RevisTTa
(MOMENTOS
ETERNOS)
Butterfly e Puccini
Edição
TTNeves - Arte Rivkah
Madame
Butterfly
O momento é tão longo
a fragilidade tão grande
entre o abrir e fechar das cortinas!
Sonhos descansam na clareira do verde
onde
mente a grama e os jardins.
O amor agoniza lágrimas de sangue em
Puccini.
As
peles se entregam
sem
jamais perguntar, questionar:
Diga, quem você é ,me diga
me fale sobre a sua estrada
me
conte sobre a sua vida .
Como
saber da dor se a alma soluça
a
palavra, o canto engasga
não
encontra outro lugar para morar
quando a saudade troca olhares
com luas e mares ?
Leva-me! Leva-me daqui !
A desiludida ilusão
desfila no drama
onde o amor e a morte se chocam.
A
faca é lâmina que lava a honra
com
honra morre,
quem
não pode levar a vida com honra
na
colina em Nagasaki.
Maria Thereza Neves
Se faz necessário
O
grito se faz necessário
quando a dor já transbordou,
fez-se lágrima,
mas
com o coração em farrapo,
vê-se que não amainou..
Já
passou por isso?
Nem
queira passar!
É
ver-se aturdido
onde
o único som ouvido,
está
a nos arrebentar.
É
muito doído,
mas
vem nos ensinar
que
tudo por nós sofrido,
não
ecoará em outro lugar.
Pelo
contrário,
faz
barulho, irrita
e não se quer escutar.
Se o
que
pelo Meu Pai
foi dito
não
se pára para pensar,
avalie um grito?
Meu
povo
que
é antigo,
acostumado a caminhar
entre mortos e feridos,
teve
motivo demais para gritar
e
por acaso foi ouvido?
Não..
existia um esquema montado,
muito bem engendrado
deixando uma nuvem escura no ar..
Não
foram cinqüenta,
foram milhões
e o mundo não ouviu ecoar.
Portanto, meu amigo,
vê
se teu coração agüenta,
porque infelizmente
essa dor é só tua
e
poucos contigo
irão chorar..
rivkahcohen
POETAS
Mercília Rodrigues/Sonia Pallone/Margaret Pelicano/Milamarian/Saji
Pokeo/BellVil/Wilson de Oliveira Carvalho/Tarcísio Zacarias dos Santos/Regina
Bertoccelli/Sávio Assad/Delasnieve Daspet /Solange Castilho/Zena Maciel/Jorge
Linhaça/Ana Maria Brasiliense/Humberto Amancio/Lilian Maial/Helô Abreu/Uma
Mulher Um Poema.
Sinfonia Universal
Mercília
Rodrigues
No limite da criatura, o Criador
!
Na arte da perfeição absoluta,
espalhou ao cosmo todo amor,
Maestro
universal em sua batuta ...
Fez da infinitude a sinfonia
silenciosa,
intensa, absoluta !
Doou-se em tudo na harmonia .
Acordes da orquestra tão
imensa !
Intensa ...
Do silêncio fez-se o céu,
no céu a paz profunda,
nas profundezas o véu,
adornou do belo o mundo .
A perfeição do todo
celestial
há de acordar os imortais
e na paz da harmonia universal,
cantará o homem a sinfonia
dos espaços siderais
!
Madama Butterfly, ópera em três atos de Giacomo Puccini, com
libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, baseado no drama de David Belasco, o
qual por sua vez se baseia numa história escrita pelo advogado americano John
Luther Long. Estreou no teatro Scala de Milão a 17 de fevereiro de
1904.
Adeus,
apenas...
Sonia
Pallone
"...Naquela
noite
meu coração se
encheu
com a pior vontade
de viver.
Mesmo
assim,
a vida me
arrepiava,
como um frio de
inverno úmido...
Ao meu
redor
apenas
paisagens
da natureza
silenciosa,
lenta,
insistente...
E na hora de romper
as correntes,
entre a indecisão
de partir ou ficar,
a piedade na
balança
era tão crua como
um amor ruim...
