Shabat
Disse D’us:
"Minha Vela (Torah ) está na tua mão e a tua vela (alma) está na
Minha Mão; portanto, guarde a Minha Vela para que Eu guarde a tua
vela."
Algo extraordinário acontece cada vez que você acende as
velas em homenagem ao Shabat… você se sente vinculada a seu povo. É um costume
que advém desde os tempos bíblicos. A Matriarca Sara acendeu uma lamparina que
ardeu miraculosamente de Shabat a Shabat; a Matriarca Rivkah recitou a bênção
sobre a mesma lamparina, desde seus três anos de idade. É esta tradição de 3700
anos que as mulheres judias observam, ao saudar a chegada da Rainha Shabat,
trazendo mais luz ao mundo.
Que este ato possa iluminar e inspirar uma
futura paz eterna para o mundo e para todo o povo de Israel.
O dia que
serve como fonte de bênção, uma preparação e inspiração para os seis dias de
trabalho da semana, é naturalmente o Shabat. Desde que a base da vida judaica é
a vida do lar; e o alicerce do lar é a mulher, é bem apropriado que a
inauguração do Shabat tenha sido entregue em suas mãos, pelo acender das velas
que introduzem no ambiente da casa a santidade do Shabat.
Luz
versus escuridão
Que resposta
deu o povo judeu às adversidades no transcurso da História?
Os Salmos
descrevem a reação ao cativeiro da Babilônia com as palavras poéticas: "Nas
margens dos rios da Babilônia sentamos e choramos ao recordar Tsiyon. " Mas,
esta descrição é interpretada pela maioria das pessoas errôneamente, pois as
grandes academias de estudo e as elevadas conquistas filosóficas alcançadas na
Babilônia não chegaram a ser superadas nem mesmo em épocas de prosperidade.
Assim sendo não apenas houve choros nessa terra estranha, mas também foi criada
uma obra monumental, o Talmud Babilônico.
Este cenário repetiu-se
diversas vezes durante a história. Quanto maior era o problema, mais intensa era
a reação espiritual que provocava.
Visitando uma boa biblioteca judaica
pode-se tomar cada obra clássica e classificá-la segundo o período de
obscuridade a que pertencia; pois oportunamente, ela serviu para iluminar as
trevas da época.
Esta então é a resposta judaica: lutar contra a
escuridão com a arma mais efetiva: a luz. Pois "Uma pequena luz afasta muitas
trevas."
O LubavitcherRebe, Rabi Menachem Mendel Schnersohn incentivou
esta gloriosa corrente, guiando sua geração com paciência e perseverança para
que enfrentasse os desafios da nossa o que deu início a uma série de campanhas,
entre as quais o acendimento das velas de Shabat (além da colocação de tefilin,
mezuzá, etc) a fim de atingir o bem sucedido método de acréscimo no campo
espiritual.
Quando no mundo aumentam a corrupção e a indiferença, nós,
como judeus, respondemos, intensificando nossa fé e compromisso com D’us. A
mitsvá (preceito) na qual este aspecto está enfatizado é a do acender das velas
de Shabat. O Lubavitcher Rebe disse: "Estando o mundo tão submerso na
obscuridade e confusão, é imperativo que a mulher judia o ilumine com esta
sagrada luz."
Antigamente
O primeiro
Shabat trouxe ao Universo uma atmosfera de repouso e santidade, a qual reaparece
no mundo (e em cada ser) semanalmente por meio das velas de Shabat. O ato do
acendimento das velas está intimamente relacionado com as Matriarcas. Enquanto
Sara viveu, suas velas de Shabat milagrosamente ardiam de uma sexta-feira até a
seguinte e outros milagres ocorriam: sempre havia uma bênção na massa do pão e
uma nuvem Divina pairava continuamente sobre sua tenda.
Com o seu
falecimento, tudo isto cessou. "E Yitschac a trouxe para dentro da tenda de sua
mãe Sara e ele a tomou e ela (Rivha) se tornou sua mulher; e ele a amou e
consolou-se da morte de sua mãe"(Gênesis XXIV:67). Rashi comenta: "E ele a
trouxe para a tenda e ela era como Sara, sua mãe! Pois, enquanto Sara viveu suas
luzes de Shabat miraculosamente ardiam na tenda de uma sexta-feira até a
seguinte, sempre havia uma bênção (aumento milagroso) na massa do pão e uma
nuvem Divina pairava continuamente sobre a tenda. Desde a sua morte, tudo isso
cessou.
