RECUSO-ME
HenriqueLacerda
Me auto-recuso
a ter "tatuagens"
de uma guerra
sem "regras civilizadas",
onde o momento
definia
quem era
o mais inteligente,
mais
esperto,
o mais audaz
e rápido em
resoluções...
Guerra sem
prisioneiros,
guerra de
sobrevivencia fisica e psicologica...
guerra com o
homem,
reverenciando
os deuses da floresta,
da árvore, da
espinheira...
Guerra anti
mina e armadilha,
anti mira da
arma que nos enquadra,
mas guerra de
apreciarmos
e pedirmos
colaboração da folha
que trincamos
para enganar a fome,
do capim que
corta como faca,
do animal que
incomodamos no seu habitat,
da gota de água
do cacimbo
recolhida na
noite pelo poncho estendido...
Tatuagens de
corpos esventrados,
dos gemidos e
uivo dos feridos,
do olhar
esperante do tiro de mesiricordia..
das mulheres
rotas por estacas,
dos homens de
sexo decapitado
e introduzido
na boca,
dos fetos
esmagados contra troncos...
das águas de
rio onde os animais
se recuzavam
por sentirem o cheiro a sangue ...
Tatuagens?
Onde?
Tudo é renegado
pelo consciente,
recalcado e
esquecido
pela
necessidade de viver o próximo minuto..
Que interessa o
amanhã?
O proximo
mês?
A vida é feita
de instantes irretornáveis:
o próximo é
essencial ser vivido e convivido!
Me deixem em
paz,me deixem viver!
recuso
gaiolas,correntes e grilhões:
quero e sou
livre!
Este minuto é
como quero que seja
e não como
podem querer que seja!
Minha gaiola
terá sempre a porta aberta,
e como
andorinha,
sinto
necessidade de ver o céu imenso azul
para meu vôo
rápido,
ora razante ora
nas alturas,
e nem pousando
nem para saciar a sede..
O mundo é imenso na sua pequenez:
quero o
mundo tal como a minuscula formiga
que
prescuta todo o horizonte,
se
introduz nas fendas ,
e vai
sempre seguindo as suas antenas...