Saravá, Hamas ?
31 de dezembro, faltando poucas horas para o Ano Novo. As TVs
mostram imagens do povão na areia da praia em Copacabana, os navios iluminados
ao largo, misturadas com as tristes cenas que vem de
longe.
Sorte nossa, que não temos
guerras. Os estampidos desta noite alegre não virão de Kassams ou
F-16.
Novamente os civis e as crianças são os que mais sofrem
naquela terra distante a qual todos nos brasileiros estamos ligados por fortes
laços sentimentais, emocionando-se com as lembranças, sejam dos Cedros do
Líbano ou da Torre de David, sem falar nos devotos do Menino nascido em Belém,
estes em muito maior numero.
Certamente todos gostaríamos que o Brasil fosse lembrado como
exemplo, de que a paz pode prevalecer entre os primos árabes e judeus, eis que
aqui nesta terra eles se
encontraram em paz.
Como
saber quem tem razão em briga de familia? e pior, inserida
no fenômeno da globalização, mais acentuadamente a partir dos choques do
petróleo e da proliferação amebiana do terrorismo
internacional, determinando ainda a cristalização de um novo
conceito não estudado por Clausewitz ou Liddell Hart, a guerra assimétrica sem
vencedores.
É preciso refletir
muito diante das cenas dantescas que a TV traz, seja de Gaza
ou Sderot, Mumbai ou Afeganistão, entre tantas.
Mas enquanto existirem vozes razoáveis a esperança da
paz permanecerá. Assim como os Justos Entre as Nações, que também foram
poucos, a vitoria moral é dos os moderados e nao daqueles que levantam
o dedo acusador.
Os fogos de Copacabana já crepitam com mais intensidade,
ao anunciar alegremente que vem chegando o 1º. de janeiro,
Dia da Circuncisão do Senhor.
Nascido numa
manjedoura, e como todo menino judeu circuncidado no oitavo dia (apos 25 de
dezembro), o Rabbi afirmou certa vez para os que estavam a sua
volta, acusando a uma pecadora: "... aquele que for justo, que atire a
primeira pedra..." Desde então sabias palavras ate hoje se aplicam,
especialmente nas atuais circunstancias.
Ao final de cada ano, o espírito natalino e da Festa das Luzes
sempre revigora as esperanças da Humanidade, seja no micro cosmo dos projetos
pessoais e desejos de saúde e sucesso, seja na crença de que o Ano Novo
trará uma nova era de paz e prosperidade.
Chegou
a meia-noite. Os fogos atingem um pico maximo. Quem tem a solução? Quem pode
julgar ou culpar? No meio da multidão nas areias de Copacabana, uma profusão de
almas caridosas estará suplicando a Iemanjá que abra os caminhos da paz neste
Vale de Lagrimas, nossa visão de vida singela, sem preconceitos, algo de valor
incomensurável.
Que
um dia naquela terra distante onde tudo começou eles possam também ser felizes,
mesmo sem muito Carnaval, samba, futebol, chope, praia, que sobra aqui e falta
lá, aceitando todas as crenças, seja em Moises ou no Cristo, em Xangô ou
Maomé.
Que
as luzes de Copacabana e as suplicas dos devotos possam chegar até a
Faixa de Gaza, suplantando os claroes da guerra ...
Saravá,
Hamas ?
Israel Blajberg
as
22h de 31 de dezembro
iblaj@hotmail.com