RevisTTa

(MOMENTOS ETERNOS)

  O MAR! 

Edição TTNeves - Arte Rivkah

Editorial

A sedução nos arrasta no deslizar, enroscar das ondas
uma verdadeira magia a caminho do infinito 
sempre a inspirar os Poetas.

Uma busca sem rumo ,sem sentido a bússula do destino
ou uma viagem do olhar muito além dos oceanos...
 
Cada um no seu barco tão cheio de poesias e sonhos
rasgando ondas, aportando em ilhas ,
encostando nas sombras das rochas, os pés na espuma das maresias,
as mãos floridas de cochas, deixando marcas nas areias
ouvindo o último canto das sereias...
ou o pranto dos confrontos da natureza...
 
a mente do autor se agita, trama, devora, inspira
mesmo quando o mar violento, violentando,violentado ,
sangrando, abrindo chagas...
úmidas feridas onde a vida escorre com visceras expostas ,
destroçadas almas vão de encontro muitas vezes a morte...
 outros vivenciam pesadelos,
 o escritor chora, sente,escreve a historia ...
 
O mar revoltado com deuses ou homens impiedosos
avança com suas garras, arrasa mundos ,
depois esquece seu rancor, sua mágoa...
tenta entender sem entender os gestos impensados dele
e da humanidade...
 
 arrependido ,deita na suavidade
convidando a todos para com ele
navegar e sonhar carícias ao luar...

Para acompanhar o espetáculo dantesco,
o ritmo calmo ou revolto, as cores, o fluxo e o refluxo 
convocamos além do olhar
mas a sensibilidade de cada um...
para deitarem nesta praia de poesias ...
 
É hora de levantar a âncora
se lançar ao mar
desconectar da razão
e mergulhar nesta emoção.
 
 Agosto de 2006
 
Maria Thereza Neves
 
 
POETAS

José Ribeiro Zito / Aldo Guerra/ Otávio Coral/ kolemar Rios/HENRICABILIO/Aluizio Rezende/Fernando Tanajura /Cristina Nunes/Ciducha/Marise Ribeiro/Andrey Teixeira/OTTATTO/JOSÉ ALBERTO LOPES/Aldo Lopes/ Lilipoeta/Roberto Passos do Amaral Pereira /Mone Carmo /Nancy Cobo/ Shyrlei Pineiro / Zena Maciel/ Margaret Pelicano /Fafá Lima /Pedro Valdoy/ Wall /SoniaR/ Nay/ Preto Moreno/Jady Alves/ Clara Strapazzon/Carmo Vasconcelos /Luiz Guerra/Cristina Nunes/
Humberto Amancio/Maria Thereza Neves
 
O MEU MAR
Jose´Ribeiro Zito

 
Eu e o meu mar
Mar de sonhos revoltos
Marés contidas de versos soltos
De encontros e desencontros marcados
Mar onde me busco navegando
Onde procuro o sentido mais profundo
Das correntes mareantes dos meus contrastes.
 
 
Eu e o meu mar
Mar de ânsias e desejos
Castelos de afagos e de afectos
Espuma de sentimentos brancos
Tempestades de paixões vibrantes
Onde me abraso me queimo e me entrego
À procura de morrer nascendo.
 
 
Eu e o meu mar
Sempre o mar que me descobre
Mar que me engole e me esconde
Mar que me perde e me encontra
Mar que me agita e me pacifica
Mar que me dá e me tira.
 
 
Mar meu é o que sou
Voz de silêncios que se escutam
Águas profundas de ondas vazias
Rebentação de paixões adiadas
Porto de chegadas e de partidas
Mar verde dos meus reflexos.
 
Eu e o meu mar
Mar onde me afundo e ressuscito
Mar sem começo nem fim
Mar de imensidão sem fronteiras
Mar de amor sem margens
Ondulação branca de marés de sonho.

*********
 
AS ONDAS
Aldo Guerra



Como o domingo
Sem ramo
Como o barco
Sem remo
Como o poema
Sem rima
Como a igreja
Sem roma
Como a vida
Sem rumo


- A solidão é do poeta!

