RevisTTa

(MOMENTOS ETERNOS)

  Mário Quintana

(Centenário em 2006)

Edição TTNeves - Arte Rivkah

Editorial

E vamos comemorar este centenário

em branco não poderia passar ...

 Mário escreveu:

"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira".

Diziam os mais íntimos, que Mario Quintana era o poeta das coisas simples e fazia pouco caso em relação à crítica. Conforme costumava comentar, sua poesia era feita simplesmente por sentir necessidade de escrever.

A eternidade escreveu, nos deixou de presente.

Parabéns Mário Quintana , feliz aniversário...

muitos poetas não haverão de faltar

e com você hoje comemorar !

Outubro/2006

Maria Thereza Neves

POETAS

Cdor Heraldo Lage/Rose Arouck/zuleika/Sulla/Andre Luis Aquino/Sérgio Diniz Barros Guedes/Marco Cardoso/Lilipoeta/Tahyane Rangel//Cássia Vicente/Ceres Marylise/Anna Peralva/Theca Angel/Mônica Neves/Myriam Peres/Sávio Assad/Diógenes Davanzo/Noris Roberts/Isar Maria Silveira/Silvane Saboia/Elane Tomich/Watfa Ramos/Fernanda Pietra/Fabiana Louro/Aurea Abensur/RivkahCohen/Erigutemberg Meneses/Wilson de Olieviera Carvalho/Joyce Sameitat/Eme Paiva/Maria José Zanini Tauil/Vera Jarude/Heili/Camila Almeida/Milton Sousa/Ricardo Manieri/Marines/Maria Goreti Andrade Carneiro Dias.

NA CALADA DA NOITE
Cdor Heraldo Lage


Enquanto buscas n'uma noite, calada
Apagar teus mais doces sentimentos
Abafando gritos em teu leito trancada
Vivendo sozinha tão tristes tormentos


Cerrando cortinas, travesseiro mordendo
O cheiro de alguém, teu amado, evitando
E mesmo sob a água do chuveiro vivendo
Saudade, lembrança, ternamente amando


Buscando uma distração em teu computador
Insatisfeita mesmo assistindo a tua televisão
Vivendo apenas forte lembrança, grande dor
Afastando-te assim de tua própria satisfação


Não percebes o quanto sorrir mereces
Esse alguém que n'um dia viste partir
Sem que notes ouvidas as tuas preces
Tens nas mãos teu maravilhoso porvir


Te esqueces de pensar que em algum lugar
Há alguém passando, como tu, por um açoite
Vivendo as mesmas coisas por também amar
A mulher que tanto o ama na calada da noite.
 
Um pouco de sua vida  

Mario Quintana (nasceu no dia 30 de Julho de 1906, Alegrete, RS- morreu no dia 5 de Maio de 1994, Porto Alegre, RS) foi um dos maiores poetas brasileiros.
Considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica, trabalhou como jornalista quase que a sua vida toda. Traduziu mais de cento e trinta obras da Literatura Universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs.Dalloway de Virginia Woolf e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Em 1940 lançou o seu primeiro livro de poesias, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966 foi saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manoel Bandeira, e obteve o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores pela obra Antologia Poética.
Viveu grande parte da vida em hotéis, sendo que o Hotel Majestic ou Majestoso Hotel ou Hotel Majestoso no centro Velho de Porto Alegre foi tombado e transformado em centro cultural e batizado Casa de Cultura Mario Quintana em sua homenagem ainda em vida. Em seus últimos anos de vida, era comumente visto caminhando nas redondezas.
Segundo o próprio poeta, em entrevista a Eddla Van Steen em 1979, seu nome não tem acentuação.
Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações estão sendo realizadas no Estado do Rio Grande do Sul.
 
DEVOLVE
(ROSE AROUCK )

Devolve  o meu sorriso
Que eu deixei esquecido
No castanho dos teus olhos.
 
Devolve minha certeza
De que a vida é só beleza
Que não existe tristeza
Pra quem tem quem lhe console.
 
Devolve meu paraíso
Com as flores, que eu preciso
O meu futuro enfeitar.
Devolve minha antiga calma
Que embalava minha alma
Fazendo-me acreditar,
 
Que nesse mundo fatídico
Tem recomeço contido
E que vale à pena sonhar.
 
Devolve meu coração
Que te entreguei em razão
Do meu grande amor por ti.
Devolve minha euforia
Minha cor, minha alegria
Que um dia eu já senti.
 
