RevisTTa
(Momentos
Eternos)
Teatro
Mambembe
9 de
setembro de 2006
Edição
TTNeves- Arte Rivkah
Editorial
(Resumo)
" Hoje, esse teatro
itinerante também é conhecido como teatro mambembe.
Mas não pense que
ficar "de galho em galho" era o sonho da vida dos saltimbancos! ...
O teatro
brasileiro é diverso. Espelho de seu meio e resultado de muito suor, mais do que
da inspiração, o teatro no país pulsa vida além dos mesmos nomes e de algumas
capitais.
Gente que batalha nos
teatros undergrounds de São Paulo ou que mostra
sua arte em grandes
espetáculos ao ar livre das praças nordestinas.
Vivem dessa arte com
dignidade e acrescentam
muito na estética teatral.
Toda forma de expressão teatral é importante.
Todo discurso deve
ser ouvido e não elidido.
O teatro
mambembe é muito significativo por embrionar o que pode vir a ser um trabalho
sólido. Alguns grupos me chamam para dar uma força, principalmente na parte
musical, e eu vou com todo o prazer, consciente de minha obrigação e conduta em
relação à arte.
O teatro é
"companheirismo", e a palavra "companheiro" significa "compartilhar o pão".
"Às vezes esse pão
pode ser aquele que o diabo amassou,
e a gente está aí pra
isso mesmo. "
Preciso fazer um
agradecimento especial ao incansável,
sempre
prestativo , amigo Wall das Músicas na Rede
que copiou
várias para eu
ouvir,
escolher
para esta RevisTTa.
Maria Thereza
Neves
POETAS
Arneyde T. Marcheschi/Beatriz por um
triz/Paulo Silveira de Ávila/António Castel-Branco/Vyrena/Fafá Lima/Míriam
Torres/Andre Luis Aquino/Eliane Triska/Elisa Santos/Antonio Virgilio
Andrade/Gilberto Cesar Oliveira/karla leopoldino/Lago/Flavinha/Ilka Vieira/R J
Cardoso/Kuneski/Marcília Rodrigues/Efigênia Coutinho/Jorge
Linhaça/Mardilê Friedrich Fabre/nina de lima/Célia Jardim/Zedio
Alvarez/Marcos Loures/Andrade Pinto/Rosa
Pena.
Teatro
Mambembe
OS SALTIMBANCOS
Muitos anos depois, na
Idade Média, lá por volta do século 12, apareceram na Europa companhias de
teatro que ia de cidade em cidade. Este teatro já não tinha nada de religioso, e
seus atores e atrizes, chamados de saltimbancos, literalmente carregavam a casa
nas costas. E não só a casa: os cenários das peças, seus figurinos (as roupas
usadas), maquiagem, etc. Eles andavam em carroças, sempre em bandos, chamados
trupes, e não tinham morada certa. Eles também representavam peças engraçadas ou
dramáticas, como os gregos.
Malabarismo
da vida
Arneyde T.
Marcheschi
Pendurada nos
trapézios
da
vida,
desafio meus
fantasmas,
em meio aos
desafios.
No torpor do
picadeiro
ficam sempre
os ecos
das
brincadeiras, dos sorrisos
das vitorias
conquistadas,
das desilusões
esquecidas.
Nas gangorras
da vida
indo para cima
e para baixo
os degraus as
vezes ainda
me
confudem...
No equilibrio justo
somado as
adverssidades
na luta pelas
necessidades
muitas vezes
esqueçendo a idade,
me
penduro,
corro risco de
cair...
Com mil
malabarismos
tento ludibriar meus dias
correndo pra
cá, pra lá
na busca
incessante
da
eterna tranquilidade
que pode me
levar a
sonhada
felicidade.
Audaciosa,
extrovertidamente
procuro me
sustentar
em meio aos
desafios
que entorpecem
minha mente.
Vivo de
malabares
sou mulher de
mil andares,
na corda
bamba
disfarço meus
temores
escondo minhas
duvidas,
procuro nas
alturas
sorrir ao
mundo que me
acena ca de
baixo.
"Pagliacci" é
uma das óperas mais montadas em todo o mundo, sempre com enorme sucesso, desde a
sua primeira apresentação. O público ri, chora e, invariavelmente, aplaude com
entusiasmo a música criada por Leoncavallo e a história comum e banal contada
por ele.
Nada mais simples que o enredo de "Pagliacci": o caso do homem
traído, que se vinga matando a mulher amada e o seu amante. . A atualidade do
enredo, aliada à genialidade da música, fazem o segredo da popularidade e do
sucesso ininterrupto da obra.
Vem
comigo
Beatriz por
um triz
Vem
comigo na poesia
que encontra
razão na insensatez
façamos da
vida uma folia
vivendo um dia
de cada vez
Vem comigo
eternamente
mesmo que o
eterno não seja para sempre
o amor é
sentimento valente
que gera a dor
mas alimenta a gente
Vem comigo sem
restrições
sem medo de se
entregar
a vida concede
emoções
a quem não tem
medo de amar
Consta que Leoncavallo buscou
inspiração para o seu "Pagliacci" numa peça teatral, vista em um teatro
mambembe, quando ainda era criança.
