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ISRAEL: se o país cair, todos nós
cairemos
José María Aznar
Ex-Primeiro-Ministro
da Espanha entre 1996 e 2004.
(Publicado no The Times de Londres - junho.2.010)
Revolta em relação aos acontecimentos na Faixa de Gaza é uma distração.
Não podemos esquecer que
Israel, nesta região turbulenta, é o maior aliado do Ocidente.
Há muito tempo está fora de moda na Europa falar em favor de Israel.
Em seqüência ao recente
incidente a bordo de um navio cheio de ativistas anti-Israel no Mediterrâneo, é
difícil pensar em uma causa mais impopular para lutar.
Em um mundo ideal, a intervenção do exército israelense sobre o Mavi Marmara não teria terminado com nove mortos e alguns feridos.
Em um mundo ideal, os soldados teriam sido recebidos de forma pacifica no navio. Em um mundo ideal, nenhum Estado, muito menos um aliado recente de Israel, como a Turquia, teria promovido e organizado uma flotilha, cujo único propósito era criar uma situação impossível para Israel, fazendo-o escolher entre desistir de sua segurança e do bloqueio naval, ou incitar a ira mundial.
Em nossas relações com Israel,
devemos deixar para trás a raiva que muitas vezes desvirtua o nosso julgamento.
Uma abordagem razoável e equilibrada deve encapsular as seguintes realidades:
primeiro, o Estado de Israel foi criado por uma decisão da
ONU. Sua legitimidade, portanto, não deve entrar em questão. Israel é um país com instituições democráticas profundamente
enraizadas. É uma sociedade dinâmica e aberta, que tem repetidamente se
destacado nos campos da cultura, ciência e tecnologia. Em segundo lugar,
devido às suas raízes, história e valores, Israel é uma nação de pleno direito
ocidental. Na verdade, é uma nação ocidental normal, porém diante de
circunstâncias atípicas.
Infelizmente, no Ocidente, Israel é a única democracia cuja existência tem sido questionada desde a sua criação. Em primeira instância, foi atacado por seus vizinhos que usavam armas convencionais de guerra. Em seguida, enfrentou o terrorismo que culminou com uma seqüência de ataques suicidas. Agora, a pedido de radicais islâmicos e seus simpatizantes, enfrenta uma campanha de deslegitimação através do direito internacional e diplomacia.
Sessenta e dois anos após sua criação, Israel ainda está lutando por sua sobrevivência. Punido com chuvas de mísseis que caem no norte e sul, ameaçado de destruição por um Irã que tem o objetivo de adquirir armas nucleares, e pressionado por amigos e adversários, Israel, ao que parece, nunca pode ter um momento de paz.
Durante anos, o foco de atenção do Ocidente tem sido, compreensivelmente, voltado ao processo de paz entre israelenses e palestinos. Mas se Israel está em perigo hoje e toda a região está deslizando rumo a um futuro preocupante e problemático, não é devido à falta de entendimento entre as partes sobre como resolver este conflito. Os parâmetros de um acordo de paz em perspectiva são claros, por mais difícil que possa parecer para os dois lados dar o passo decisivo para sua implementação.
As verdadeiras ameaças à estabilidade regional, no entanto, encontram-se no surgimento do radicalismo islâmico que vê a destruição de Israel como o cumprimento de seu destino religioso e, simultaneamente, no caso do Irã, como uma expressão de suas ambições à hegemonia regional. Ambos os fenômenos são ameaças que afetam não só Israel, mas também toda a Comunidade Internacional.
O núcleo do problema reside na maneira ambígua, e muitas vezes errônea, em que muitos países ocidentais estão reagindo a esta situação. É fácil culpar Israel por todos os males do Oriente Médio. Alguns até agem e falam como se um novo entendimento com o mundo muçulmano poderia ser alcançado somente se estivéssemos dispostos a sacrificar o Estado judeu. Isso seria loucura.
Israel é a nossa
primeira linha de defesa em uma agitada região que está constantemente sob o
risco de cair no caos; uma região que é vital
para a segurança energética mundial devido à nossa
dependência excessiva de petróleo do Oriente Médio; uma região que forma a linha
de frente na luta contra o extremismo. Se
Israel cai, todos nós cairemos. Para defender o direito de Israel existir
em paz, dentro de fronteiras seguras, requer um grau de clareza moral e estratégica que muitas
vezes parece ter desaparecido na Europa. Os Estados Unidos
mostram sinais preocupantes de seguirem uma posição no mesmo
sentido.
O Ocidente está atravessando um período de incerteza com relação ao futuro do mundo. No sentido amplo, esta incerteza é causada por uma espécie de dúvida masoquista sobre nossa própria identidade; pela regra do politicamente correto; por um multiculturalismo que nos obriga a curva-nos diante dos outros; e por um secularismo que, cinicamente, nos cega, mesmo quando somos confrontados por membros do jihad promovendo a encarnação mais fanática de sua fé. Deixar Israel a sua própria sorte, neste momento crucial, serviria apenas para ilustrar o quanto afundamos e como nosso declínio inexorável agora se torna eminente.
Isto não pode acontecer. Motivado pela necessidade de reconstruir os nossos valores ocidentais,
expressando uma profunda preocupação
com a onda de agressão contra Israel, e consciente de que a força de Israel é a nossa força e a fraqueza de Israel é a
nossa fraqueza, tomei a decisão de promover uma nova iniciativa chamada
Amigos de Israel com a ajuda de algumas personalidades, incluindo David
Trimble, Andrew Roberts, John Bolton, Alejandro Toledo (ex-presidente do Peru),
Marcello Pera (filósofo e ex-presidente do Senado italiano), Nirenstein Fiamma
(autor e político italiano), o financista Robert Agostinelli e o intelectual
católico George Weigel.
Não é nossa intenção defender qualquer política específica ou qualquer governo israelense em particular.
Os patrocinadores desta
iniciativa, com certeza, devem discordar das decisões tomadas por Jerusalém em
algumas situações. Nós somos democratas e acreditamos na
diversidade.
O que nos une, no entanto, é o nosso apoio incondicional para o direito de Israel de existir e de se defender. Os países ocidentais que se unem com aqueles que questionam a legitimidade de Israel, para que estes joguem com organismos internacionais as questões vitais de segurança de Israel, satisfazendo aqueles que se opõem aos valores ocidentais ao invés de se levantar com firmeza em defesa desses valores, não estão cometendo apenas um grave erro moral, mas um erro estratégico de primeira grandeza.
Israel é uma parte fundamental do
Ocidente. O Ocidente é o que é graças às suas raízes judaico-cristãs. Se o
elemento judeu dessas raízes for retirado e perdemos Israel,
também estamos perdidos. Quer queira ou não, nosso destino está
interligado.
É MELHOR SEGUIR..
Não pare!
Pronunciamento, Visão, Argumentação, Poema!
"Amar é como
voar! É sentir a sensação de estar no alto, é não ter medo de cair! É fazer dos
pesadelos sonho, é sentir-se pequenino perto de quem ama!
É sentir-se grande
ao se saber que é amado"
Machado de Assis
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