 
*****
 

AS PIRÂMIDES MARINHAS

Otávio Coral

 

Ouço lá dentro

Bem no meu fundo

O urro bravio do mar

Galgando as mudas falésias

Estátuas verticais da mente

Que vão absorvendo úmidas

A salsugem dos verdes gritos

 

*******

 
ONDAS
kolemar Rios

Quando olho pro mar e vejo as ondas
Não imagino o que seria do mar sem elas.
É como olhar o futuro
E não ver o passado, por ser passado.

A mensagem jogada ao mar
Não chegaria a areia da praia
E, o náufrago morreria
Por não encontrarem a sua mensagem.

E tudo é uma eterna onda
Que vai e que volta, que vai e que volta...
A vida é um eterno assim
Nascer e morrer pra não ser fim.


***********
 
MAR IMPONENTE
HENRICABILIO

Escrevi a palavra "PAZ"
Na areia da praia,
Junto à rebentação,
Na esperança de que o mar
Comungasse das minhas convicções.
Mas o mar parecia ter outras ideias
E veio e destruiu a paz! …

Mas eu não desisti,
Imaginando que poderia assim
Converter o mar rude e gentio,
E escrevi na areia da praia
A palavra "AMOR".
Mas o mar cruel,
Veio e apagou o amor! …

Eu insisti com as minhas convicções
E, tentando amenizar a sua grosseria,
Escrevi: "EU ADORO O MAR".
Mas o encantamento
Não parece ser recíproco,
E o mar levou a minha adoração! …

Nesse estudo de sentimentos
Que tentava fazer do mar colossal,
Pensei ter percebido nele
Uma total falta de sensibilidade,
Mas, mesmo assim,
Fiz uma última tentativa
E escrevi na areia fria
A palavra "GUERRA".
O mar avançou imponente
E acabou com a guerra!

E eu fiquei mais aliviado!
Afinal, o mar olha tudo em seu redor,
Tratando tudo e todos da mesma maneira;
Não porque seja insensível
Mas porque, na sua majestade,
Tudo o que o rodeia
Lhe é absolutamente
Indiferente.

É esse o seu destino!


**********
 
Andando na Praia
Aluizio Rezende

Não posso mostrar as espumas das ondas
chegando tranqüilas próximas à areia.
Nem a sereia de formosura absoluta
mesmo depois de intensa luta com o pincel
eu saberia reproduzir.
A linha do horizonte, passando por trás da ilha
com suas formações rochosas,
pouco cobertas pela vegetação,
jamais teria a menor definição
da ponta do meu pincel.

O que poderia eu dizer
da pipa que o menino empinou?
Da linha branca, transparente,
dez dos grandes certamente,
que une o dedo do guri ao pião que ele fez?
Digam-me talvez que esses termos
já não se usam. Ficaram lá no Méier.
Mas o cavalete do pintor conta toda a história na hora.
Não monta o quebra-cabeças como faz quem escreve,
à procura das palavras que nem sempre dizem o que é.

Cafuné na beira da praia, olhando a pipa subir
pra cruzar com ninguém.
Os pássaros vão lá, bem além,
na sua formação triangular,
pouco se importando com quem
já não sabe bem no que pensar.

A calça de malha é bonita,
as coxas voluptuosas;
cabelos dourados que chegam
mais que no meio das costas;
o olhar é altivo, arrogante,
mas não lhe afeta o semblante
pro qual o que quis foi sorrir.

Ou as ondas também violentas,
trazendo em seu bojo os garotos
na prancha de surf dominada
pela firmeza dos pés.
Muito longe eu passaria da imagem.
Melhor ficar com a aquarela
que me oferece o pintor de cabelos compridos,
que não estão contidos por uma fita.
Melhor passar despercebido – ninguém me grita
– pelo calçadão da avenida,
procurando saber se a vida
ainda zombava de mim.

