Caminho negado
Rivkah
 
 
Tentaram
Reverteram
Negaram
O peso da herança foi tanto
que por um encanto,
a versão foi mudada...
Não houve pranto
Não existiu matança.
Uma história inventada...!
 
De repente... da multidão
levanta-se a Lembrança
provocando impacto.
Traz de volta a infância
e mostra 
seu braço, vergonhosamente tatuado.
Uma das milhões!
Que maior descrédito
diante daquele número marcado!
Que argumento mais sério
diante da ausência de humanidade
em série?
 
Fica, então, a seu critério
no que vai acreditar...
Na dor marcada na pele
ou
no que resolveram negar...
 
 
*+*+*
 

Será Lenda???

Rosa Magaly Guimarães Lucas

- Eire

 

 

 

Não sou idiota, tampouco sou demente,

E testemunha sou dessa vergonha

Que manchou a terra em cinza e sangue

Derramado por um povo inocente...

Quem disse que não foi, será que sonha,

Ou como essa raça está exangue?

 

Como não foi? Será tudo mentira?

O que ‘inda jovem um dia eu ouvi,

E adulta em Dachau presenciei?

Por que tanta arrogância, tanta ira?

Por que não sentem dor como eu senti,

Ao visitar Auschwitz quando eu chorei?

 

Por que agora querer tapar co’ um pano,

Grosseiro, esfarrapado e tudo o mais

O que fizeram co’ a raça judia?

Já não basta a esse povo o desengano

De ser transportado como animais,

De ser como eram de pouca valia?

 

Temo que o mundo volte a esse inferno,

Onde crianças e jovens marcados

Por uma tinta que nunca mais sai,

Pelo terror que vivem, em eterno

Pesadelo de serem assassinados,

Que a muitos à loucura levar vai?

 

Tive amigos que nunca mais sorriram

Como quando pequenos no Brasil,

Pois há medo expresso nos olhos seus,

Há o pânico pelas cenas que já viram,

O estampido que ainda ouvem, do fuzil.

Será possível desmentir, meu Deus?

 

Agora dizem que foi tudo lenda,

Lenda somente, que não houve nada...

Que é talvez mais um “Conto de Bruxa”...

Esquecem-se que a coisa foi horrenda,

Quem nada teve de Conto de Fada...

Que tão somente para o mal repuxa.

 

Jacaraípe, Serra, Espírito Santo, 10/02/2005

 
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