Louco, eu?!
Só porque ouço
o gargalhar do violino
e sei de quem ele está rindo?
 
Por que sou o único
a ouvir música nos pingos
que da torneira insistem em cair?
 
Não!
Em tudo existe melodia!
Assim como é feia a de uma briga,
é bela a sinfonia do perdão!
 
Não tenho culpa de ver
o que a maioria nem tem noção,
mas daí a me chamar de louco,
ah.. isso não!
 
Ou por outra,
prefiro ser louco
do que só acreditar 
no que se pega com a mão!
 
Dos olhos
vejo tanto a cor do ódio
como a cor da compaixão.
Tudo tem música e cor.
 
E como é rosa
o olhar da mulher
que me tem amor!
 
A prepotência e a inveja
têm a cor da demência,
por alguma razão!!
 
A ganância,
o ganhar com sofreguidão,
tão aceito
nessa sociedade em questão,
é um verde que dá medo.
 
E a vejo em velho e moço
e depois
sou eu o louco!
 
Tem que ser assim?
Queria que o ser humano
acreditasse
um pouco mais em mim,
mas ele está cada vez mais longe!
 
O que me faz concluir
que nós, os chamados loucos,
que conversamos com pássaros,
com a luz que entra
apesar da vidraça,
somos mais felizes.
 
Talvez por nossos diálogos,
sem muito protocolo,
sem obedecer uma diretriz,
mas olhos nos olhos.
 
Com o passar dos anos
o ser humano tem ficado surdo,
cada vez mais cético,
por conseguinte,
cego,
mas infelizmente
nada, nada, mudo!
 
E como está sozinho
para com seu dedinho,
de um momento para o outro,
me apontar
como se fosse eu, o louco!
rivkahcohen
 
Concerto para violino - Paganini