Era preciso que fosse assim.
Vem meu culumim,
no dizer de Gilberto Freyre,
veja o Brasil como é grande.
A toda Cuba le gusta.
Augusta é o nome da loura,
das coxas do brilho cetim.

E a folha de papel se apresentou branca,
esperando que eu fizesse alguma coisa.
Tudo, menos desenhar com o lápis
aquilo que eu jamais saberia escrever...
 
 
*****
O MAR E OS BEIJOS
Fernando Tanajura
 
O mar, as ondas
e os seus beijos de verão
 
Suas espumas quentes
ficam na areias
 
O vento entre as ondas
e o suspirar do beijo!
 
*********

"Se o Mar"
Cristina Nunes
 

“Se o mar...”

Se o mar banhasse Minas

seria só prá agradar

essa alma tão menina

o sorriso espontâneo

da mulher de pele clara

tão cristalina

com cabelos de anjo...

“Se o mar...”

pudesse me ouvir

ouviria agora essa canção

que toca no meu coração

"... ah! A lua está quebrada

mas quem fez isso com ela

foi São Jorge com a espada

ou suspiro de donzela?..."

e daqui da minha janela

peço a lua que fale prá ela

que se esse mar

tivesse um nome

este seria saudade

saudades de Itajubá

da serra das Geraes

da nossa velha amizade

dos momentos vividos

que eu não esqueço

jamais...
*****

     

À Deriva

Ciducha
 
Solitária,navego numa rota
escura,imponderável...não totalmente perdida,
mas desgarrada de  razões,
motivos,
alentos!
Navego alheia de luz ...e sons!
Apenas navego.....e ,certamente,
não vou a lugar nenhum;
Não busco porto ou rota,
mercê  apenas das emoções!
À  deriva
 numa total escuridão...
procuro você,inutilmente!
 
*****
 
Ao Sabor do Mar
Marise Ribeiro
 
Um renascer quando amanhece
eclode dentro de mim...
Enfuno o peito com o puro ar
inalado do odor salgado do mar.
 
Vejo a imponência das velas que voltam,
cavalgando intumescidas pelo vento,
sobre encapeladas ondas simulando movimento
de um bailado colorido e ritmado.
 
Com a chegada dos pescadores,
gaivotas em alvoroços estridentes
espalham um tempero de maresia
a esta combinação de alquimia.
 
Arrepio-me ao sopro do ar frio...
Estremeço-me em calafrios,
ao caminhar na areia molhada,
sonhando ainda com a madrugada.
 
Fui feliz naquela noite prateada,
coroada sob um céu estrelado,
quando nossos corpos, saudosos um do outro,
libertaram seus desejos ancorados.

 
*****
AMAR O MAR
Andrey Teixeira

Sono pesado por alguns instantes
É frustrante... essa comoção
Essa emoção barata de sentimento fútil
E é inútil resistir... persistir
Às fotos na cabeceira da cama:
Foram só momentos,
E ferimentos
É cicatriz indolor
Meu arco-íris sem cor

Lembro das brincadeiras,
Lembro de conversas inteiras
Das alegrias e das tristezas
Da chuva fina,
De nosso mar de incertezas
E daquela piada que só você... só você riu...
Esse Mar é tão belo
Mas é tão frio
É tão belo
Mas é tão frio
*********

BRISA DO MAR
OTTATTO

BRISA DO MAR... QUANDO ESTA CHEGAR
QUANDO, AOS MEUS OLHOS, A LUZ TOCAR
QUANDO MEU PEITO, NOVO, PLENO ARFAR
QUANDO OS SONS DO DIA, IRÃO ME TOCAR
QUANDO O SOL REI VIER PARA ME CONTAR
QUE A LUA... SUA AMADA, IRÁ ILUMINAR
NOSSA DANÇA CELESTIAL...O NOSSO AMAR
QUANDO A BRISA DO MAR... CHEGAR
QUANDO A BRISA DO MAR... SE ACHEGAR
QUERO ACORDAR EM TEU PEITO E SONHAR
A VIDA ACORDADO E, AO TEU LADO FICAR
SEMPRE... SEMPRE... QUANDO BRISA DO MAR...
*******
 
PRAIA DE MUSGOS
JOSÉ ALBERTO LOPES

Poeta ! encerra tua poesia numa garrafa
e lança ao mar da existência ,
junto à proa da tardinha,distraída e vazia,
sem o orgulho dos brasões e o toque dos sinos,
sinos bordados em ouro e prata,apenas tenha
o prazer de ter estado poema e sê-lo !
como a simplicidade das águas .