ALVORECER
Paulo
Silveira de Ávila
O sol desponta
rubores no alvorecer distante
Há clarões de lanças, cores,
espadas ao
sol, na poesia
Um tropel de cavalos passa em disparada, como um
vendaval
Melodias de águas fluidas no riacho,
são como músicas
serenas
Silêncio absoluto, pausas enormes, céu límpido,
que só a amplitude
e os devaneios sabem colorir
Esvoaça um sentimento esmaecido e
nostálgico,
que procura encontrá-la nos sonhos pintados de luar
São
soluços de amor na quietude silenciosa,
que te busca no clímax platônico e
distante
Ah! Furacão selvagem aspirando
meus suspiros
Ninfa...feiticeira, satânica,
mulher amada e desejada
TEATRO DE
RUA
Personagens teatrais
e figuras exóticas
transformam as ruas
em
verdadeiros espaços surreais.
REVELAÇÃO
António
Castel-Branco
Protegendo esses olhos que
miraram
bem fundo os sentimentos que
renegas,
sem amor neste mundo andas às
cegas
perdida em tempestades que não
param.
Ciclones de emoções se
misturaram,
tormentas que transformam em
piegas
os Hércules que adornam as
adegas...
receios que fustigam e não
saram.
Trovões vão ribombando nessa
mente,
transportando alguns laivos de
semente
das paixões que os sentidos
inundaram,
forçando a descoberta de um
amor
latente em todo o ser, já sem
temor,
quando os caminhos nossos se
cruzaram.
Mantendo-se fiel ao
seu primeiro abrigo, a praça, a arte de representar encontra nas ruas um público
ávido e participativo, que faz com que o Teatro de Rua seja um veículo eficiente
na comunicação e divertimento.
A comunicação bilateral que o teatro de rua
consegue com sua platéia (assistência, seria o termo mais exato), quando os
personagens dialogam com os transeuntes da área, é de uma franqueza e
espontaneidade, jamais conferidas a outra forma de fazer teatro. Vir às ruas e,
num curto espaço de tempo conquistar cúmplices, é a mola mestra deste teatro,
que mistura-se ao povo, pegando-o por uma das necessidades básicas do homem, o
seu divertimento. Daí, travam-se discussões de problemas e de idéias, que
puxadas pelo teatro, envolvem pessoas de todas as idades, credos e graus de
instrução, numa forma lúdica, porém repleta de verdades, anseios, indignações e
desejos de uma população. É esta interferência na vida dos que caminham para o
trabalho, para o médico, para as compras, ou mesmo dos que perambulam pelos
centros das cidades e ruas de grande movimento em bairros populares, que o
teatro surpreende e dá a sua contribuição, fazendo com que esses passantes
pensem e opinem a respeito do tema abordado, sempre ligado ao cotidiano dessas
pessoas. Mesmo que não seja um tema óbvio e tão exposto, o teatro de rua faz a
ligação lógica com a vida da sua platéia.
Sorri
Vyrena
Ver-te triste, não
quero,
pois triste já estou eu!
De ti, só
desejo alegria,
ela me contagia,
acabando com essa agonia
que
instalou-se em meu peito,
não sei quando, nem porquê
e de um tal
jeito,
que me leva a um infinito sofrer!
Sorri! Sorrirei
contigo!
Teu sorriso será meu abrigo
quando me
sentir
perdida
dentro da
solidão!
O brilho de teu sorriso
iluminará minha alma
imersa na
escuridão!
É um teatro
imediato, simples e envolvente, com diálogos puxados sempre pelos pronomes eu,
tu, ele, provocando desta forma a intimidade cênica fundamental a esta linguagem
teatral (a já citada cumplicidade) entre atores e espectadores, exemplo:
Ator - Eu sou o seu salário mínimo.
Com uma
declaração dessas, o público imediatamente reage, das mais variadas formas, que
passam pelas vaias, chingamentos e até empurrões no ator que interpreta o
personagem conhecido e odiado pela platéia, o Salário Mínimo. Sem perder a noção
de que se trata de uma representação, as pessoas que param para vê-la,
extravasam suas queixas e divertem-se no jogo do faz-de-contas, transformando o
teatro numa verdadeira arte interativa.
ASSIM EU VOU...
Fafá Lima
Vagando na noite,
Procurando sua sombra,
Buscando nossos sonhos
Encontrando a desilusão.
Assim eu vou...
Com o coração
ferido
Com gosto amargo da solidão
Saio sem palavras
Cheia de lembranças
De sonhos perdidos
No brilho das estrelas
No silêncio da noite
No soprar do
vento
Procuro sua voz
Sua lembrança
Não encontro
Nada...
