Contam os Estoriadores
Rivkah Cohen
Por
anos o
tímido cedro olhava
de longe a
beleza de sua amada e por
amor se rendia. Acompanhava
seu
ritual, sua
florada, uma flor
especial chamada
pinha. No
coração já não
cabia, o palpitar desse
Longelínio,
cones
eretos, folhas
persistentes, mas
era por ela que procuravam as
aves e as
pessoas interessadas no que
produzia. Que
culpa ele
tinha? Quando
se viu já estava apaixonado pela araucária, poderosa
e tão linda. As
outras riam, caçoavam, se
divertiam. Isso
não está certo! Onde
já se viu um
cedro querer
polarizar com
outra espécie, outra
classe, outra linha! - Não
fui plantado, se
defendia. Um
pássaro amando,
como eu tenho amado.. - Ôooooh!
Vaiavam e o interrompiam.. Manhã,
tarde, noite, primavera,
verão.. e num
determinado dia os
ventos pareciam açoites. Vieram
com força de um furacão e
arrancavam folhas, raízes e
as árvores gritavam, gemiam.. Contam
os estoriadores de
forma até bem detalhada que o
cedro, todo
ensangüentado, ainda
falou de amores para a
araucária, sua amada, enquanto
se despedia..