Tilintará talvez em cascos moribundos ,
ou em alguns arrecifes arredios ,
antes de naufragar numa praia
donde saiu à preamar .
Talvez,de uma rede ela não escape ,
mas antes de tal conforto
confortará o poeta , se prosseguir .

Que ela flutue mesmo que a meio corpo
e espalhe ao mar , um poema !
e os que amam tua poesia a reterão no peito!
Que a cortiça esteja firme , justa,
a manter intacta o cerne (hermético)
que de outros cernes agora frágeis,
contemplam as palavras !

Indiferentes talvez, ou curiosos ,
os peixes e as aves a cortejarão ,
mas,que continue em bolina a meio corpo,
pois o seu caminho é o sal diluído.
Que flutue pois , mesmo que pálida e cansada,
sem bússola ,sem leme , sem velame ,
mas leve por mar um poema !

Nauseante Náutilo de cristal !
não te detenhas somente em círculos,
mas continue em bolina a meio corpo
a descrever um arco aos olhos que ficam
contemplativos e já distantes das palavras
que errantes deslizam sobre as cristas
brancas e fervilhantes desse mar !

E o mar lhe ofertará seus frutos ,
e as águas lhe darão vivas !
as algas lhe estendenrão verdes tapetes
roçando por sobre coloridos seixos e corais.
Mas que ela continue a flutuar quanto mais,
pois quanto mais distante do cais ,
mais beberá o poeta da fonte do parnaso !

E por fim Poeta !
quando a lâmina do tempo romper
as jugulares que alimentam o tédio
e a sangria dos baixios lançarem aos escombros
numa praia de musgos a tua poesia ,
um anjo por certo a recolherá
e curioso decifrará teus hieróglifos poéticos !


A poesia é como os filhos , não nos pertencem,
embora tenha a nossa assinatura !
 
***************

ÂNCORA
JOSÉ ALBERTO LOPES

Vais em tua nave por onde quiseres,
deixa-me plantada aqui nesse cais
como os arrimos da arrebentação .
Mas cuida para que não caias
no êxtase dos cálices transbordantes
das falsas bebidas borbulhantes ,
a te transformarem a ti mesmo ,
ébrio nos teus próprios abissais !

Vai , e carrega a tua juventude !
sob esse céu antigo como o tempo,
sobre esse mar movido pelo vento .
Mas cuida que não encantes tu
com os portos engalanados ,
que são as cortinas a esconderem
o umbroso pano - de - fundo
das idas que jamais retornam !

Vai , se é de tua livre vontade !
vai semeando a tua saudade ,
pois a minha , já frutificou .
E quando enfim já cansado ,
de tantos horizontes sem fim ,
há de voltares a esse cais ,
onde as amarras são soltas
e o meu amor é lastro de âncora
!
 
***********
 
JANGADA
Aldo Lopes

Quem não sabe bordar nas bandas do Ceará
- não faz renda de bilro e nem pode namorar,
pois rede furada em alto mar nada vai pescar!
***********

 
 
MAR DE AMAR
Lilipoeta

Ah! o mar
do azul, o mar
o mar do sal
a maresia
a nos entorpecer
de magia
e nos tocar de
leve com
a brisa de
além-mar
Ah! esse mar
de espanto
esse mar de
sonhos
esse mar de amar
Me leva mar
pois desejo
amar no mar.
 
*********
O Velho E O Mar
Roberto Passos do Amaral Pereira

Diante do mar
Com olhar distante
O velho não ouve mais o canto dos "quero- queros"
Seu castelo de sonhos desmoronou
Restou acordes de um saudoso violão
A tocar uma canção de adeus.
 