Só restou a saudade
Cumprindo uma
forma ritualística desde os gregos (procissão Dionisíaca), o teatro de rua
contribui para a complexidade do entendimento do que é e do que não é teatro na
vida. Conduzindo os seus elementos básicos de apoio como bandeiras e
instrumentos musicais, os atores percorrem as ruas chamando a atenção do povo e
atraindo para a representação, deixando claro que se trata de uma encenação
(teatro declarado), visto que as manifestações de rua como procissões
religiosas, desfiles carnavalescos, paradas militar e escolares etc., são também
permeadas de teatralidade, com direito a adereços, máscaras, indumentárias e
música; ou seja, parece teatro mais não é. E assim, o teatro de rua cumpre um
papel de grande importância na sociedade, misturando-se às figuras simples ou
exóticas das cidades, transformando por um curto espaço de tempo, a vida em um
ato surreal.
DIVAGANDO
Míriam
Torres
Todos os dias
Antes de acordar
Abro meu coração
E vejo que está lá
E meus dias seguem
suaves,
doces
completos...
Nos anos
setenta, grupos como Ponta de Rua, de Olinda; Teimosinho, do bairro de Brasília
Teimosa; Teatro Popular da Várzea, entre outros, fizeram verdadeiros movimentos
culturais com os seus espetáculos, unindo a arte teatral às lutas sociais das
comunidades da área metropolitana da Grande Recife. Hoje, o Brasil aplaude com
veemência os espetáculos montados pelos grupos Galpão (MG), Tá Na Rua (RJ),
Alegria Alegria (RN) e Imbuaça (SE), respeitáveis sobreviventes do teatro
mambembe brasileiro.
Barco encalhado
Andre Luis
Aquino
Hoje em tudo me vejo
postiço
Por isso faço poesia
Dor das asas
quebradas
Vento de maresia
Labirintos do
tempo
Meus desertos eternos esperando pela chuva
Céu
derramando azul
Mar sangrando nas pedras
Mania de nuvem a vagar
Oscilando em um cárcere privado
Castigo de uma vida do passado
Vivo para consertar
Vou em outra direção
A mercê da imaginação
Estou
entre os que tardam
Escapando dos que falham
Hoje tudo em mim é um mito
Por isso faço poesia
Não que ela seja embuste
Sim porque ela é um grito
Um instante de febre
Mar que secou
Gota de
lágrima
Verso perdido
Acabo o
poema
Porque o gelo derreteu
Findo o meu sonho
Porque a “noite” já
morreu
UMA ORIGEM DE
BRINCADEIRAS
Abram Alas pros Menestréis,
João Grilos e
outros Capetas mais.
A história do teatro na cidade do Recife registra
momentos férteis de um tipo de linguagem chamada Teatro Popular. A expressão
teatro popular é bastante complexa e leva a um discurso à parte sobre o que é e
o que não é popular.
Sonho
Ladrão
Eliane
Triska
Vida que te sustentas
em sonhos
de múltiplas
construções
cadinho de uma
estada
permanência,
morada
refúgio e
proteção.
Na trama
estabelecida
das relações
distraídas
em trocas
desprevenidas
surge um sonho ladrão
carente de
outra morada
e a vida
despreparda
propõe uma nova
questão...
Tomando como referencial o
pensamento de Hermilo Borba Filho que diz "a arte popular é toda aquela surgida
espontaneamente entre o povo, o povo mais simples de uma sociedade, o resto, é
uma sofisticação em nome do gosto popular", recorremos aos autos e folguedos que
encontraram berços esplêndidos nos bairros recifenses, como verdadeiras
manifestações populares de um teatro não declarado, pelo simples fato desses
artistas populares dos bumbas-meu-boi, dos pastoris, dos cavalos marinhos etc.,
não terem a consciência dos atores e atrizes que eram (ou que são), nem tampouco
serem respeitados como verdadeiros artistas, pelas camadas dirigentes da
sociedade. Mesmo assim, esses brincantes marcaram época e continuam a
influenciar artistas dos mais variados segmentos até hoje, a exemplo dos
espetáculos teatrais de Antônio Carlos Nóbrega, os shows musicais de Alceu
Valença, a dramaturgia de Ariano Suassuna, as encenações do Teatro União e Olho
Vivo da cidade de São Paulo, entre muitos outros. Assim sendo, o teatro popular
na cidade do Recife tem a idade da migração do homem do campo à cidade grande,
trazendo em seus bens as preciosidades de um ganzá, de um pandeiro envolto em
fitas, ou mesmo de uma bexiga de boi, em substituição às máscaras gregas da
Procissão Dionisíaca (berço de tudo o que se chama teatro na civilização
ocidental).
Sonetinho cheio de Graça
para graça ribeiro
elisasantos
Seus olhos de poesia a realidade
transmuta...
...matéria informe em escultura de
emoções
Os sentidos cedem à razão...
A lua em pleno dia irradia raios prateados de
paixão
... pedras movimentam-se, com
conforto mora-se ao relento
o sol refulge em
dias cinzentos
pessoas taciturnas brincam de
namorar
o coração azula... estrelas caem no
mar
Flores nascem nos desertos, pérolas em mares quentes
proliferam
Maldades desintegram-se mediante sorrisos
sinceros
As montanhas lacrimejam ao
verem ingratidões...