Eu não tinha ao
menos um
pedaço de
ternura
chorando pela morte
anunciada
daquele
adeus...
Antes de ir
definitivamente,
como se apagasse
uma vela,
soprei a pequena
flama
dos dias que
ficariam para trás..."
Sinopse
O Japão era um país quase
totalmente isolado do resto do mundo, até que por volta de 1870 um presidente
americano mandou uma expedição de reconhecimento a Sua Majestade Imperial, cujo
intuito era forjar laços de amizade com o Império do Sol Nascente. Nas décadas
que se seguiram, vários oficiais da marinha americana visitaram o Japão e
contraíram matrimônios temporários com jovens japonesas. A história de
Cio-Cio-San (Butterfly, ou Borboleta), portanto, se baseia em fatos reais, e
descreve as trágicas consequências de um desses matrimônios contraídos com
leviandade.
EMOÇÃO
Margaret Pelicano
Emoção é movimento
que
transita pra lá e pra cá
está
impressa na testa
de ser es vivos, daqui ou acolá!
Emoção migra do amor para o ódio,
Da
felicidade para a angústia,
Está
entre o ciúme e a inveja,
entre a euforia e o tédio,
procura entre os sentimentos remédio,
para
as disfunções sem cura!
Se
num instante impera a ira,
noutro a paz circunda,
emoção inunda
a
alma aflita!
Se
num momento há vergonha,
no outro a surpresa gera
o
susto, o medo ou a guerra...
Emoção...quando emperra
deixa faces coradas,
olhos arregalados
transita no ser humano,
desde a concepção
até
seu último itinerário...
Se
aparece como pânico,
após
instantes pode ser a gargalhada...
Que
seria do ser humano,
sem
a emoção da resignação?
Haveria um belo atrapalho!
Portanto,
crianças, jovens e velhos:
façamos da emoção uma colcha de retalhos:
cada
pedacinho de tristeza,
contrasta com a beleza da alegria;
cada
sensação de remorso
deve trazer a aproximação do perdão;
cada
vitória na vida,
o
sentimento da euforia...
Emoção acaba sendo
um
complexo de sinestesia;
tão
completo é o homem,
que
Deus em sua sabedoria,
colocou no cérebro e coração
a
bendita emoção,
junção maior de sua criação!
Personagens
Cio-Cio-San (Butterfly), uma gueixa -
soprano
Suzuki, aia de Butterfly - mezzo-soprano
B.F. Pinkerton,
Lugar-tenente da Marinha dos Estados - tenor
Sharpless, Cônsul dos Estados
Unidos em Nagasaki - barítono
Goro, nakodo (agente imobiliário e
matrimonial) - tenor
Príncipe Yamadori, pretendente à mão de Cio-Cio-San -
barítono
Um bonzo (monge budista), tio de Cio-Cio-San - baixo
Comissário
Imperial - baixo
Um notário - barítono
Kate Pinkerton, esposa americana
de Pinkerton - mezzo-soprano
A história se passa em Nagasaki, Japão, por
volta de 1900.
Por
amor
Milamarian
Entrego-te em devoção este
relicário
e todos os segredos preservados
dos dourados sinos do
campanário
os badalos bronzeados em tons alternados.
Dedico-te com
veneração o meu orquidário
e com ele todos os sentimentos
sagrados
as emoções despertadas neste santuário
nos abertos sulcos
por teu amor irrigados.
De meus olhos a extrema lágrima a sorrir
dos
meus lábios o último canto de amor
a derradeira gota de orvalho a me
sucumbir.
E da essência que acaso ainda restar
será em teu cálido solo
o padecer deste vigor
e de minha alma, tua, a última seiva a
sangrar.
Ato I
Benjamin Franklin Pinkerton,
oficial da marinha dos Estados Unidos em Nagasaki, acaba de fazer um excelente
negócio: comprou não somente uma casa na colina, com vista para o mar e o porto
de Nagasaki, mas também leva de brinde uma gueixa, Cio-Cio-San, garota de apenas
quinze anos de idade, que irá morar com ele na casa. Goro, o agente imobiliário
e matrimonial, mostra a Pinkerton sua nova casa, quando chegam Suzuki, sua nova
serva, aia de Butterfly, e Sharpless, cônsul dos Estados Unidos em Nagasaki.