Porém quando Rivka veio, reapareceu de novo." Yitschac viu o
reaparecimento dos milagres por mérito de Rivka e foi então que decidiu tomá-la
como esposa. Obviamente, nossa mãe Rivca acendia as velas de Shabat mesmo antes
de se casar.
Comentam nossos sábios que naquele tempo Rivka tinha somente
três anos de idade! É verdade que era muito mais madura, intelectual e
fisicamente do que uma menina comum daquela idade. Mas isto não alterava o seu
status na perspectiva da lei da Torá, halachicamente, ela era considerada menor.
Porém fazia absoluta questão de acender suas próprias velas.
Para nós a
diretriz é clara. Não só as meninas solteiras acima da idade de Bat-Mitsvá (de
doze anos para cima) devem acender as velas do Shabat, mas também meninas
pequenas, a partir dos três anos de idade, devem ser educadas e treinadas na
mitsvá de Nerot Shabat — mesmo quando a mãe ou outro membro adulto da casa já
esteja acendendo as velas.
Em
nossos dias
Num recinto mal-iluminado, uma só lâmpada a
mais pode acrescentar luz suficiente; mas quando um lugar está em total
escuridão, mais luzes se tornam necessárias. Em gerações passadas, nossos lares
estavam repletos de luzes da Torá. Idéias estranhas "da rua" não penetravam e
mesmo o mundo exterior não era tão escuro. Mas na licenciosa sociedade de hoje,
prevalece um tenebroso negrume moral e idéias estranhas encontraram o caminho
para introduzir-se dentro do lar judaico. A reação deve ser o aumento de
intensidade na iluminação daTorá.
Toda mulher ou moça judia é chamada
"uma filha de Sara, Rivka, Rachel e Léa". Toda menina herda esse poder
maravilhoso de iluminar o mundo e seu lar com o acendimento das velas de Shabat.
É verdade que a luz que Sara e Rivka acendiam durava milagrosamente e emitia um
brilho visível durante a semana toda; mas, espiritualmente, o efeito das
crianças acendendo velas hoje é o mesmo.
Assim que a menina já consegue
compreender a idéia de Shabat e dizer a benção (com cerca de três anos) seus
pais devem presenteá-la com um castiçal e ensiná-la a acender uma vela a cada
Shabat. Ela deve acender a sua vela antes da mãe, para que ela possa ajudá-la,
se necessário. A menina também pode ser encorajada a colocar algumas moedas na
caixinha de Tsedacá, antes de acender a vela, o que ensina a virtude de
repartir.
Neste momento, com a família reunida, a mulher oferece uma
oração silenciosa ou verbal por seu marido e filhos.
É verdade que a luz
que Sara e Rivka acendiam, durava fisicamente e emitia um brilho visível durante
a semana toda; mas o efeito interior das crianças de hoje acendendo as velas de
Shabat é o mesmo. Embora não possamos vê-lo com os nossos olhos de carne e osso,
as velas de Shabat acesas pela pequenina filha judia de nossa época enchem o lar
de luz espiritualmente durante a semana inteira.
Um momento oportuno
A hora do
acendimento das velas sempre foi um momento muito especial. Através das
gerações, a mulher judia elegeu este momento para recitar uma oração pessoal,
pedindo saúde, bem-estar físico e espiritual para sua família.
Que luz
guiou a sua intuição ao relacionar os pedidos e preces com este momento? O
grande cabalista Rabi Yitschac Lúria, conhecido como Arizal, escreveu que as
preces da mulher são singularmente bem recebidas por D’us, nesta hora
especial.
Novamente compreendemos porque as mulheres piedosas de todas as
épocas, cuidaram tão escrupulosamente desta mitsvá. Seus candelabros lhes eram
mais preciosos que as jóias e se asseguravam de preparar-se em tempo para a hora
de receber o Shabat: a casa estava impecável, os alimentos de Shabat
antecipadamente prontos, a mesa arrumada com belos talheres e louças e toda a
família vestida com suas melhores roupas. Cada aspecto colaborava para que a
luminosidade do Shabat fosse perfeita. Este brilho que iluminou os lares
judaicos de semana a semana através dos anos, continua perpetuando e
recordando-nos a futura Redenção, como expressaram nossos sábios: "Se cuidarem
do acender das velas de Shabat , terão o mérito de ver as luzes de Tsiyon na
Redenção do povo judeu."
