A festa de Purim
"Então Mordechaí saiu da presença do rei, trajando roupas reais, azul celeste e branco, com uma grande coroa de ouro e um manto de linho fino e púrpura. E a cidade de Shushan o aclamava jubilosamente" (Meguilat Ester 8:15)
"Os judeus instituíram e estabeleceram para eles... e para a posteridade, a obrigação de celebrar, a cada ano, estes dois dias..." (Meguilat Ester 10:27)
O rei Achashverosh tinha boas razões para se orgulhar de Ester. Soube agora que ela descendia da família real de Saul, o primeiro rei dos judeus. Quando descobriu que Mordechai era também descendente desta nobre família e primo de Ester, nomeou-o sucessor de Haman.
O rei presenteou Ester com a casa de Haman, e deu a Mordechai o anel real que havia retomado de Haman. Apesar de Mordechai e Ester estarem profundamente agradecidos ao rei pelos seus favores e segurança que sentiam sob a sua proteção, não perdiam tempo em alcançar seu verdadeiro objetivo. O cruel decreto de Haman ainda estava em vigor e se não fosse revogado, os judeus estariam perdidos.
Assim Ester intercedeu novamente perante o rei em favor dos seus irmãos condenados a morrer. Atirando-se ao chão e com os olhos cheios de lágrimas, suplicou ao rei para salvá-los do terrível destino que os aguardava e bradou com uma voz angustiada: "Como poderia eu assistir inerte ao massacre dos meus irmãos?"
0 rei, profundamente tocado, gostaria de poder livrá-la dessa dor. Infelizmente, era muito difícil anular o decreto em questão, pois tinha sido promulgado com sua ordem, e possuía o carimbo do anel real; portanto era írrevogável.
Finalmente uma solução foi encontrada. Um novo edital foi publicado, avisando que Haman abusou da confiança do rei, proclamando decretos falsificados. Ao invés de declarar a supressão das perseguições aos judeus em todo território persa, a qual era a verdadeira intenção do rei, Haman, o traidor, tinha ordenado o extermínio de leais cidadãos. Além do mais, o enforcamento de Haman, sob ordem expressa do rei, era uma prova clara de que este desaprovava sua política.
Uma vez mais os escribas foram convocados para elaborar novos decretos que desta vez foram ditados velo próprio Mordechai. Mensageiros reais montando os cavalos mais velozes do reino, dirigiram-se imediatamente a cada uma das 127 províncias do império persa, que se estendiam da índia até a Etiópia, para entregar os novos decretos aos governadores e respectivos príncipes.
Por ordem real, os judeus foram autorizados a se reunir no dia 13 de Adar para se defender, atacar e matar todos os inimigos que os ameaçavam.
A notícia espalhou-se rapidamente como um relâmpago até os recantos mais longínquos do império, e todos começaram a tratar os judeus com respeito.
No dia 13 de Adar, data na qual os judeus deveriam ser exterminados por Haman e suas forças, eles se reuniram nas praças públicas de cada cidade e vilarejo, condenando à morte, por ordem do rei, todos que tivessem demonstrado crueldade para com eles. Setenta e cinco mil homens, dispostos a atacá-los, foram condenados à morte, mais quinhentos em Shushan, como também os dez filhos de Haman.
Quando o rei deu a notícia a Ester, perguntou-lhe se agora ela estava satisfeita.
"Existem ainda em Shushan, numerosos e temíveis inimigos que não cessaram suas atividades e que devem ser exterminados se o país quiser viver em paz. Se o rei achar correto, o dia de amanhã será dedicado a julgar, em Shushan, os últimos inimigos dos judeus, pois eles são ao mesmo tempo os inimigos da humanidade. E é preciso igualmente pendurar os corpos-sem-vida dos filhos de Haman."
O pedido de Ester foi imediatamente atendido e, enquanto os judeus das outras cidades comemoravam e festejavam no dia 14 de Adar, os de Shushan estavam demasiadamente ocupados em condenar os inimigos. Eles então celebraram no dia seguinte, o grande dia da sua milagrosa salvação.
Assim foi decidido que o dia 14 de Adar seria escolhido como o dia da festa de Purim, em comemoração à milagrosa salvação do nosso povo e a queda do perverso Haman.
Em respeito à Terra de Israel que, naquela época jazia em ruínas, os Sábios instituíram que nas cidades cercadas por muralhas, Purim seria celebrado, como em Shushan, no dia 15 de Adar. Este dia é chamado de Shushan Purim, Os dois são dias de alegria e júbilo e, nesta ocasião, os judeus trocam Mishlôach Manot (presentes comestíveis), e os pobres recebem doações.
Ao mesmo tempo, os judeus decidiram que o dia 13 de Adar, véspera de Purim, seria um dia de jejum, chamado de "Jejum de Ester", em lembrança às rezas e jejuns realizados pelo povo todo por iniciativa da rainha Ester, que os levou ao arrependimento e fervor religioso, quando aceitaram, de bom grado, todos os mandamentos da Torá.
Nossos Sábios explicam que os dois dias de Purim serão comemorados eternamente, mesmo na Era Messiânica, quando outras festas serão anuladas.
Há 23 séculos, cada geração de judeus celebra todos os anos, a festa de Purim. Para os inimigos de Israel, para os "Hamans" de todos os tempos, esta comemoração é uma advertência solene. Para nós, esta maravilhosa festividade transmite inspiração, coragem e fé e fortifica nossa devoção e ligação ao nosso grande D'us misericordioso. Ela é, ao mesmo tempo, um sinal precursor e certo de nossa Redenção que não tardará a vir.