Devolve a inspiração
Que me brotou tantos versos
Em forma de ilusão,
Que agasalhei na emoção
De te ter tão longe e perto;
Que se transformou por certo
Em uma sublimação.
Devolve o que me roubou
E te devolvo o amor
Que agora é uma maldição.
 
"Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!"
Mário Quintana

 
Pétalas ...
zuleika

Minha vida, como uma flor,
se desmanchou em pétalas
de sonhos desfeitos ,
perdidos no eco distante
da saudade ...
Na esteira do que passou,
no lamento sufocado,
naquele anseio calado,
no amor desperdiçado,
na rima de flor e dor ...
Lembranças, doce tortura !
Em seus braços deito,
deponho minha amargura ...


Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

Mário Quintana
 
VOA, BORBOLETA!!
 Sulla


Me encanta vendo a borboleta voando
Livre nos campos
Pousando de flor em flor
Provando o néctar do amor

Soberana, num vôo rasante
Tão bela, tão provocante
Destilando seu cheiro no ar
Suas asas num suave soar

Me encanta a sua perfeição

Voando a borboleta
Livre nos campos
Leva em suas asas
Pedaços do meu coração


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
Mario Quintana

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!
 
Queria virar um poema
Andre Luis Aquino
 
Eu queria deixar de me ser
Para virar um poema
Desses que fazem a gente chorar
Um daqueles que nunca deveriam acabar

Queria ser aquele poema
Que o amante escreve para a pessoa amada
E transformam amiga em namorada
Que fazem chorar o coração
Mesmo aquele da pessoa mais sofrida
E a mais fechada
Daquela que tem emoção
Mas agüenta tudo quieta e calada

Queria ser a frase certa
Para a Maria, Carolina, Beatriz ou Roberta
Queria ser as palavras de um amigo
Para o José, Pedro, Luís ou Rodrigo

Se eu fosse um poema
As batidas do meu coração seriam cada verso
Num jubilo que o fim está no começo
Porque o que está certo sempre
Parece pelo avesso?

Se eu fosse um poema
Seria um daqueles de amor
Que fala de saudade, perda , carinho ou dor

Porque amar é voltar sem ter sido chamado
É parecer que é certo quando está tudo errado
É estar longe quando se deveria estar ao lado
É dizer B quando deveria dizer A
É continuar voando quando já deveria ter aterrissado
É pensar que está no presente quando já virou passado


Mas amar não é só isso
É ser a luz do seu escuro
É estar do outro lado do muro
É falar sem precisar dizer eu juro
É ser simples, básico, comum e puro
É ter feito parte do seu antes, ser o seu agora
E quem sabe seu futuro

Nas palavras desse poema
Vou viver sonhos de um poeta
Que queria transformar um quadrado
Em uma reta
Morrerei quando o fogo das palavras de tanto esfriar
Nos seus olhos virar gelo
E o Poema também morrerá se depois de sua leitura
Você Esquecê-lo



DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana
 
QUE SAUDADE...
Sérgio Diniz Barros Guedes

O meu silêncio
estava depositado
na viva lembrança...
os meus olhos vidrados
na chama do fogão
a lenha, lembrando...
o meu nariz cheirava
o aroma da panela
não vazia, e eu sentia...
a saudade do seu jeito,
a saudade da sua alegria
e da harmonia que reinava
naquela sala, onde parava,
quem queria beliscar
as delícias do forno caseiro.
Onde estão as mãos de fada,
que transformava tudo que tocava.
Que saudade da minha matriarca...
meu pensamento escapou do baú,
onde estava tudo que guardava.
Que saudade... que saudade...
a chama apagou.


AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana
 
Quero ser silêncio.
Marco Cardoso

Eu gosto quando você cala
e me olha de um jeito
e a minha voz não lhe toca
e a minha alma por ti roga
parece que tudo envolta enuveceu
nesta fração de segundo
fugimos juntos
sua boca pede
eu busco corresponder
linguagem corporal
e a minha voz te alcança
permaneço enebriado pelo sabor
eu gosto quando você cala
tento adivinhar o que irá dizer
sem saber ao certo o que fazer
sonho com o momento no qual
o próximo silêncio vai ocorrer
pois meu maior desejo
é que meus lábios
sejam o porque.


DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana
 
EU GOSTO DA LUA
Lilipoeta

Eu gosto de música e da tarde nua
do inverno rigoroso e da promessa
de ter um novo bis, outra saída
e ficar na janela olhando a lua.
Gosto de pisar na grama molhada
e do pé de Manacá da minha rua.
Eu gosto de jogar conversa fora
com chocolate quente, blues e festa.
Gosto de homem educado,
alegre, sorridente e perfumado
que manda flores e depois convida
para fazer poesia em nossa madrugada.
Eu gosto de sonetos e haicais
de beijo melado e de carinho
do som do violão do meu vizinho
e do barulho alucinante dos pardais.
Gosto de ler na minha cama, esparramada:
Pessoa, romances e  emoção
Nos meus dias de chuva, solidão.
Também gosto de uva e gentilezas,
do mar, de ostras e de queijo
de amasso,  mordida no queixo
de gente honesta, amor e sutilezas.
Eu gosto do perfume da manhã
e depois do poema, um cafezinho
gosto de ser acordada prá mais um carinho
e de comer strudel quente de maçã...
Gosto de pisar fundo e de leitura fácil
da chuva a cair devagarinho
Gosto de viajar de avião
Ah! eu gosto (de novo ?) de beijo e de paixão.
Gosto de Porto Alegre,  bah! tri demais
também gosto de viajar por Minas Gerais.
Gosto de estar entre amigos
de dormir feito "conchinha"
Gosto dos carinhos da Aninha.
e da palavra correta
que meu filho pronuncia ...
Gosto de crer que sou mesmo capaz
Ah... eu gosto mesmo é de paz
e de ficar na minha janela
olhando prá lua...
Isso sim,  é demais!


POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana
 
O ANJO E A FERA
Tahyane Rangel

Em mim habita uma fera
que espreita
que aguarda...

Matreira, observa
um anjo que vive
neste mesmo coração
que sonha, que ama
que ri, que chora
Quando o anjo adormece
a fera desperta
caminha, ruge,
salta, abocanha,
abate...

Desperta no cio,
é movida a paixão
passional, sensual,
felina combate
abate

saciada, em languidez
adormece

O anjo desperta
vê a fera adormecida,
sorri, entende, perdoa,
Sabe que a fera é criança...
Com amor a amansa
Sabe que ela o ama
pois habitam um mesmo coração!



O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
Mario Quintana
 
Por favor...
Cássia Vicente


Fala passarinho
canta pra vida
o que um dia foi vida
e da dor se fez morte!

Canta passarinho
expõe no si-be-mol
o que aconteceu
quando a cama se desfez!

Pia...pia passarinho
coloca nas notas a tristeza
mostra por que na luz
o amor se fez!

Por favor passarinho
não deixe escapar um pio
canta...canta...encanta
minha dor que um dia
sem resposta a luz se foi
só restando a dor de amor!

Canta passarinho...encanta minha dor...


EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana
 

SONHO IMPOSSíVEL

CERES MARYLISE

Através dos sentimentos represados
Vemos tão claro que quase é impossível
Crer que tudo não passa de um sonho
Onde acontece sempre o imprevisível...
Na verdade, sonhamos acordados
Porque eles nos levam a um lugar
Que não é nosso e nada conhecemos...
Mas os olhos fechados nos transportam
À fantasia infinita e imaginada,
Refúgio do que somos nesta vida
E ali ficamos sem que alguém nos siga...
Não há palavras, somente o pensamento
Que nos conduz sem se importar com o tempo
Porque não há idade para os sonhos...
Não são dias, não são meses, não são anos
Que decidem nossa vida, nossos planos.
E com os olhos fechados persistimos
Em reter a emoção por mais instantes
Na fumaça de um cigarro que fumamos
E com ela a arquitetura de um sonho


CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Mario Quintana
 

EU E O ESPELHO
  Anna Peralva
 
 
Diante do espelho se reflete
o  enigma fincado
na face oculta.
Nos olhos marejados
segredos obscuros,
envoltos em sonhos não compensados
e retraídos no coração confuso.
Olhos que pouco revelam
e só deixam transparecer
o que outros olhos não podem ver...
No  anonimato obtuso
do sentir magoado,
o reflexo enodoado
do que agora sou,
ressentido oposto
do que  quis um dia ser.
Neste intrincado intervalo,
momentos fragmentados,
sentimentos estilhaçados.
Perdidos pedaços da vida...
Ilógica emoção que destruiu a razão
e se embrenhou numa emoção
embriagada de sedução.
Ao apagar das luzes,
raios negros da escuridão
na angustiante solidão.
Revezes da vida, destino, sina?
Sei não...
Agora que a fantasia acabou,
tudo o que restou
é a imagem espelhada,
imutável e  calada
e sua alma algemada.

RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

Mario Quintana
 
SOU POESIA!
Theca Angel
 
 
Transformei-me em areia... 
Escorri por entre os teus dedos,
no imenso manto a cobrir o deserto.
Fiz-me miragem!
Sou o brilho...
Enfrentei a Lua que seus raios lançava,
prateei o oasis, tocando a estátua nua...
Fiz-me imagem!
Sou a centelha...
Fulgurei no claro da aurora.
Banhei-me na nascente, deitei a repousar meu corpo
Adormeci entre vagalumes!
Sou alma somente...
Agora os sulcos não mais existem
porque o amor brotou e resiste
dentro do pranto...
Sou encanto!
Fiz-me pequena e entre as pedras,
escondí meus sonhos. 
 O vento não os encontrando,foi-se tristonho...
Sou livre!
Na manhã já alta, desfiz-me dos lenços,
contornei os medos,
dancei sensual, ouvindo teus lamentos...
Sou poesia! 

BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

Mario Quintana
 
Nesse Instante
               MônicaNeves
                  
                             
Ouso um olhar pra dentro de mim.
Esboço meus segredos,
banho-me de sonhos
sem medo da saudade...
Escuto nossas vozes de amantes,
poemas infinitos de nós dois.
Solidão me beija agora,
levemente dócil, serena...
Nesse instante congelo o tempo,
E nessa inércia busco você,
e baixinho lhe chamo de meu amor...


OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana
 
Nas nuvens
Myriam Peres

 

Nas nuvens, nas estrelas, no infinito
Nas passadas sincronizadas ritmadas
Viver minha vida sendo amada
Voltear, dando margens ao dançar
Estou bailarina aflita a só bailar...

Neste ritmo do imenso sonhar
Quero me embriagar na liberdade
Imensa de te cativar e poder te amar
Nas nuvens das melodias do amor
Em êxtase poder compor e gozar
Das delícias que só tu podes me dar...

Oh! Amor, deixa-me estar e suportar
Tanta ternura dentro de mim ao te buscar
Deixa-me sobreviver por não poder sufocar
E me extasear em soares do meu calar
Dizer em beijos, tantos beijos do amansar
Essa volúpia doida que sinto ao te gostar...

Valsar, balançar, em rítmos ardentes
Em lascívas danças e provocações
Por mim estaria abraçada em seus abraços
Sentindo na espinha um calafrio, um tremor
E um calor no meu peito abrazador
Por te sentir tão perto de mim, meu amor...

Em dó, ré mis largados, entrelaçados
Soltos no ar ecoando desengonçados
Numa dança misturada, ritmada
Os feitiços de amor soltos, jogados
Em dançares alucinantes de só sedução
Vamos na volúpia dos ritmos ardentes
Sonhar sem corar nossa emoção...

Quero sumir do mundo na magia do amar
Virando sol e a lua em seus luares
Entrelaçando mares, ares, pássaros, cantares
Numa só composição na riqueza desta canção
Sem resfolegar, nem descansar do tempêro
Do baile, no ballet dos volteios do coração...

Nem me acordem, por caridade
Não me façam tamanha maldade
Pois estou é nas nuvens vivendo
Sentir o meu mundo tremendo
E eu em seus braços me estremecendo
Ao som sem rubor, no calor me envolvendo...



SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Mario Quintana
 
 
O Galope.
(Sávio Assad)
 
Me encontro a galopar por esses caminhos,
Não sei exatamente o que vou encontrar,
Mas continua a procurar, sem parar.
 
Meus braços já dormentes a segurar as rédeas.
Meu cabelo em desalinho, batem em meu rosto
E o suor corre pelo meu corpo.
 
O caminho agora escuro e tenebroso
Extravasa meus sentimentos de medo,
Nesta trilha que não tem fim.
 
Solitário cavaleiro em busca do infinito,
Talvez, em busca de mim mesmo,
Deste que se perdeu no tempo e nesta vida.
 
Vou me encontrar, tenho certeza.
Vou te encontrar, também tenho certeza.
E assim poder para o meu galope, solitário.