O
motivo das duas velas
Cada Mitsvá da Torá é comparada a
uma vela: "Ki Ner Mitsvá Vetorá Or" ("Uma Mitsvá é uma vela e a Torá é luz").
Cada Mitsvá cria uma luz espiritual e a luz, ou sua chama, elevando-se, aproxima
a pessoa da Divindade. A chama é comparada à alma; da mesma forma que uma chama
sempre direciona-se para cima, a alma quer conectar-se com D’us.
Esta
mensagem de luz, símbolo universal de claridade, visão, conhecimento e verdade,
encontra-se intimamente ligada à mensagem do Shabat. O primeiro Shabat trouxe ao
universo uma atmosfera de repouso e santidade, que reaparece no mundo e em cada
ser semanalmente no momento de acender as velas, quando a mulher traz o Shabat
para dentro de seu lar.
No mínimo duas velas são acesas correspondendo às
duas expressões "Zachor" e "Shamor" que são mencionadas nos Dez Mandamentos.
"Zachor" - "Recorda o dia de Shabat para santificá-lo" (Êxodo XX:8),
refere-se à observância do Shabat como acender as velas, o recitar do Kidush (a
santificação com o vinho), a refeição festiva, vestir-se com roupas especiais,
orar, ouvir a leitura da Torá na sinagoga, aprender e discutir passagens da
Torá.
"Shamor" - "Guarda o dia de Shabat para santificá-lo" (Deut.
V:12), refere-se a abster-se de qualquer categoria de trabalho (Melachá)
inadequado a este dia especial.
As luzes simbolizam alegria e serenidade
que distinguem o Shabat.
A mitsvá é cumprida acendendo velas somente num
ambiente, de preferência no local da refeição, uma vez que a principal mitsvá
das velas é iluminar a mesa, para que haja prazer e alegria. Também há uma
grande segulá em observar as velas acesas na hora de recitar o kidush.
Shamor implica em privar-se das atividades proibidas, enquanto que
Zachor recorda o cumprimento dos nobres costumes de Shabat : o acendimento das
velas, o Kidush, a comida especial, as roupas elegantes em honra ao sétimo dia,
as preces e o estudo da Torá. Ao observar estes preceitos, obtemos uma
verdadeira elevação espiritual.
A mulher: luz e alicerce do
lar
Superficialmente, a razão porque a mitsvá de Shabat
eYom Tov foi entregue à mulher é para "trazer de volta" a luz que Chava (Eva)
diminuiu ao afetar adversamente a "luz do mundo" incorporada em Adam.
Entretanto, o Zôhar explica que o significado interior, o motivo profundo porque
foi confiada à mulher essa mitsvá vital, é devido ao seu valor precioso. A
prerrogativa do acender das velas de Shabat é uma insígnia de honra para a
mulher, indicando que o Onipotente a escolheu, deu a ela o mérito e a investiu
com os poderes de… "dar à luz e criar filhos imbuídos de santidade que serão uma
luz para o mundo," que o iluminarão ao incorporarem a luz da Torá e das mitsvot
em sua vida cotidiana.
…"aumentar a paz na terra," intensificar e
avolumar a paz e a felicidade no mundo inteiro, a partir de Shalom Bayit, a
tranqüilidade e paz no lar, resultantes das luzes de Shabat. e…"garantir à sua
família longos dias;" por meio das velas de Shabat que ela acende, se torna
merecedora da bênção de anos prolongados, plenos de bondade e vitalidade para si
mesma, para seu marido, seus filhos e filhos dos seus
filhos.
O acendimento das
velas
Local
apropriado para o acendimento
Quem
acende as velas
Número de velas
O
procedimento e costumes
A bênção na véspera de
Shabat
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher
kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel Shabat
côdesh.
Bendito
és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo,que nos santificou com Seus
mandamentos, e nos ordenou acender a vela do santo Shabat.
As bênçãos na véspera de
Yom Tov
Baruch Atá haShem, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher
kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel Yom Tov (coincidindo com a
véspera de Shabat, termina-se: lehadlic ner shel Shabat veshel Yom
Tov).
Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do
Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou acender a vela
de Yom Tov (coincidindo com a véspera de Shabat, termina-se: acender a vela de
Shabat e de Yom Tov).
Baruch
Atá haShem, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, she- he-cheyánu vekiyemánu vehiguiánu
lizman hazê.
Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei
do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente
época.
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