Pinkerton oferece um uísque ao amigo, e explica a ele o negócio que acaba de
fazer. Sharpless o adverte, porém, de que seria um grande pecado machucar os
sentimentos da garota, que parece acreditar na seriedade desse casamento e está
perdidamente apaixonada por ele. Pinkerton, numa atitude racista, ergue um
brinde ao dia em que se casará de verdade com uma esposa americana. Chega
Butterfly com suas amigas, que cantam um hino à beleza da paisagem e à ternura
das garotas do Japão, enquanto Cio-Cio-San canta seu amor por Pinkerton. Chegam
convidados, os parentes todos de Butterfly, com exceção do tio, um monge budista
que se opõe a esse casamento. Butterfly, porém, confessa que visitou a missão
americana em Nagasaki e se converteu à religião de Pinkerton - prova da
sinceridade dos seus sentimentos. A cerimônia de casamento de Butterfly e
Pinkerton é interrompida pela chegada do tio bonzo, que ficou sabendo que
Butterfly havia renunciado à fé dos seus antepassados, e lança uma maldição
contra ela. Butterfly chora, mas é consolada pelo marido. Os convidados se
retiram, e Butterfly e Pinkerton estão finalmente a sós. A noite cai. Segue-se
um dueto de amor entre
ambos.
silêncio profundo
Saji
Pokeo
Em um simples
objeto,
Numa cor ou fragrância
Seja abstrato ou concreto
Lembram tempos
da infância!
Volta, como num encanto,
Como uma visão repentina
Ecoa
nos ares como um canto
Suave e doce como menina!
Tristeza e quietude
se faz agora
Porque não há nada neste mundo
Que apague os tempos de
outrora!
Nada mais tétrico e moribundo
Palpitante, que no corpo se
aflora
O mórbido som do silêncio profundo!
Ato II
Pinkerton regressou aos Estados Unidos; prometeu, porém, que
voltaria "quando os pintarroxos fizerem os seus ninhos." Já se passaram três
anos. Butterfly chora, e Suzuki reza o tempo inteiro, ajoelhada diante da imagem
do Buda. Suzuki diz a Butterfly que suspeita que seu marido não voltará mais.
"Cala a boca, ou te mato!", responde Butterfly. Ela chora, mas não perde a
esperança: Un bel dì vedremo - um belo dia veremos um fio de fumaça no horizonte
- o navio de Pinkerton! Chega Sharpless, que traz uma carta de Pinkerton para
Butterfly, cujo objetivo é prepará-la para o golpe que ela vai receber, ao saber
que ele se casou com uma americana. Butterfly lhe pergunta quando fazem seus
ninhos na América os pintarroxos. "Não sei," responde Sharpless, "nunca estudei
ornitologia." Logo após chega Goro, trazendo um novo candidato à mão de
Butterfly: o Príncipe Yamadori, homem rico e perdidamente apaixonado por
Butterfly. Butterfly o repele com zombarias, reafirma que está casada com
Pinkerton, e manda o príncipe e o insolente nakodo embora de sua casa. Sharpless
começa a ler a carta, mas não consegue terminar a leitura, porque Butterfly o
interrompe o tempo todo com manifestações de carinho e fidelidade ao marido, e
ele também não tem coragem de revelar-lhe a rude verdade. Num gesto brusco, ele
fecha a carta, a põe de volta no bolso, e pergunta a ela o que ela faria se ele
não voltasse. Voltaria a ser gueixa, responde Butterfly; ou, melhor ainda - "me
mataria." Sharpless pede a ela que pare de alimentar ilusões e aceite a proposta
do rico Yamadori. Sentindo-se ultrajada, Butterfly mostra a ele o filho que ela
teve com Pinkerton, cuja existência tanto o cônsul como Pinkerton ignoravam.