O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario Quintana
 
VIDA CIGANA
Diógenes Davanzo
 
Livre como o vento
Sigo a vida amando como nunca
Sempre durmo ao relento
Sem nenhuma regra
Vivo conforme o tempo
Sem se importar com o amanhã
Hoje é sempre é o meu dia
Sou feliz assim
Adoro essa vida vadia
E esta é a minha natureza
Uns acham que é pura covardia
Não concordo
É uma questão de filosofia
Pode ser até rebeldia
Vida cigana, vida sadia
Coração cigano, coração insano
Sou cigano sem moradia
Moro em seu coração
Porque sempre muito amor irradia
Questão de estilo de vida
Pois vivo somente por um dia
E esta é a minha única tentação
Eu até que não diria
Para mim é pura emoção
Penso somente neste alegre dia
Porque vivo com o coração
O amanhã é outro dia
Vida nova em explosão
Vida cigana, vida insana
Vida livre, livre vida
Vida libertina, vida de amor
Amor à vida...
Vida ao amor...



SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
Mario Quintana
 
Más que una simple poesía
 Noris Roberts
 
Más que una simple poesía

Se orea por mi piel…

Una sucesión intensa de mis fantasías.

El cáliz de la flor al despuntar el día.

Un sueño deseable.

Una dulce sinfonía.

La oración que invoca tu cuerpo

pues sin ti me moriría.

¡Oh!

Cuanto te deseo…

Me empapo en el éter de tu piel.

En el néctar salvaje

de ese hermoso valle.

En la tentativa de un vertiginoso viaje.

En los temblores del corazón…

que tan solo cerrar mis ojos

despierta mi pasión.

No deliro…

es que aún despierta

sueño contigo.


Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana 
 

Intimidade perdida

(IsarMariaSilveira)

 

Há uma espécie de luz

rasgando espaços vazios,

entre os vãos que deixamos,

É o desejo que ficou, espiando

Pelas frestas  abertas da desilusão



 PEQUENO ESCLARECIMENTO
Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio rm que escrevo e em que tu me lês.
Mario Quintana
 
FEITIÇO
Silvane Saboia
 
 Não há maior feitiço
do que a impossibilidade
do toque.
Não há maior sedução
que o sonho
impossível.
Homens se matam por
um olhar desviado.
Viram meninos mal-amados
abandonados
inchados de dor.
Mas o poeta sobrevive diferente
faz do sofrer inclemente
versos em letras de amor!
 
 
I
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
Mario Quintana
 
Serão os Deuses Poetas?
Elane Tomich
 
Decerto escreveram o verbo
"viver"  em tintas  de serra
do poente, do presente
onde se vive  latente
passado que pisa a terra
espera de  eterno futuro.
Decerto, os deuses poetas
nas curvas, estradas retas
inventeram o nascimento
no perde-ganha da vida.
...
Que é no casulo, guarida
das asas  de anjos rebentos
flor e-feito borboleta
em reivenção de metas
no descolorir da lida.

OBSESSÃO DO MAR OCEANO

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
Mario Quintana
 
Dos deuses vêm as poesias
Watfa Ramos
 
Os versos que lhes vão nas entranhas
jorram em luzes das pontas dos dedos!
Seres que os habitam descem à terra,
em ritmados versos, prenhes de beleza.
Água, fogo, ar e terra, elementos do belo!
Versos que vêm das Oceânidas, coroadas
de flores e pérolas ou divididas em peixe
e mulher são sopros dos deuses-poetas!
Vênus, Antígona, Jocasta ou Clitemnestra,
 inspirações dos raios poéticos dos deuses
inundam as mentes dos bardos em prosa e verso.
Vem do Olimpo a poesia! Deuses são poetas!
 
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Mario Quintana

 

POETAS:  DEUSES DO AMOR

 Fernanda Pietra

 

Poetas são deuses,

Loucos criadores

Desvairados.

Inspirados,

 

Podem ser tudo,

Usando o universo das letras

Lindo poder:

Criar um planeta de paz,

Vencer os limites da razão

E ser um deus,

Criando um mundo à sua imagem.

 

Recriar a humanidade

Acabar com a maldade,

Bombardear  a cidade com pétalas de amor.

 

Ser livre,

Fazer a justiça acontecer

Atravessar as fronteiras sem medo

E ser cidadã do mundo.

