21 de fevereiro - Recordando os Heróis de Monte Castelo
Ao aproximar-se o 21 de fevereiro nossos pensamentos voltam-se para aqueles heróis.
Passadas mais de 6 décadas, o significado da batalha de Monte Castelo está cada vez mais atual.
Novamente, é como se a cada dia estejamos lutando contra os mesmos inimigos.
Ao
aproximar-se o 21 de fevereiro, quando em 1945 os bravos da FEB foram vitoriosos
no quinto e ultimo assalto a Monte Castelo, nossos pensamentos voltam-se para
aqueles heróis. Mais do que nunca, é nosso dever manter acesa a chama dos seus
ideais, elevar bem alto a sua bandeira de luta.
A
Alemanha Nazista foi derrotada, mas 64 anos depois a Humanidade se defronta
novamente com as mesmas ameaças do passado. Apenas os ditadores mudaram, mas a
intolerância, racismo, xenofobia e fanatismo permanecem, acrescidos do
terrorismo, negacionismo e da inversão de valores éticos e
morais.
Contra
tudo isso ha que continuar a luta dos heróis de Monte Castelo, que souberam dar
a resposta cabal da Pátria Brasileira, covardemente agredida pela Alemanha
Nazista. 38 navios mercantes torpedeados, 549 tripulantes e 502 passageiros
afogados, 1051 preciosas vidas brasileiras.
Monte
Castelo e Belvedere haviam sido atacados 4 vezes por tropas brasileiras e
americanas, em novembro e dezembro de 1944. Nas suas alturas nossos pracinhas
enfrentavam os remanescentes da 10ª. Divisão Nazista derrotada em Stalingrado, a
Divisão Fantasma, inimigo experiente e conhecedor do
terreno.
A
infantaria avançava penosamente pela neve e lama sob o fogo pesado alemão.
Clássica situação dos manuais: o inimigo tem a vantagem da altura. Mesmo assim
alguns pelotões conseguiram atingir o cume do monte, tendo de se retirar após
sofrer pesadas perdas. Um dos batalhões teve 15% de baixas entre mortos, feridos
e desaparecidos.
Os
tenentes Apollo Miguel Rezk, da Reserva,
e Moises Chahon, que comandavam pelotões na cota 958, e o tenente
Gervasio Deschamps, que subira com parte de seu pelotão continuaram a resistir -
embora a ordem fosse para recuar.
A
vitória final veio ao cair da tarde do dia 21, com apoio do 1°. Grupo de Caça, o
Senta-a-Pua, e da Artilharia Divisionária.
O
1°. RI - Regimento Sampaio finalmente conquistou as casamatas da cota 977 do
Monte Castelo, resistindo à fadiga, a estafa e ao frio, e ainda tendo de cavar
trincheiras para a eventualidade do contra-ataque alemão que jamais
chegou.
Por
bravura em ação, diversos pracinhas foram condecorados com as mais valiosas
medalhas brasileiras e americanas, entre os quais o Herói da Reserva, Ten Apollo
Miguel Rezk, Comandante do 1º. Pelotão da 6ª. Companhia, que recebeu a Silver
Star Medal, junto com Chahon e Gervasio, e o Capitão Valdir Moreira Sampaio, Cmt
da 5ª. Cia do 2°. Btl, que recebeu
a Bronze Star Medal, todos do Regimento Sampaio.
O
Brasil se orgulhou dos seus pracinhas, que enfrentaram os nazistas na neve das
escarpas sob fogo de metralhadoras e morteiros do alto, levando apenas o
armamento, a própria ração, e a coragem exemplar.
Neste
inicio de 2009 o 21 de Fevereiro ganha significado ainda mais relevante. Como
farol na escuridão lembra 64 anos depois que o mesmo perigo ainda ronda
ameaçador.
Ha
poucos meses cumpriram-se os 70 anos da Noite dos Cristais de novembro de 1938 -
mais a frente lembraremos da invasão da Polônia em setembro de
1939.
Que
o Mundo desperte e se precavenha contra os que, sem pudor algum, assumem os
mesmos contornos cruéis.
Elie
Wiesel, Premio Nobel da Paz de 1986 e sobrevivente de Auschwitz, em sua obra
interpreta o canto de uma geração perdida:
“... desde o fim do pesadelo rebusco o
passado ... quanto mais longe vou, menos compreendo ... talvez não haja nada a
compreender...”
A
Humanidade segue na corda bamba, sem conseguir entender que o compromisso de
Wiesel, originado no sofrimento do seu povo, se amplia para abarcar todos os
povos e raças oprimidas, e não se prende apenas ao passado, mas, o que é pior,
ao futuro.
Passadas
mais de 6 décadas, o significado da batalha de Monte Castelo está cada vez mais
atual.
Mas
ainda há tempo. Novamente, é como se a cada dia estejamos lutando contra os
mesmos inimigos, lançando outra vez as primeiras investidas contra o mal
encastelado no alto da crista, tentativas plenas de sacrifícios e perdas, mas
com a certeza de que a vitória sofrida um dia chegará, assim como na quinta
tentativa, quando a FEB chegou ao cume da fortaleza. 6 décadas se passaram, mas
o pesadelo parece querer retornar.
Por
isso é tão importante que a cada ano sejam lembrados os combatentes de Monte
Castelo, que com destemor ensinaram preciosa lição, deixando-nos seu legado para
defender.
(*) –
iblaj@hotmail.com