Sharpless promete escrever a Pinkerton para revelar a ele a existência desse seu
filho, e se retira. Lá fora, Suzuki golpeia Goro, acusando-o de espalhar
calúnias a respeito do filho de Butterfly, dizendo que ninguém sabe quem é o pai
do garoto. Ouve-se um tiro de canhão vindo do porto. Uma nave de guerra!
Butterfly olha com seus binóculos e lê o nome do navio: é o Abraham Lincoln, o
navio de Pinkerton. Suzuki e Butterfly decoram a casa com flores primaveris,
para aguardar a chegada de Pinkerton (Scuoti quella fronda di ciliegio, o famoso
Dueto das Flores). Sem poder dormir, Butterfly esperará a noite toda pelo
marido.
Preciso falar que te amo?
BellVil
A
noite se aproxima e meu pensamento em ti, ainda continua
No
ar ainda estão nossos perfumes, em meu corpo sinto ainda o teu
calor
Essa
pausa que nos afasta, só serve para relembrar com ternura, nossos momentos
de amor
Essa
paz que deixas sempre comigo, levo seja onde fôr
Assim sempre imaginei que seria esse sentimento, que não tem
tamanho e tampouco como calcular o valor
Não se avaliam corações apaixonados, eles são doados e já
não nos pertencem, troca mútua quando nos entregamos ao
amor
Se o
teu já me pertence e do meu, te tornastes dono...Preciso falar que te
amo?
Claro que precisa, pois quero ouvir também toda hora, por que
guardar o que em nosso peito, está a gritar!!
Ato III
Butterfly, que não
dormiu a noite inteira, canta uma cantiga de ninar para o filho, que adormece
nos seus braços. Suzuki aconselha a ela que durma também; quando Pinkerton
chegar, ela virá despertá-la. Exausta, ela por fim cai no sono. Falta pouco para
amanhecer quando batem à porta; Suzuki vai atender, são Sharpless e Pinkerton.
Pinkerton, ao ver todas as flores e ao ouvir de Suzuki como Butterfly o esperou
todos esses anos, é tomado de um súbito remorso. De repente, Suzuki nota uma
mulher no jardim, e pergunta quem é ela. Sharpless não aguenta mais essa farsa e
conta-lhe toda a verdade. Suzuki leva as mãos ao rosto e diz: "Santas almas!
Para a pequena, o sol se apagou!" Sharpless pede a Suzuki que vá ao jardim falar
com Kate Pinkerton. Enquanto isso, este último, possuído por um remorso
avassalador, por fim reconhece que foi naquela casinha pequenina que ele
conheceu a verdadeira felicidade (Addio, fiorito asil). Pinkerton sai correndo;
ele não tem coragem de enfrentar a jovem cuja vida ele destruiu. Butterfly
desperta e, ao sair do quarto onde estava dormindo, entra na sala e se depara
com Sharpless, Suzuki, e uma mulher estranha. Suzuki chora. Num átimo, Butterfly
compreende tudo. "Não! Não me digam nada. Eu já sei. Aquela é a mulher de
Pinkerton?" Kate pede a ela que lhe entregue o seu filho. "Serei como uma mãe
para ele." Butterfly promete que o entregará dentro de meia hora. Sharpless e
Kate se retiram, e Butterfly pede a Suzuki que vá buscar seu filho. Enquanto
isso, ela retira de um baú um punhal, com o qual seu pai havia cometido seppuku,
também conhecido como hara-kiri, um suicídio ritual japonês, e lê a inscrição:
"Com honra morre aquele que não mais com honra viver pode." Suzuki volta com o
garoto, e Butterfly pede a ela que a deixe a sós com ele. Ela beija ternamente o
seu filho, e pede a ele que nunca se esqueça da sua mãe japonesa. Venda os olhos
do menino, dá-lhe uns brinquedos para que brinque, e enfia a faca no ventre. É o
fim.
NEM O TEMPO...
Wilson de Oliveira Carvalho
Impossível esquecer as
feridas,
se nem o tempo
foi
capaz de cicatrizar.