 

Modificar a história

Sem derramar sangue

Afirmo,

Poetas são deuses

Edificando convicções

Traduzidas na palavra Amor.

 

DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Mario Quintana
 
PARTE DE MIM
( FABIANA LOURO )

VOCÊ QUE OLHA PRA MIM, QUERENDO SABER:

O QUE SOU? POR QUE SOU? E O QUE VIVO?

ESTÁ TOTALMENTE ERRADO,

POIS NEM MESMO EU SEI,

AS RESPOSTAS PARA ESTAS PERGUNTAS.

VOCÊ CAMINHA ENTRE AS SOMBRAS,

PERSEGUINDO MEUS PASSOS,

VIGIANDO-ME HORAS E HORAS.

NÃO VÊ QUE PARTE DE MIM,

SÃO MEUS SONHOS REALIZADOS,

E A OUTRA PARTE, SÃO SEUS PESADELOS MAIS TERRÍVEIS...

PARTE DE MIM, É O ESCURO DA NOITE,

E A OUTRA PARTE, É O AMANHECER

DE UM LINDO DIA ENSOLARADO.

SOU O QUE SOU, NUNCA SOUBE O PORQUE.

NUNCA DESEJEI SABER POR QUE SOU.

POIS PARTE DE MIM É O DESEJO,

E A OUTRA PARTE É A DOR...

ANDO SEM RUMO, SEM DESTINO,

ANDO PELO SIMPLES PRAZER DA CAMINHADA,

POIS PARTE DE MIM É O TUDO,

E A OUTRA PARTE, É O NADA...

PROCURO RESPOSTAS, SEM TER A BÊNÇÃO DE PERGUNTA.

POIS PARTE DE MIM É O CERTO,

E A OUTRA PARTE É O ENGANO...

VOCÊ CONTINUA ME OLHANDO,

QUERENDO DE TODAS AS FORMAS, CONSEGUIR SABER QUEM EU SOU.

MAS NÃO ENTENDE,

QUE PARTE DE  MIM É O ACASO,

E A OUTRA PARTE É O QUE ME FOI PREDESTINADO...

NÃO DESISTO DAS LUTAS, MAS EVITEI DIVERSAS BATALHAS,

PORQUE PARTE DE MIM É VALENTE,

E A OUTRA PARTE, É CONVENIENTE...

BUSCA POR MIM, EM TODOS OS SEU ANSEIOS.

DESEJA-ME, COMO NUNCA DESEJOU NINGUÉM.

SABE QUE IREI PROCURÁ-LO, QUANDO ASSIM ME ENCONTRAR.

POIS PARTE DE MIM, É O AMOR.

E A OUTRA PARTE TAMBÉM...


DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
Mario Quintana

LUA CRESCENTE
 
*Aurea Abensur*
(Orinho)
 
Do cantinho da minha varanda vejo
a lua que cresce no céu
desvendando em mim
fendas, abismos e ardores
Será que é a febre?
As árvores brilham
com sua luz que impera na escuridão
Dizem que ela só aos loucos fascina 
então louca sou!
Aqui sentada
neste recanto onde pirilampos voam
dirijo a ela meu olhar
e solfejo um poema ao amor
Os meus arredores
estão vazios
Mas meu coração
 se enche de sonhos
que vão sodomizar estrelas

O MAPA
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Mario Quintana
 

 

Continuo..
rivkahcohen
 
 
Muitos caminhos eu fiz..
Areia..
asfalto..
arborizado.
Nem todos fui feliz
por mais que tenha tentado.
 
A vida não é nada fácil
e cada vez
fica mais e mais!
 
Tinha tudo para o encontrar
para o rir,
o festejar,
mas de repente
a orquestra vai embora
ou os presentes
se ausentam
ou você é que vê
a festa de fora...
 
Continuo acreditando!
Quem sabe um dia
que esteja caminhando
encontre orquestra,
pessoas
e festa?

OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...
Mario Quintana
 

SINA
Erigutemberg Meneses


Aquela que adormece em outra cama
E embala o devaneio que é meu
Diz que por mim a alma se inflama,
Mas o seu corpo ela a outro deu.

Do ser a alma é a mais pura chama...
Eu sei... E a dela a minha acendeu,
Porém, sozinha à noite a minha clama
Que a dela venha arder nosso himineu.