Aos desamores pétalas perfumam, chovendo
consolação
A tristeza é a certeza de que dia melhores
virão...
E o poeta?.. poeta é um ser que sempre vence a
solidão
Os
principais elementos que compõem uma representação teatral, tais personagens em
conflito; signos em ação e comunhão entre público e artistas no jogo do
faz-de-contas, também estão presentes e evidentes nos folguedos populares, basta
lembrar os personagens Bastião, Mateus, Capitão e Catirina, que no jogo cênico
do "brinquedo" travam diálogos como esse de um Bumba:
CAPITÃO - Mateus,
vem cá!
MATEUS - Pronto, sinhô.
CAPITÃO - Que negócio é esse?
(aponta
para um morto carregando um vivo que surge no meio da roda)
MATEUS - Sinhô,
eu não sei não, eu tou assombrado, eu nunca vi isso.
CAPITÃO - Vem cá,
Sebastião!
BASTIÃO - Pronto, sinhô
CAPITÃO - Tu tem coragem de examiná
aquela marmota que apareceu ali?
BASTIÃO - Eu tenho, sinhô. Agora,
sozinho
eu não vou não.
PORTA ABERTA
Antonio Virgilio
Andrade
Sou uma acanhada porta sempre aberta
Onde adentras
para devaneio etanóico.
BAR, BUTECO, BOTEQUIM
Ou qualquer outra folclorice
engajada
Não dissipa a bucólica penumbra nos olhos
Pois sou liberdade para
ócio da tua solidão.
Pondero inconformismos e infortúnios
E tudo que
revelo de santo e profano
Faz de mim refúgio indolente do hábito
Se
buscares lenitivo para desenganos
Saibas que para ti serei luz
reveladora.
Não tema minha alegria nostálgica
Sou a porta da frente
para o inferno, e
A porta dos fundos para o céu.
Com
representações desta natureza, entre tantas, o Capitão Antônio Pereira marcou
com dignidade e perseverança um dos mais autênticos teatros populares
nordestinos, na cidade do Recife, com o seu saudoso Boi Misterioso. Com esse
boi, o Capitão Antônio Pereira chegou a levar à cena 31 personagens (figuras) em
encenação de rua (brinquedo de terreiro), no bairro da mustardinha, onde era
sediado.
Mas nem só das brincadeiras vivaldinas dos Joãos Grilos e outros
menestréis encapetados, vive o teatro popular.
Prenúncio
Gilberto Cesar Oliveira
Já
prenuncias em verbo
questões da sua partida
perplexo
me sinto meio
confuso
perdido um pouco
e esquecido
algo está a desmoronar
Nem te preocupas com isso
eu sei já te falta tempo
prenúncio de
novos ventos
estão a tomar teu tempo
nova vida que inicias
toda atenção
é normal
Já sei o que vão falar
indagar e perguntar
tentarão me
consolar
ir em frente vão dizer
esquecer
a vida vai prosseguir
serão
as falas
tentarão contribuir
Eu sei
por ora é prenúncio
aviso
prévio do fim
enquanto tende a chegar
quieto fico a pensar
calar seja
um bom motivo
esperar concretizar
quando esta hora chegar
que venha
inspiração
de preferência a razão
prá enfrentar a situação.
Seja na capital ou no interior pernambucano, outras
expressões desse teatro se manifestam, tais como Mamulengo, Drama Circense e o
Teatro de Rua, considerados por artistas e imprensa, como os verdadeiros
embaixadores do Teatro Popular.
A irreverência e a mão molenga do teatro de
bonecos.
Uma gente surgida da madeira,
da cabaça, do
papel machê,
ou da espuma de nylon.
Um mundo onde tudo se
resolve na pancadaria, seria o cúmulo da violência de um povo, se não fosse esse
povo os bonecos do mamulengo, que cantam, dançam, conversam com a platéia e
distribuem pauladas por todos os lados. "Haja pau", como diria o mestre José de
Morais Pinho, no título de uma de suas peças de teatro para
bonecos.
S E M E A R
karla leopoldino
Preparo meu jardim
e enquanto revolvo a terra
revolvo também meus sentimentos
dores,
amores, dissabores...
Arranco ervas daninhas
e mágoas do coração
planto
sonhos, beijos
esperanças e azaléias.
Rego com água
pura
adubo
salpico oravlho e ternura
deito na rede
e fico na
espera
da primavera
que há de chegar...
O
mestre Ginu, um dos mais respeitados mamulengueiros do Nordeste, sabia, com
precisão, transfigurar os costumes populares da nossa região, no fantástico
mundo da tenda, por onde passam os bonecos com doses de irreverência, de
burlagem, moralismo e matreirice, ao mesmo tempo ingenuidade e paixão.
Personagem famosa como a do Professor Tiridá, que normalmente chama a todos
(personagens e espectadores) de meu compadre e minha comadre, vem delirando
platéias com suas umbigadas, suas pauladas e a irresistível fama de
conquistador, desde os tempos do Cheiroso, do mestre Ginu e hoje
internacionalmente conhecido através do Mamulengo Só-Riso de Olinda, onde abre
os espetáculos como mestre de cerimônia.