Nesta situação de tortura,
difícil deixar de ouvir,
o clamor de um coração
que,
sem motivo, foi ignorado e,
em
algum lugar, esquecido.
Parece que as coisas mais
insignificantes,
criaram vida para atormentar,
para provocar lágrimas,
como se não fossem velhas
conhecidas.
Esses inauditos fantasmas,
que
surgem freneticamente
a
cada segundo,
rodeiam sem dar paz,
acabando por estraçalhar,
o que resta de um sentimento.
Interessante,
como
somos afeitos
a
não dar valor ao que temos,
talvez, até seja por estarmos
constantemente nos preparando
para
conquistar o infinito....
Contudo,
em
dado momento, perdemos tudo,
até
o que nunca possuimos,
e,
aí, nos debruçamos
nas
ventanas do destino,
e,
ali, vivemos sozinhos
e sem arrimo....
Giacomo Puccini
(1858-1924)
Ciúme difamador, doença incurável, suicídio,
sucessos e fracassos. A vida de Puccini daria uma bela (e típica) ópera sua. Ele
é considerado, depois de Verdi, o maior compositor italiano de óperas,
prestigiado em vários países. Puccini pode ainda ser considerado o pai do teatro
musical moderno – que se desenvolveria posteriormente com artistas como Vincent
Youmans, Victor Herbert e Cole Porter.
História de amor
Tarcísio Zacarias dos
Santos
Não sei por que amo tanto.
Perderia tempo se
tentasse explicar,
ficaria confuso e te deixaria também.
Se encontrasse
uma explicação racional,
o amor perderia o sentido.
Amor só entende quem
sente
ou quem já sentiu.
Quem ama intensamente
não se preocupa em
explicar,
passa o tempo todo amando.
Sentimento não precisa ser
explicado.
No máximo, a gente diz como é,
qual o tamanho e a cara que
tem,
qual o tempo que a gente quer que ele dure.
Invariavelmente este
tempo é a eternidade.
O tempo vai passando,
dando cara nova às pessoas,
aos acontecimentos e sentimentos.
O tempo faz a gente notar que
histórias de amor tomam formas novas,
Deixam de ser inéditas.
Tornam-se públicas.
Viram versos, viram lágrimas.
Apertam corações
confidentes.
Histórias de amor não são tristes,
Não são alegres.
São histórias, somente.
Não é porque uma lágrima
seja representação
maior de uma história
que ela tem de ser triste.
Lágrima rola no rosto
de todo mundo.
A vida é feita de histórias tristes
e histórias alegres
também.
Tem histórias que a gente
não consegue classificar,
que
não encontra palavra
ou sentimento para representar.
Não é preciso
classificar as histórias,
organizar por tema,
intensidade e duração.
Histórias perdem a graça
quando rigidamente classificadas,
ficam
parecendo catálogos,
fichários, receitas de bolo.
Imagine uma
história de amor contada
como se fosse receita de bolo.
Que graça teria?
Ingredientes, modo de preparo,
porção para duas pessoas.
E os
personagens que não se misturam,
que são como água e óleo?
Como juntar
ingredientes tão díspares?
Misturar água e óleo,
receita mais
absurda.
Francamente...
Com o
tio, então diretor do Instituto Musical Pacini, e com o maestro Carlo Angeloni
começou os estudos de música. Iniciou a carreira aos 14 anos como organista de
igrejas na cidade de Lucca, na Toscana, onde nasceu em 22 de dezembro de
1858.
MEU VELHO PIANO
Regina
Bertoccelli
Sobre meu piano, um metrônomo insiste
em marcar um
andamento,
mas meus dedos cansados e envelhecidos,
não conseguem mais a
virtuosidade de outrora
As teclas de marfim guardam notas perdidas
de uma
partitura esquecida, envelhecida...
Perdi os sons vibrantes,
os acordes
marcantes...