As flores de verbenas que ela manda
E os beijos e abraços da varanda
Recolho antes que chegue o tormento

De imaginá-la em transe, em outros braços,
E vibrar de volúpia em mil amassos
Que dela só recebo em pensamento.


POEMINHA SENTIMENTAL
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
Mario Quintana

PATÉTICO SENTIMENTO
Wilson de Oliveira Carvalho


Na dramática extensão da vida,
misteriosas forças se alinharam
contra mim e, assim;

Menti quando disse que
já não te queria mais;

Não sei como e por quem,
mas meus
sentidos foram subornados,
e acabei calado e não disse
no momento propício,
que sempre te amei;

Até os meus desejos
foram subjugados,
para que eu não
mergulhasse em teus lábios;

Naquele momento, minhas
forças se exauriram,
e não revelei o quanto
ainda te amo;

Hoje, somente hoje,
por estímulo
de uma afeição,
resolvi confessar o que
se encontra guardado
há muito tempo
em meu íntimo,
mas onde nos encontramos?
 

SEMPRE QUE CHOVE
Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!
Mario Quintana
 
VALSAR
Joyce Sameitat



NUMA PASSARELA ENTRE O CÉU E A TERRA,
SAIO VAPOROSAMENTE A VOAR...
NÃO IMPORTA SE A CHUVA NÃO DÁ TRÉGUA,
O QUE QUERO MESMO É VALSAR...

VALSANDO EM DANÇAS E ANDANÇAS,
TENTANDO ASSIM ME PERPETUAR...
LÁ EMBAIXO NADA ME ALCANÇA,
EM CIMA... ALGO PODE ACERTAR...

VESTE LONGA NO CORPO A COLAR,
NÃO SÓ PELA ÁGUA MAS POR TANTO SUAR...
MINHA LÍNGUA TENTA PASSOS DE DANÇA,
PARA CONVIDAR O TÍMIDO PALADAR...

COMO SEU PAR PARA PODER DEBUTAR,
QUANDO OS DOIS SE JUNTARAM...
FOI POR MINHA VOZ QUE CANTARAM,
AS BELEZAS DO CÍRCULO POLAR...

TANTO FUI EU DESLIGADA ME AGITANDO
SEM PARAR POR UM MOMENTO DE DANÇAR...
QUE QUANDO DEI POR MIM SE CANSANDO
FOI QUE NOTEI ESTAR NESTA PARAGEM...

MARAVILHOSA E BRANCA PAISAGEM
ONDE PRETENDO EU UM POUCO PARAR...
VER A AURORA BOREAL EM COLORIDAS CHAMAS,

QUE COM CERTEZA MAIS VAI ME INFLAMAR...
PENA QUE NÃO TENHA VOCÊ AO MEU LADO,
COM ESTE CORAÇÃO TÃO INCENDIADO...

PORTANTO NA NEVE VOU TER DE O JOGAR!
E SE VIREM TUDO POR ALI ALAGADO,
MEU CORAÇÃO NÃO FOI ASSIM TÃO CULPADO...
POIS TINHA QUE O SEU FOGO BAIXAR!


INSCRIÇÃO PARA UM PORTÃO DE CEMITÉRIO
Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"
Mario Quintana
 
Por Enquanto...
Eme Paiva
 
Toda agonia da espera
abriu-se agora, em encanto
e pela fresta da janela,
a brisa é meu acalanto.
 
Bem vinda seja a luz
que me amanhece,
ao passeio entre as flores votivas
nos jardins do abrandamento,
colhendo lenitivos da paz,
nas leivas dos alentos sazonais.
 
 
 
O PIOR
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Mario Quintana
 
NAS INTEMPÉRIES DA VIDA
Maria José Zanini Tauil
 
O marinheiro
mais seguro
não é o que jamais
viu a tempestade
 
Quando um temporal se forma
vai para o posto importante
aquele que já lutou
contra a procela,
que provou o barco,
que lhe conhece
a inteireza do casco,
a estrutura dos cabos,
as patas da âncora
capazes de agarrarem-se
aos fundos oceanos
 
Quando as aflições
nos atingem,
tudo cede terreno
Nossas esperanças são arrancadas,
o coração se abate
como a parreira
que a tempestade derruba.
 
Passado o primeiro choque,
somos capazes de olhar para cima...
de dizer:
"É o Senhor"
 
Mais uma vez
a fé levanta
esperanças partidas
liga-as fortemente
aos pés de Jesus...
 