*********
Como um Barquinho no Mar...
Mone Carmo

Ao olhar o infinito oceano, vejo-me navegar
Como barquinho solto a deriva em alto-mar.
As ondas me levam para algum lugar,
Lugar seguro minha alma aportar!

Vejo uma ilha em forma de coração,
Com único dono chamado emoção
Onde desejo esquecer a desilusão,
Com esperança de viver uma paixão
E um nobre homem amar com devoção!
 
**********

Mar
Nancy Cobo
 
O mar é terno, calmo, agitado, voraz.
De frente ao mar se deixa todas as angústias;
lá se conversa com interior, busca-se energias.
Na vida tudo é e será sempre um mar.
Às vezes,numa calmaria às vezes agitação,
onde a ressaca consome aos poucos.
E então começa o pensar no Amor, na vida,
nos obstáculos que aparecem...
Nesse momento, se observa a mutação das ondas,
da calmaria para a resseca destruidora.
Mar... Eterno vai-e-vem das ondas,
eterno vai-e-vem dos sentimentos.
**********

Grande Mar
Schyrlei Pinheiro



Mar, repleto de ondas vibrantes,
umas pequenas, outras gigantes.
Quebrando-se à beira , espumam fantasias,
apagam as tristezas, trazendo, no seu amor,
um banho de alegrias
e também os beijos
salgados.
Segredos, vem buscar,
para, nas profundezas guardar,
onde ninguém
os poderá encontrar.
Mar revolto
e bravio, com a dor,
se põe a lutar,
curando com a maresia , a lágrima
que viu brotar.
Seu mistérios é pura magia,
um verdadeiro tesouro. Que Netuno,sabe guardar.
Em dias de calmaria,
lembra um abraço constante,
envolvendo, a vida
no berço da esperança
que nas suas ondas balançam,
e o vento a sopra,
levando ao porto seguro.
Mar...
Lar da saudade
e toda felicidade,
que nasceu para navegar na terra .

********

Encontro com o Mar
Zena Maciel


Àguas turbulentas
Perigo à vista
Encontro com o  mar
Olhar  invisível
Náufrago  perdido
Dúvidas ao sentir as
lágrimas do chorar
Sonhar ou acordar?
Será hora de voltar
ou seguir o caminhar?
Mirar estrelas  para
ofuscar a dor
Cantar uma canção
para enganar  o coração
Pensar que navegar é preciso
Parar é não seguir a rota dos sonhos
É padecer....sofrer.....
É  não viver.....
por medo de lutar !

*********

O que vem do Mar
Margaret Pelicano
 
O que vem do mar,
não é somente a lua cheia,
não é o peixe à flor das águas para se degustar!
É o lixo,
o milho debulhado
em sabugo arrotado,
 na virgindade da praia...
 
O que mais vem do mar?
É a nudez,
a beleza dos corpos
sob o olhar descarado...
É o alimento,
o corpo ali ensaboado
pela espuma branquinha...
 
E o amor, como vinho verde português,
pode estar nacarado
ao nosso lado
sentado
junto ao mar!...
 
Enfim:
o mar é o céu líquido e desdobrado!
E pelo sol, toda manhã, fica rubricado!
 
O mar é ainda a Ave maria;
por Anchieta, escrita na areia lisa e espraiada!
 
O mar é o raro que é comum?
Não sei!
Só sei que é:
O macho pegando com mãos espalmadas
a espuma na fêmea terra...
É a vida,
tão sofrida e sentida
em milhares de gotas risonhas e líquidas.
 
*********
 
O MAR
Fafá Lima

Ah... o mar..
Em que tanto nadei
Que tanto admirei
Tanto pensei
Nas noites de lua cheia viajei
Nas suas ondas me embalei
Nos braços de quem tanto amei.


Ah...Foi no mar
Que te entreguei meu coração
Que te entreguei meu corpo
No tilintar das ondas
No por do sol...