Um dia
voei
LAGO
Voar distante da vida
comum...
Pairar num
dia sem escolher
rumo...
Ficar nas curvas da ilusão
sem o
coração
E nas asas da emoção de um vôo
eterno...
Alçando a
PAZ.
As mãos moles, molengas, como diz o matuto,
originam a denominação de mamulengo ao teatro de bonecos, comumente apresentado
em forma de luvas. Os bonecos de vara, os de fios (marionetes) e os de
manipulação direta, são outras técnicas utilizadas para essa expressão de um
povo em forma de bonecos. Um povo bravo, irreverente e safadoso. Nas décadas de
50 e 60, praticamente todo o Nordeste brasileiro se divertia diante dos bonecos
que surgiam por trás do pano esticado, nas feiras, nos pátios de colégios, nas
tradicionais festas de rua, nos terreiros das casas grandes de engenho, assim
como nas residências de pessoas humildes, que juntavam os vizinhos em suas salas
para assistirem aos bonecos.A freqüência dessas apresentações residenciais,
sempre foi maior na zona rural, ficando nas cidades a preferência pelas feiras e
praças, sendo essa última muito utilizada na festa do padroeiro, no seu lado
profano.
VIRO PÓ
Flavinha
Rasgo meu
coração
Sinto uma dor que me invade
É o sabor da saudade
Que habita em
mim
Crava seus dentes em meu peito
E se acha no direito
De me
governar
Sangra a ferida aberta, exposta
Que aos poucos se mostra
Cai
meu corpo no chão frio
Os olhos se fecham
É a morte tentando me
levar
Sem forças, sem vontade de viver, me entrego
Sofro calada,
agonizando, chorando
Implorando e pedindo clemência
Os céus caem por cima
de mim
A terra me engole
Viro pó, cinzas e me
desfaço...
Hoje, na cidade do Recife, as apresentações
do teatro de bonecos ficam praticamente restritas a colégios, aniversários de
crianças em clubes fechados e campanhas publicitárias dos órgãos oficiais de
saúde e educação. Grupos como Lobatinho, Gestus e Bonecarte são os mais atuantes
da área metropolitana do Recife. E o Mamulengo Só-Riso, um dos mais famosos do
Brasil, possui em Olinda o seu monumental teatro onde realiza cursos,
apresentações e encontros de teatro de bonecos do Brasil e do
exterior.
Ilka Vieira
Tão mais
amarga seria a vida,
se na lembrança deitássemos apenas
dissabores,
bebêssemos o suco dos desencontros,
estreitássemos desamores
não-curados.
Mas não é assim...
Há sorrisos que sobrevoam a
saudade,
perfumes que marcaram os tempos
e, se partiram, visitam-nos
através dos ventos,
deixando-nos um vago desejo...,
uma
fantasia..., um ensejo,
ou, quem sabe, um empenho de voltar e viver
aquilo que a juventude não soube manter
e agora, talvez,
a cruel
realidade não nos permita arriscar.
No interior do estado, as apresentações de mamulengueiros são
esporádicas, tornando-se ainda mais raras, depois da expansão da luz elétrica no
campo e nos vilarejos, onde as atenções estão voltadas para a televisão,
tornando o "brinquedo" do boneco coisa do passado. O saudoso Mestre Solon reunia
adultos e crianças diante do seu Invenção Brasileira, a gargalhar de tiradas
como essa do espetáculo "Passagem do Padre":
Simão - Me diga uma coisa,
seu padre. Você batiza homem casado por quanto?
Padre - Eu batizo por 10
cruzeiros.
Simão - Mulé casada?
Padre - Por cinco.
Simão - E rapaz
sortero?
Padre - Por 30.
Simão - Moça sortera?
Padre - Moça sortera? é
de graça.
Simão - Isso é um padre safado.
Padre - Oi filho, não me chame
nome não.
Simão - Eu tô chamando nome a você, cachorro da mulesta (bate no
padre e a platéia ri).
Inconstância
R J Cardoso
Perdoa, a
inconstância, minha esperança,
De vez enquanto quer de minha vida esse mal
debelar
Por fim ao sofrimento e com os lamentos acabar.
Tornar-me um
certo, não um torto feito um morto,
Para de amor poder falar, viajar nas asas
da ilusão...
E deixar no deserto este saudoso coração pulsar.
Perdoa a
vaidade, mas a minha bondade é bela de longe
Ou de perto, coração alado, voz
calada, não interessa, não à pressa...
Na hora de amar. Bom é sonhar e viver
do jeito que der
Venha como vier, amor, melhor é a expectativa de te
esperar.
Ouça-me, mais idoso, esse olhar gostoso encanta a gente
Dê
licença para ouvir tua experiência, a voz da lealdade...
Que nessa cidade
anda descontente... Quero teu ensinamento
Acarinhanbdo-me, aqui por dentro, a
praticar a bondade.
