindo no espaço negro mudo
nas vidas que ainda me povoam
que tudo me fazem sentir , sair sem sentir
amando com intensidade tudo que vi, vivi
as flores, as lembranças
e o novo que tiver que vir
que venha com música no coração.


Um músico é alguém que viveu e que pecou, que recorda sentimentos, fraquezas, cujo arrependimento e sensação de nostalgia e remorso transparecem na música que executa e, por isso, consegue arrebatar a assistência, cujos pontos fracos são também os seus.
Yehudi Menuhin (n. Nova Iorque 1916)

 
8 de Julho de 2006
TTNeves e Rivkah