Na profundeza deste amor
Entreguei-te
Meus mistérios
Minha paixão
Meus sonhos
Minhas ilusões
Meus segredos
Meus desejos de amar.
**********
 
 Mar

Pedro Valdoy

 

O mar

com suas divagações

reflectem as ondas

na sua dança

pelos confins

de um Universo

indeciso

 

Os golfinhos

com suas tropelias

animam os marinheiros

enquanto os navios

seguem seu rumo

 

O Rei Neptuno

dá ordem

para começar o baile

e as sereias

entoam seus cânticos

 

As praias

sentem-se felizes

com o beijar das ondas

A paz reina

nos oceanos

O Sol brilha

enquanto as crianças se deliciam

com a sua ingenuidade

O sorriso dos pais

esquecem

certas amarguras

de uma vida

por vezes difícil

 

Os mares

embelezam a natureza

recheada

de animais marinhos

que lhe dão o poderio

e a força.

**********
 
IRRESISTÍVEL
Sonia R.

o mar me chama
ouço a voz murmurante
roucos apelos em ondas
que trazem o gosto do sal
os beijos na boca da poesia
o feitiço do pôr do sol
no hálito da maresia...

Ah atração trigueira!
o abandono à imensidão
o sentir no corpo o aconchego
das tuas águas macias
e deitar-me em tuas marés
no sentir da fúria dos ventos
e deixar-me invadir, nua
por tuas fímbrias de espuma.

Uma saudade repuxa...
 
**********
 
Atração do mar
WALL
 
 
Murmura o mar
No barulho das ondas
Na profundeza de suas águas
No infinito, onde o sol no entardecer se esconde
 
No mar...Tudo é magia tudo é mistério
E o meu olhar meio que perdido, mas perplexo acompanha
Gaivotas que pousam em ilhas distantes
Peixes enormes e saltitantes
 
E é nessa calmaria e volúpia constante
Que me aproximo devagarinho, meio que intimidada
Diria até mesmo que hipinotizada
Molhando meus pés nas águas frias e salgadas
Pelas ondas mansinhas de espuma prateada
 
Aos poucos vou sentindo todo meu corpo molhado
Mergulho entre as ondas me sentindo beijada
Num abraço apertado sou lançada na areia
Me sentindo como se fosse a própria sereia
 
E num cansaço gostoso me deito na praia
Como se tivesse ao mar me entregado
E com todo o amor,  o mar me amado
 
**********
A Imensidão Do Mar
Nay

Oceano
luta sem plano
Você não diz nada
Eu ouço da sala
arte, insano
daí porquê
Tão bem guardado, secreto
Teu poema
tão profundamente infinito
faz o mar parecer pequeno...

 
***********
 
NA BEIRA DO MAR
Preto Moreno


Amar a maré
Que molha os pés
Dos grãos distraídos
Que vivem unidos
Na beira do mar...

Maré amará
No vem vai a varar
A consciência da pedra
Que tanto se esfrega
N'água doce da chuva
'Inda que a uva
Beba e bebinho
O gole de vinho
Purifique
O cará...

Amarás marés
Sendo homem ou mulher
Na senda da fenda
Do igarapé
Até
Que o jorro do ovo
Reponha de novo
O ninho na chuva
E tudo se reduza
Em maré maremota
Tanto e tão torta
Que o surfista zen
Na nuvem que vem
Voe gotículas
Abraçadas à pícolas
Gotas
Que grãos abraçam
Loucas
Num louco enlaçar
Soltas
Na beira do mar...
 