E assim,
o fim é confiança,
segurança
e
paz!
 

EXAME DE CONSCIÊNCIA
Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?
Mario Quintana
 
AMAR COMO EU AMO!!!
Vera Jarude

Que sentimento mais sublime,
que nos  encanta,espanta,dentre
tantas coisas e ainda
nos faz por ele viver!
 
Viver a esperá-lo
sem cobranças, sem exigências,
sem sofreguidão, sem ansiedade,
só querendo um pouco,
para atenuar e acalantar
um pouco  do coração e
d' alma...!
 
 Vivo e preciso dele
como se ele fosse as
nuvens  no espaço  que
encantam-se
 faça sol ou chuva,
 tal qual a própria beleza da natureza...
inerente a nossa sobrevivência, 
tão sublime
e uma emoção só,
 que vem lá
do interior do coração!
 
Amar...!
 sentimento,
 mais nobre transmitido por DEUS,
que deveria permear os
sentimentos  de todos
os nossos irmãos e aos
amantes...sem diferenças,
de cor, credo, raça...?!
 
Este é amor que eu quero para
mim  
 e desejo  para todos neste
mundo..
que o amor sempre os façam 
 vibrar com muita
emoção
não importa a quem
você ama!
Só ame,
 como eu amo
e sou amada, mesmo
em sonhos ou
delírios que misturam-se
com a razão e
assim vou vivendo
e esperando o amor
da minha vida!
Ele virá eu sei,
não importa em que dia
ou qual a hora...

A GRANDE SURPRESA
Mas que susto não irão levar essas velhas carolas se Deus existe mesmo...
Mario Quintana
 
Desde Sempre
Heili


Quem me olhava já te via

Eu é que ainda não podia ver

Que saudades eu já sentia

Antes até de te conhecer.

EVOLUÇÃO
O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.
Mario Quintana
 
IMORTAL
CAMILA ALMEIDA

Não basta mudar o mundo
Tentar vencer todo mal
O importante é lá no fundo
Tornar o AMOR imortal!

MÚSICA
O que mais me comove em música
São estas notas soltas
- pobres notas únicas -
Que do teclado arranca o afinador de pianos.

Mario Quintana

Louco
Milton Souza
 
Sou louco quando preciso
e o remorso não me assalta:
eu nunca tive juizo
e ele nunca me fez falta...

URBANÍSTICA
Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!

Mario Quintana

Repto poético
Ricardo Mainieri
 
Subverto
roteiros
& paisagens decifradas.
 
Converto
a verve erudita
em versos acessíveis.
 
Persigo adeptos
aptos ou ineptos
mas de coração...

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mario Quintana
Sonhos
Marines
 
Perguntas e respostas
Será que me negas,
Será que me gostas?
Será que te encanto,
Com risos ou pranto!


A RUA DOS CATAVENTOS
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
 
Violino
Maria Goreti Andrade Carneiro Dias
 
Vem ser meu arco,
Meu dó maior,
O Si que não abarco
Na pauta da dor!
 
E na sinfonia da cor,
No azul do arco íris,
Saberei maior
A música que quis.
 
E subirei contigo
Uma escala brilhante
Numa valsa de amigo,
De amor ou de amante...
 
Quero ser teu violino,
Gemer em tua mão,
Soluçar um hino
Em forma de confissão!
 
E quando teus dedos
Solicitarem minhas cordas,
Serão os meus segredos
O que tu acordas!
 
E bem perto de teu rosto,
E bem perto de teu peito,
Arderei de fogo posto
Por tuas mãos e meu jeito.
 
E o que subirá no ar,
Resultado da combustão,
Será o que sobrar
Desta minha paixão!
 
Entranhar-se-á na tua pele,
Misturar-se-á contigo,
Numa fusão que sele
Teu prémio e meu castigo.
 
Vem tocar tua sinfonia
Em meu corpo que espera,
Em notas de alegria
Em ânsias de fera!
 
E verás, meu belo músico,
Que a música por ti tocada
É alegro em que fico,
Se bem executada!

"Amar: Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurros e palavras mudas que te dediquei....O amor é quando a gente mora um no outro." - MÁRIO QUINTANA

Pesquisa nos sites:
https://www.releituras.com/mquintana_bio.asp
https://www.fabiorocha.com.br/mario.htm
https://www.paralerepensar.com.br/m_quintana.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana
 
 
Outubro de 2006
TTneves  e Rivkah