Resta-me a docilidade infantil de apenas
brincar sobre o
teclado já amarelado
pelo tempo
Notas desafinadas repercutem na sala
vazia,
entre fusas e semifusas distoantes
O brilho envernizado de meu
velho piano,
reflete meu semblante triste e saudoso
Sem desistir, insisto
em reviver os sons
do passado, mesmo pressentindo
que não os trarei de
volta
Vencida pelas tentativas vãs, meus dedos
se recolhem diante de
minha
fragilidade e comoção
E calo abruptamente as teclas
Fecho meu
piano, recolho os fragmentos
de minha alma entristecida e vencida
Quem
sabe amanhã, ou depois,
o tempo me devolva a agilidade perdida
Quem
sabe...
A ópera
entrou na vida de Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini aos 18
anos, quando assistiu a "Aída", de Giuseppe Verdi, em
1876.
Chuva de Amor
(Sávio Assad)
Esta
chuva que cai, molhando seu corpo
Desvendando detalhes de malícias do amor
Revelando todo percurso do tato no escuro
Me
dando prazer em te sentir molhada e serena.
Fazendo meu corpo tremer ao
pensamento
De
te-la novamente em meus braços
A
procura de meu corpo seco e macio
Te
esquentando e te aquecendo.
Neste embate do amor vibramos juntos
A
procura do tremer das carnes
E da
realização do prazer uniforme
A
banhar nossos corpos ardentes.
Apesar
da situação econômica difícil desde os 5 anos de idade – quando o pai morreu -,
Puccini ingressou no Conservatório de Milão em 1880 graças a uma bolsa de
estudos concedida pela rainha Margherita e a ajuda financeira do tio. Embora não
tivesse a idade mínima permitida, aos 22 anos ingressou diretamente na turma
"sênior" do conservatório.
O Poema Que
Ressoa em Mim.
Delasnieve Daspet
Sem aviso, surgistes.
É
tudo tão novo, como o dia,
que começa bem cedo.
Não sei o que
acontece...
A estrada parecia tão longa,
de repente, sinto-me em casa.
Duas vidas.
Dois mundos.
Me estendestes a mão e o coração.
Que sei agora?
Quem somos?
Quem sou eu?
Quem és tu?
Estava tão só até tua chegada,
Poema, perdido, que ressoa em mim!
E volito... me dispo, mundana,
escrava que sou de teu poder...
Assumo outro eu, sonhador,
que vive, no abissal mundo, que sou.
Me entrego a ti, palavra,
perdida, solta, cheia de vida,
tantas
vidas, sou eu, em mim...
Três anos depois, já
de saída do conservatório, compôs sua primeira ópera, "Le Villi", visando ganhar
um concurso. Perdeu, mas seguiu seu destino. Em 1889 estreou no teatro Scala, em
Milão, a ópera "Edgar", também sem muita repercussão. Cogitou largar tudo e
recomeçar a vida na Argentina, onde vivia o irmão.
Foi com "Manon
Lescaut" (1893), sua terceira ópera, que obteve a fama internacional. A escolha
desse tema foi uma ousadia porque havia sido baseada em uma história de recente
sucesso do francês Jules Massenet. A obra de Puccini logo ganhou o mundo e foi
aplaudida de Londres a Budapeste, passando pelo Rio de Janeiro e Buenos
Aires.
O ÚLTIMO GRITO
SOLANGE CASTILHO
Sinto o meu sangue jorrar
e não
tenho prantos para chorar
sei que um dia todos irão se lembrar
daquela que
morreu por acreditar.
Meus olhos só podem fitar o escuro
meu corpo já esta
frio,inerte e duro.
Tantas noites desertas,
tantos amores
incertos
tantas dores no peito.
Tão difícil ver a vida assassinada.
Tão
difícil ver que meu último grito
não foi ouvido...
Será que alguém teria
prantos,
teria voz, ou seguer
um gesto para esse momento?
Ao redor as
flores vão dizer
que eu morri de viver.
As velas nos castiçais vão
dizer
que eu vivi para morrer.
Solitário esta meu corpo
que já começa a
vagar.
Será que alguém vai se importar?
Será que alguma flor vai se
abrir?
Pra que falar, pra que chorar,
se agora de nada vai
adiantar.
Agora que não há
mais amor em meu coração.