***********
"OCEANO"
Jady Alves

Você é tudo que eu quero
Em cada onda eu te espero
O mar se agita...
E me aproxima do te olhar
No porto seguro do teu abraço
Quero ancorar.
No mar verde dos teus olhos
Eu vagueio...
E mergulho...
Espaços adentram do teu corpo
O te barco no meu rumo,
A navegar.
A tua rota se resume,
Em me encontrar
Flutuando na deriva sem cansaço
No cais do porto tão seguro
Do teu abraço
A tempestade de saudade...
Com teu beijo vai passar,
Na mansa paz do oceano
O nosso barco a flutuar.
***********
 
VOCÊ E O MAR
Clara Strapazzon

Seguindo seus passos pela praia deserta
Senti de repente os meus pés afundar
Quando percebi já estava toda encoberta
Era o abraço envolvente das ondas do mar

Tive medo, me apavorei, fiquei assustada
Naquele mesmo instante por você implorei
Ouvindo palavras lindas e bem declamadas
Vindas de longe foi então que me acalmei

Percebi que você deveria estar por perto
Nesse deserto que por você me encantei
Você também estaria a minha procura
Nessa loucura por você me apaixonei

Nas águas profundas me precipitei
E foi nelas que logo eu o encontrei
E junto a beleza no fundo do mar
Juramos nunca mais nos separar.
***********
 
MARÉ ALTERADA
Carmo Vasconcelos


Ondeio o poema
Na vaga marinha
A água é minha
A espuma Suprema

Os versos são algas
Que pesco do fundo
De areias fidalgas
No lodo imundo

Trazem diamantes
Perlas naufragadas
Saudade de amantes
Em noites molhadas

E o mar que me galga
Maré alterada
De versos me salga
A boca gelada

(In “Despida de Segredos”)
 
***********
Preparando um poema
Luiz Guerra

nau-catarineta
casebre beira-cais
pai, mãe, filha donzela
e todos os fantasmas
abrindo o céu no mar
sob a noturna esperança
de abrigo, pão e noite de amor

***********
 
Água marinha
Cristina Nunes

 
Tinha toda a força
que vinha do mar
quebrava as horas
deixava o tempo
à deriva no ar...
na lua suspensa
o raio de sol
invadia as frestas
do meu quebra-mar...
desfeito na areia
calava nas conchas
um moreno desejo
de se afogar...

 
***********
 
O CAIS E O MAR:AMAR
Humberto Amancio
 
Na solidão do cais, seguro mas só,
me pergunto do que estou seguro
se estou só e o cais nada mais é
que um complemento do mar?
Olho o mar revolto, cristas e altas ondas,
espumas brancas, barulho já não suave
mas de uma sinfonia de Mahler...
Estaria no cais posto que estou só
ou estou só porque não me lancei ao mar
ou porque apenas o mar e o cais
que se bastam em carinhos
me ensinam que o caminho é sair
do cais como derradeira estação
e ir de encontro do mar e do amar
quando então encontrarei uma outra sinfonia
feita da paz de quem não procura cais
porque o mar e o amar são revoltos
e cheio de fúrias e ondas de calmaria
mas que não destroem e se constroem?
E do cais desço a praia e vou lentamente
entrando no mar revolto,
oceano de minhas emoções,
e no fundo dele o silêncio de descobrir
que a sinfonia continua a tocar
e que estou a amar o mar
e que o mar trará nas suas ondas
o amor que quero tanto amar.
 
***********
 
Sinfonia do Mar
Maria Thereza Neves
 
 
Navego com a sinfonia do mar
nas escalas que beijam a orla
indefinidas ,calmas ou aflitas
nos ventos que açoitam o percurso das gaivotas
nos solfejos , acordes que quebram em ondas
que fundem o azul  e o verde.

Vago no olhar que se perde no infinito 
que absorve pensamentos
transpõe espaços e momentos
quando o silêncio inunda  a alma
nas velas trêmulas que sussurram canções
carícias com sopros de maresias.

Mergulho na contradição , em tantas fusões
no resíduos das pedras, nas algas e corais
no avesso, na candura e na aventura dos versos
na pauta das notas, nas teclas do meu piano
espelhando,espalhando  os reflexos do sol ,do luar 
nos  instantes de tormentos
que se acalmam  no crepúsculo
ao cavalgar com as luzes das estrelas
a orquestra em sinfonias
na sintonia em eterno movimento.
*******
 
Agosto de 2006
Edição TTNeves -Arte Rivkah
 
 

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