Para que nesse olhar risonho ainda cheio de sonhos eu
possa viajar
Rios e montanhas atravessar e ultrapassar obstáculo quando
Em
minha frente se colocar. Valorizar-te é dever de princípio
Tua vivência me
leva ao infinito e me faz assim amar
São espetáculos com
essa linhagem, feitos por gente simples, sem recursos monetários, nas condições
técnicas das mais precárias, porém, com uma criatividade inigualável e uma
comunicabilidade imbatível, que identificam a essência de um teatro
verdadeiramente popular, norteando artistas de mais instrução e melhores
condições materiais dos dias de hoje, na construção dos seus próprios caminhos,
trilhando os exemplos que seus mestres deixaram. E preocupados com a história
desses mestres, o Museu Espaço Tiridá e o Teatro Mamulengo Só-Riso, em Olinda,
contribuem para a manutenção dessa arte e a preservação dessa cultura cênica,
autenticamente teatral e popular.
O bobo sem
corte
Kuneski
Queria eu saber ser palhaço
Tirar o riso
do estardalhaço
Da pantomima, da caricatura
Queria eu saber ser
palhaço
De perpetuo sorriso, pintado
Muito além do rosto limitado
Que
cria nova criatura
Queria eu saber ser palhaço
Maquiando toda a
tristeza
Sem a dor , sem a incerteza
Apenas uma gargalhada no
paço
Queria eu saber ser palhaço
DRAMA CIRCENSE
Depois do Riso, Lágrimas Invadem o Picadeiro.
Nem só de
risos vive o mundo do circo. Depois do palhaço, do mágico, do malabarista, do
trapezista etc., surgem esses mesmos artistas, como atores, deixando os
espectadores num silêncio de morte, acompanhando, passo a passo, o desenrolar do
drama circense. São encenações aproximadamente com uma hora de duração, tempo
suficiente para os personagens passarem para uma posição de extremo oposto e, no
mais das vezes, retornarem a tranqüilidade e normalidade inicial do drama, em
grand finale.
Sou matuto
Mercília
Rodrigues
Moça, não me tenta !
Sou matuto , sou feito
de terra,
sou chão que apascenta
as matas na serra !
Sou cheiro de
chuva,
cavalo bravio,
sou alma viúva,
sou corpo no cio ..
Moça,
sou rio no remanso,
mas sou corredeira,
em meu corpo descansa
manhã
carpideira ...
Orvalho da noite,
nas margens do rio,
alma indomada,
num corpo vadio !
São famílias afortunadas que
sofrem a perda dos bens em jogos ou bebedeiras; casamentos desfeitos por
intrigas de terceiros; doença grave causada por um castigo de Deus; o surgimento
de um filho bastardo; um namoro proibido por questões raciais ou de diferenças
sociais etc. Ou seja, temas de forte apelo sentimental, em encenação de um
teatro naturalista, com exagerada dose de realismo cênico, que não levam a outra
resposta do público, se não às lágrimas. São, na realidade, situações possíveis
a qualquer mortal, sendo que, apenas o povo mais simples, sem preconceitos,
conversa naturalmente no dia a dia sobre elas, sem vergonha, culpa ou pedido de
perdão pelo pecado. Assim constitui-se a mola mestra da dramaturgia circense, "o
drama da lona".
SÔ CAIPIRA SÔ!
Jorge
Linhaça
Eita moça "desarmada"!
Nun faiz assim cumigo
naum;
tenho a "arma"judiada;
di tantu sofrê de paxão.
Eu sô cumo us
parrarim;
precurandu companhêra;
Sô cumo as folha du capim;
que nasce
na ribancera
Sô caipira di pé nu chão;
sintindo o afago da terra.
Sô
como as flô do tinhorão;
qui nasce na primavera.
Olha preu e dá um
sorriso;
ao ouvir minha cantiga;
é so disso qui eu preciso;
Ô razão de
minha vida
A dramaturgia é carregada de moralismo e
ingenuidade, normalmente de autoria desconhecida, e quase total inexistência do
texto escrito. Os atores circenses sabem decorado todos os textos, que aprendem
ouvindo os companheiros nas apresentações, ao ponto de poder interpretar
qualquer personagem, pois a prática do revezamento de papéis e intérpretes, é
constante.
No maravilhoso mundo do circo,
também há
espaço
para a dor e a tristeza.
No drama circense a estética
cênica não corresponde à mesma observada nas companhias teatrais, visto que para
esses artistas mambembes do picadeiro, o drama se resume à "mensagem" pura e
simplesmente. E para isso vale tudo; do apelo mais fatal como um tiro no peito,
ao banal surgimento de uma carta anônima, ou ainda às catastróficas previsões de
uma cigana. São esses os recursos infalíveis para o desenvolvimento da encenação
circense.
FELICIDADE
Efigênia Coutinho
Felicidade,
sonha,
sibila, esbraveja
bendita que seja
cantarola e
troveja...
Felicidade, vocifera,
bocejando exalta,
exaltando o que
almeja
é esplendor e certeza...
Felicidade, vivifica,
é verde, é
rosa,
sendo fresca airosa,
é canto que canto e me
encanto.