Agora que eu sinto
que já morri para todos,
principalmente para você...
Ninguém vai ver minha
partida
não quero deixar prantos na despedida.
Guarde meu nome
contigo,
meu nome é nome, só nome
é simples mas decisivo,
eu parto sem
chorar dor,
eu parto mas deixo aqui o que fui...
Deixo
amor...
Solange Cardozo dos Santos Castilho
******
Amor
doentio
Puccini realizou um amor impossível – pelo menos para uma
Itália católica ultraconservadora e preconceituosa. Aos 25 anos, começou um
romance com uma mulher casada, Elvira Gemignani. Tiveram um filho, Antonio,
nascido em 1896. O casamento ocorreu em 1904.
Olhos de
Solidão
Zena
Maciel
No prelúdio da
noite
a trôpega alma silencia
beija a amarga boca da
agonia
O estéril tempo se
vai
leva consigo a bagagem
pesada de sonhos
Esvazio o cântaro da
ilusão
choro. a dor ... com olhos
molhados de
solidão
O coração
fossilizado
grita forte e desesperado
diante do estupro do amor
!
A relação foi conturbada.
Ciumenta, Elvira acusou a empregada da família Doria Manfredi de seduzir e
manter relações sexuais com Puccini. Pressionada, Doria suicidou-se em 1909 com
veneno, na casa dos Puccini. A autópsia confirmou a virgindade dela. Elvira
teria sido presa por alguns meses por injúria contra a empregada, além de pagar
indenização à família da acusada.
Acontecimentos ruins ainda marcariam a vida do
compositor. "Era como se eu tivesse sofrido um linchamento, os carnívoros não
escutaram nenhuma nota da minha música. Eram loucos, bêbados e cheios de ódio.
Mas a minha Butterfly não morre. É a ópera com o mais profundo sentimento e
imaginação que já criei", disse após a estréia da ópera "Madame Butterfly" em
fevereiro de 1904. Foi um fracasso inesperado.
A
HORA DA PARTIDA
Jorge Linhaça
Caminho pela estrada desta despedida
O
infinito assim aberto à minha frente
sem
saber do futuro, vivendo o presente
deixando para trás parte de minha vida
Caminhos que se trilham ao caminhar
Jornadas que se executam
no percorrer
para
um futuro pleno de maior saber
De
tudo que a vida me possa ensinar
As
lembranças que carregarei comigo
são
as imagens do que a vida me deu
o
privilégio de ter vivido feliz contigo
Um
amor que o coração não esqueceu
um
reviver de um eterno e cruel castigo
A paixão que no tempo assim se
perdeu
O compositor persistiu. Debruçou-se sobre a obra,
revisando tudo e refazendo alguns trechos. Dividiu o segundo ato em duas cenas e
eliminou alguns trechos do primeiro. A versão revisada obteve um estrondoso
sucesso meses depois.
SINTO TANTO TUA PARTIDA
Ana Maria Brasiliense
Sinto tanto tua partida...
Pensei que irias ficar !
Partes lenvando parte de nossas vidas.
Partes deixando saudades...
Sinto tanto tua partida !
Não
posso deixar de chorar... sinto tanto !
Por
mim por ti...
Pensei que irias ficar !
Sinto tanto...
Por
favor não vá !
Outro acontecimento atrapalhou o andamento de seus
trabalhos. Em 1903 sofreu um acidente de carro. A recuperação foi lenta. Ficou 8
meses em uma cadeira de rodas. Na ocasião foi diagnosticada sua diabete. Nunca
mais sua saúde foi a mesma.
SOLIDÃO
Humberto
Amancio
Ainda sob o pós
das estrelas
que neste momento não brilham
mas derretem seu brilho em
mim
sentado num campo sem flores
a pensar na lua que sumiu
e no sol que
não vai aparecer
me sinto perdido e só no cosmos.
Sei e dizem que
sei
que tudo é passageiro
mas não é o tempo que penso
e sim a vida como
vida
e dona do tempo...
