63
anos depois: Monte Castelo na Vila Militar
1945 - 21 de fevereiro - 2008
Israel Blajberg (*)
Na
manhã da sexta feira 21 de fevereiro de 2008, o Campo de Parada do Regimento
Sampaio na Vila Militar transformou-se na região de Monte
Castelo, em original cenografia, quando foram comemorados os 63 anos da vitória.
A remontagem deste episódio glorioso da História Militar Brasileira
Contemporânea foi perfeita, com a participação dos soldados do 1° B I Mtz (Es)
em uniformes de época, o então Regimento Sampaio que constituiu o núcleo da
tropa empregada.
Os
disparos da Infantaria da FEB que avançava vencendo os obstáculos camuflados
reproduzidos em escala no terreno aberto, somados as rajadas das lurdinhas dos
nazistas caracterizados, entrincheirados no alto da montanha coberta de fumaça
recordavam um pouco da epopéia que foi o quinto e vitorioso assalto ao Monte
Castelo.
O
clima quase real com o espocar das granadas, fortes estampidos e clarões dos
fogos fazem vibrar os presentes, em admiração pelos brilhantes feitos da nossa
tropa de pracinhas na Itália, em meio a fumaças coloridas ao som da Canção do
Expedicionário executada ao fundo.
Ao
final a tropa brasileira conquista a fortificação alemã, hasteando o pavilhão
nacional no topo do Ponto Cotado 977, cenário representativo da fortificação
alemã, abrindo caminho para a Vitória Aliada na Itália.
No
palanque, ex-combatentes se emocionam à leitura dos nomes dos 22 bravos que
tombaram, momento em que um a um cada soldado dos que jazem tombados no gramado
se levanta e brada “PRESENTE”, iniciando-se pelo Ten Godofredo Cerqueira Leite,
seguindo-se os nomes dos demais heróis, dois sargentos, dois cabos e dezessete
soldados. Foi o preço incomensurável a ser pago, de preciosas vidas
brasileiras.
Cerca
de vinte Veteranos com mais de 80 anos assistiram do extenso palanque, cujas estruturas um
dia compuseram as arquibancadas do Derby Club, demolido para dar lugar ao
Maracanã em 1948.
Um
Grupamento representativo das unidades empregadas na batalha adentra o campo de
parada, composto pelo Sampaio, Regimento Ipiranga (6°. BILv), Esqd Ten Amaro
(1°. Esqd C Lv), Btl Mar Zenobio da Costa (1°. BPE), Grupo Montese (11°. GAC),
Grupo Monte Bastione (21°. GAC), Btl Oswaldo Cruz (21°. B Log), Btl Villagran
Cabrita (Btl Es Eng), Btl Barão de Capanema (Btl Es Com) e o Senta a Pua (1°. G
Av Caça).
O
corneteiro executa o toque de Presença de Ex-Combatente, seguindo-se o convite
do Gen CESARIO, Comandante Militar do Leste, para que os Veteranos o acompanhem
na homenagem diante do busto do Comandante da FEB, apondo uma coroa de flores,
após o que a Banda executa o exórdio ao Marechal Mascarenhas de
Moraes.
Em
momento de grande vibração patriótica, o Veterano do Sampaio Ten José Candido da
Silva hasteia o Pavilhão Nacional ao som do Hino Nacional Brasileiro, no mastro
próximo a elevação simbólica que representa o Monte
Castelo.
Na
avenida fronteira a vida continua normalmente. Os ônibus e automóveis se
deslocam tranquilamente passando ao largo do Campo de Parada junto a montanha
simulada, sem se dar conta que há 63 anos um punhado de bravos compatriotas
lutou junto com tropas de mais 19 paises aliados, para que hoje o mundo pudesse
viver assim, em liberdade.
A
cerimônia vai terminando. Os dedicados pracinhas formam um grupamento para o
tradicional desfile dos ex-combatentes, em honra aos camaradas que conquistaram
Monte Castelo. O peso dos anos não lhes diminuiu o entusiasmo. Ostentando com
orgulho as medalhas rebrilhando ao sol da manhã com passo firme desfilam em
continência as autoridades no palanque, sob a admiração e palmas calorosas e
emocionadas do público presente.
Enquanto
marcham e as canções se sucedem, muitos sentem um nó na garganta, ouvindo as
estrofes de Lili Marlen, Batista de Melo, Marcha dos Granadeiros e Fibra de
Heróis. Mas não fica bem para um soldado chorar, e eles conseguem se conter,
retornando em forma sem perder o ritmo e o alinhamento até o palanque como há 63
anos atrás, continuam sendo a mesma tropa unida e
disciplinada.
Os
pracinhas voltam para casa.
Enquanto viverem, prestarão sempre esta mesma
homenagem.
Para
compor a FEB, foram selecionados homens de cada um dos estados brasileiros, a
fim de que ela representasse cada rincão do nosso grande
país.
A
memória dos feitos da FEB na Itália é uma das glórias da Cidadania
Brasileira.
Para
eternizá-los, é dever de cada brasileiro lembrar nosso passado histórico de
lutas. Obrigação sagrada de todo cidadão, a começar pelos professores de escolas de todos os graus,
escritores, jornalistas, que como
formadores de opinião tanto poderão contribuir para manter sempre viva
aquela manifestação ainda recente e
grandiosa da garra e coragem do brasileiro, a servir de paradigma na caminhada
para o país que todos desejamos.
(*) – iblaj@hotmail.com