Felicidade, é rica
na arte ao dia que nasce
é flor
charmosa, é noite e aurora...
é chegada e
partida...!
Felicidade...Bendita seja
você na minha
Vida!...
Peças como O Ébrio, O
Filho Perdido e A Louca do Jardim, fizeram, por décadas a fio (dos anos 40 aos
anos 70) parte do repertório obrigatório dos circos que percorriam a capital e o
interior pernambucano. Hoje, raramente encontra-se uma montagem de Drama
Circense, na segunda parte da função (espaço que era dedicado exclusivamente
para a encenação do drama), trocado que foi pelos shows dos cantores de música
romântica.
Bailarina
Mardilê Friedrich
Fabre
Tímida espera a
bailarina
O momento de em cena entrar.
Vestida como Colombina
Apenas
sente seu Pierrot chegar.
Ambos formam perfeito par...
Corações
atrás da cortina...
Tímida espera a bailarina
O momento de em cena
entrar.
Na realidade, triste sina,
No palco vão representar
Da
vida essa mesma rotina
Que a arte não pode mudar.
Tímida espera a
bailarina.
Medieval
Com o
advento do Cristianismo, o teatro não encontrou apoio e foi considerado pela
igreja pagão. Desta forma, as representações teatrais foram extintas.
O
retorno do teatro aconteceu, paradoxalmente, através da própria igreja, na Idade
Média, entre o século X e o início do século XV, chegando a influenciar o teatro
no século XVI.
A princípio foram encenados dramas litúrgicos, em latim,
escritos e representados por membros do clero. Os fiéis participavam como
figurantes e, mais tarde, como atores. Esta integração mesclou o latim à língua
falada nas regiões.
METRÔ
nina de lima
Na manhã triste e gelada,
quantos Josés e quantas
Marias
se arrastam pelas ruas
e começam novo dia.
Na estação
superlotada
ainda é preciso esperar,
um trem acabou de partir,
outro,
logo há de chegar.
Não ultrapasse a faixa amrela!
Não fume!
Não fique
perto das portas!
Preste atenção nas escadas!
Os Josés e as Marias
empurram e são empurrados
e, assim, todos os dias
seguem sem
qüestionar,
os passos de quem vai à frente.
Sonhando e fazendo
planos,
seguem o caminho que alguém já traçou.
E os vagões vão
levando
lutas, sonhos, esperanças,
temores, vitórias,
fracassos.
Jovens, velhos e crianças.
E o Metropolitano
vai correndo,
vai ligeiro,
pois não pode se atrasar,
os passageiros
precisam,
depressa, ao destino chegar.
Janelas e portas fechadas
não
lhes permitem sair,
desta prisão de aço é impossível fugir.
Desconhecem,
com certeza,
que há outras opções,
que outras linhas existem
e há
outras estações.
O trem de aço permite
que se mude de estação
mas, no
trem de seu destino
haverá outra opção?!...
As peças, sobre o ciclo da Páscoa ou da Paixão, eram longas e
podiam durar vários dias. A partir dos dramas religiosos, formaram-se grupos
semi-profissionais e leigos, que se apresentavam nas ruas. Os temas, ainda
religiosos, incluíram situações tiradas do cotidiano.
Espaço cênico
medieval - O interior das igrejas era usado inicialmente como teatro. Quando as
peças se tornaram mais elaboradas e exigiram mais espaço, passaram a ser
apresentadas em frente às igrejas.
Palcos grandes enriqueceram cenários
extremamente simples porque permitiram a inclusão de painéis que representavam
diferentes lugares: uma porta simboliza a cidade; uma pequena elevação, uma
montanha; uma boca de dragão, à direita, indica o inferno; e uma elevação, à
esquerda, o paraíso.
LIBERDADE
Célia
Jardim
Eu sou assim
um pássaro livre voando nas
nuvens
sem prisões e sem
fronteiras
alço meu vôo, vou por onde
quero
nas nuvens não existem
barreiras
Eu sou assim
e ainda que em gaiolas me
prendam
não me impedirão de
cantar
mesmo que limitem meu
espaço
sempre me sentirei livre para
voar
No
Mistério da Paixão, peça baseada na via sacra, do período medieval, aparecem
oito cenários diferentes que representam o caminho que liga as duas extremidades
da imagem: o inferno e o paraíso, com um critério realista contundente para que
os fiéis compreendessem a natureza do pecado, seu castigo e, consequentemente, o
prêmio dado aos que obedeciam aos mandamentos. Surgem grupos populares que
transformam carroças em palcos e se deslocam de uma praça à
outra.
O Palco da Vida
Zedio Alvarez
Que se dane o mundo com sua carapaça
Não preciso de ninguém
para compactuar
Mesmo que seja preciso deixar de amar
Nem que seja apenas
por um momento
A verdade apareça sem disfarçar
Já falei uma vez que não sou ator
Apenas prego a verdade de
uma face
Mascarada pela vida cruel do faz de conta
Mas mostrando sempre a
cara do amor
Nunca andei em um camarim
Acho que é lá onde verdade se
esconde
Depois fica difícil achar, não se sabe aonde
Vindo só reaparecer
quando a peça tem seu fim
Diante de tudo que expressei
Não sou contra o ator, apenas um
realista
Traçando um paradoxo com um equilibrista
É a mesma situação,
comparada a de um artista
Para que usar maquiagem na minha face real?