Por isso não espero nessa solidão
tento ver
além desse cosmos desfeito
e encontrar outra dimensão
onde as estrelas, o
sol e a lua
não sejam expectadores desfeitos
de uma solidão que
sinto
mas sim agentes que me levem
a sair dessa solidão sem amor
sem na
verdade eu mesmo.
E esse pensar me faz pensar
vou continuar a
procura
mesmo sabendo que terei
que ir até o infinito
ou outras
dimensões
mas encontrarei esse amor
que existe dentro de mim
mesmo
estando só.
Ainda envolvido com "Madame Butterfly", Puccini já
começava contatos com a embaixada do Japão. Era o embrião de "Turandot", que ele
deixou inacabada, sendo concluída por Franco Alfano. Enquanto trabalhava na
orquestração do segundo ato, no final de 1923, as dores na garganta se tornaram
insuportáveis. Puccini continuou a ignorar a doença, que
avançava.
AMOR
Lílian Maial
Molhado
vulcão da paixão,
devasta a nefasta sede
e, na rede, joga a isca,
se
arrisca num bote,
é o mote do poeta:
vilão pateta dos luares.
Há mares
de mais no horizonte,
infindável fonte
de inspiração,
sofreguidão de
marinheiros,
escudeiros do amor pingado,
esse, deixado de lado...
Por
fim, converso com meus botões:
- Amar! Ah! De amar sabia
Camões!
Em fevereiro de 1924 completou o segundo ato de
"Turandot". Nos meses seguintes, trabalhou rapidamente na orquestração do
terceiro ato _ até a cena da morte da personagem Liú. Com dores cada vez mais
intensas, decidiu procurar um médico, que, a princípio, diagnosticou uma
inflamação na garganta.
Internou-se em uma clínica de Bruxelas em 4 de
novembro daquele ano. Mesmo assim, continuou trabalhando em "Turandot". No dia
24 do mesmo mês foi operado e cinco dias depois morreu de insuficiência
cardíaca.
Tantos caminhos
Helô Abreu
Tantos
são os caminhos
Que temos que caminhar
Uns tortos outros as vezes
retos
Desafios que a vida nos faz
Neste nosso eterno andar
Não!
Não
quero pombas soltas
A me acompanhar
Nem céu infinito de azul,
A me
iluminar..
Grito ao mundo em surdina,
Quero caminhar pela vida
Como
ela é
Como mereço
Com pés fulminando a cor dos poros
Com
loucura,
Com passos ora rápidos
Ora bêbedos
Que me violem,
Com
palavras pequenas,
Apenas para que voem..
Eu não vôo..caminho
Que
arremessem os meus suspiros
Contra ondas de pedras e de calor..
Eu
continuo meu caminhar
Que me matem e me engulam
Num grito de silêncio
perdido no chão,
Deste meu eterno caminhar
Pois só assim chegarei a
conclusão
Que todas as pegadas
No chão, por mim deixadas
São
somente minhas
E de ninguém mais...
.
"Turandot", uma de suas óperas mais ambiciosas,
estreou no dia 25 de abril de 1926, no teatro Scala. O maestro Toscanini, seu
amigo, interrompeu o espetáculo no meio do terceiro ato – até onde Puccini havia
escrito -, abaixa a batuta, volta-se para o público e diz: "A partir deste ponto
o maestro morreu".
AMOR E DOR
Uma Mulher Um Poema
Anoitece e os pensamentos
Perfuram
minha mente
Tal qual um punhal afiado
Causando dor e
sofrimento.
Seu corte é profundo
No gume que se afia à luz da
lua
Faz sangrar o coração e a alma
No amor que se transforma em vil
tortura.
Amar não é padecer em sentimentos
Mesmo assim, padeço nesse
querer
Ecôo teu nome em múltiplos suspiros
Por ti, me esvaio em desejo até
desfalecer.
UMA MULHER UM POEMA
Publicado no
Recanto das Letras em
04/08/2006
Pesquisas
nos sites:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Madama_Butterfly
https://www.correiomusical.com.br/mat1.htm
Agosto de
2006
TTNeves e
Rivkah