Sentiria-me
trucidado pelo público teatral
No cenário da minha vida a luz da ribalta
falhou
Faltando a iluminação do meu amor
Cada ato corresponde a um gesto do meu ter
O que me interessa
é orgulho do meu ser
E depois no ato final que dura uma eternidade
A
verdade sempre volta pra ver
Sorrateiramente ela chega e aflora
Meu amor aparece no meio da
platéia e diz:
Vamos dar um basta! Eu agora vou embora!
Fico eu cá no
tablado da vida,apreensível
Procurando uma explicação
plausível
Naquele instante me vingo das forças surreais
Será
que foi apenas por um momento...?
Vi que o sonho da vida não é tão
humano
Ele nos faz refletir sobre nosso corpo insano.
Figura 7 - Da esquerda para a direita: um grande painel
representando o Paraíso por cima de uma sala, a cidade de Nazaré, o Templo, a
cidade de Jerusalém, o Palácio, a casa dos Bispos, a porta Dourada, o Mar, o
Limbo dos padres, o Inferno.
Durante o século XII surgiram na Europa
companhias de teatro que se apresentam de cidade em cidade. Este teatro já não
tinha caráter religioso e seus atores, chamados de Saltimbancos, andavam em
carroças, sempre em grupos, chamadas trupes, e não tinham morada certa. Hoje,
esse teatro itinerante também é conhecido como teatro
mambembe.
Realidade e Sonho
Marcos Loures
Quisera ser poeta, ledo engano...
Meus sonhos foram simples
fantasias,
Pensei verter; nas minhas poesias,
Amores e sentidos, foi meu
plano.
Tentava convencer-me, mas insano,
Quando pensava assim, tu me
mentias.
Nos meus passos, falsária, me seguias...
Sonhando ser marinho,
fui serrano...
Sonhei poder vencer qualquer quimera,
Sem, ao menos, perder
um só segundo...
Embora foste tanto, fui quem dera...
Recebo essa verdade, tão soturno,
Meus dias
acabaram num noturno
Sonho, onde m’acordaste enfim pro
mundo...
Perseguidos pela Igreja e tratados como fora-da-lei, os
saltimbancos começaram a usar máscaras para não serem reconhecidos. Uma tradição
que descende diretamente desses artistas é o circo, que até hoje percorre as
cidades apresentando seus números.
Coral celebra 30 anos
com Os
Saltimbancos
Josiane Gregorio
Um cachorro, uma gata, uma galinha e um
jumento. Esses quatro bichos e um coro de quarenta vozes formaram Os
Saltimbancos, peça apresentada no mês passado no Teatro Marcos Lindenberg para
comemorar os 30 anos de atividades do Coral da Unifesp.
Sem musa
Andrade
Pinto
A minha poesia é asquerosa,
deprimente,
porque vem do avesso, do nada, do vazio.
É também assim que
me sinto atualmente,
no completo abandono...tudo tão
sombrio!
Sei que eu preciso mudar,
urgentemente,
e limpar a minha mente - terreno baldio.
Partir rumo a uma
nova vida, diferente,
com a alma leve e solta, o coração
sadio.
Quem me dera poder contar
outra história.
Deixar o meu amor se derramar em versos,
em vez de gerar
tanto lixo, tanta escória.
A minha
poesia é vergonhosa, obtusa.
São tão somente palavras, sem nexo.
Falta-me
a inspiração - uma musa.
A história narra as aventuras dos quatro
bichos que, sentindo-se explorados por seus donos, resolvem fugir para a cidade
e tentar a sorte como músicos. Ao se encontrarem, notam que, ajudando-se
mutuamente, conseguem resolver melhor os problemas que surgem.
Apresentar um
musical infantil (uma adaptação do compositor Chico Buarque de Holanda) foi um
fato inédito na atuação da formação mais recente do coral, que desde 1991 é
regido pelo maestro Eduardo Fernandes.
Fotografa
!!!!!!!!!
Rosa Pena
A saudade se espalha
como a
mancha de tinta.
No papel a cor se farta.
Se já sofro na quarta
como
será na quinta?
Pesquisas:
https://www.canalkids.com.br/arte/teatro/mambembe.htm/
https://www.recife.pe.gov.br/especiais/brincantes/6d.html
https://www.recife.pe.gov.br/especiais/brincantes/6a.html/
https://www.recife.pe.gov.br/especiais/brincantes/6c.html
https://www.tguaira.pr.gov.br/tguaira/modules/conteudo_historia/conteudo_historia.php?conteudo_historia=27
https://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed113/comun10.htm
Nara Leão(PartEspChico Buarque)-João e
Maria-wal.wav
TTNeves e Rivkah